Ariranha: esta espécie nativa quase extinta está de volta ao Amazonas


Você já ouviu falar em ariranha? Esse animal, que não é parente da aranha, também é conhecido como onça-d’água, lontra-gigante e lobo-do-rio.

A ariranha (Pteronura brasiliensis), que é o maior mamífero semiaquático da América do Sul, é característico do Pantanal e da bacia do Rio Amazonas. A origem do nome ariranha é tupi-guarani e significa “onça d’água”.

A boa notícia sobre as ariranhas, divulgada pela BBC, é que elas estão de volta aos rios da Amazônia, após serem quase extintas pela caça comercial. Os índices de recuperação da espécie foram divulgados pela revista científica Plos One.

Uma pesquisa liderada pela bióloga Natália Pimenta analisou sinais da presença de ariranhas na bacia do rio Içana, no Amazonas, local onde ela havia sido considerada extinta.

A espécie está na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação como ameaçada de extinção. Desde os anos 1940, as ariranhas haviam desaparecido da região por causa do mercado de peles amazônicas.

Graças ao alerta do povo indígena baniwa sobre o retorno das ariranhas à Terra Indígena Alto Rio Negro, o estudo no rio Içana começou a ser feito. Os moradores perceberam os sinais do animal há cerca de dez anos, ao encontrarem carcaças de peixes com mordidas de um bicho não identificado. Foi a sabedoria dos mais velhos que reconheceu a ñeewi (ariranha, em língua baniwa).

Na pesquisa de Natália, estima-se que cerca de 23 milhões de animais foram caçados na Amazônia para o comércio de peles, entre os anos de 1904 e 1969.

A espécie que mais sofreu com a caça foi a ariranha, cujo couro foi vendido para a Europa e os Estados Unidos para serem confeccionados casacos, chapéus e echarpes.

Somente em 1975, o Brasil passou a integrar uma convenção internacional que proibia o comércio de espécies ameaçadas. Outro fator que contribuiu para o retorno das ariranhas foi a demarcação das terras indígenas, a partir da década de 1990.

A cadeia de recuperação da espécie no Brasil chegou a Bolívia, Colômbia e Guianas, onde as ariranhas também já foram vistas. No passado, as ariranhas também eram encontradas da Venezuela à Argentina. Foi a caça predatória que fez com que elas ficassem restritas ao Pantanal e às cabeceiras de alguns rios da Amazônia.

Preservar os povos indígenas e sua cultura é uma forma de preservar, também, a natureza. A sabedoria e a vivência indígenas conhecem a natureza e ajuda para a sua conservação.

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Fonte foto




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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