Ouro de tolo não é tão tolo assim e pode valer muito mais


Uma pesquisa acaba de descobrir que o ouro de tolo realmente existe! E mais: seria ecologicamente correto.

Um estudo da Curtin University, em colaboração com a University of Western Australia e a China University of Geoscience, descobriu que pequenas quantidades de ouro podem ficar presas dentro da pirita, uma pedra semi preciosa conhecida como “ouro de tolo”, o que a tornaria ainda muito mais valiosa.

Publicada na revista Geology, a pesquisa fez uma análise da localização mineralógica do ouro preso na pirita em busca de métodos de extração para um ouro mais ecologicamente correto.

O pesquisador Denis Fougerouse, da Escola de Ciências da Terra e Planetárias de Curtin, disse que este novo tipo de ouro “invisível” só pode ser observado usando um instrumento científico chamado sonda atômica:

“Anteriormente, os extratores de ouro eram capazes de encontrar ouro na pirita como nanopartículas ou como uma liga de pirita-ouro, mas o que descobrimos é que o ouro também pode ser hospedado em defeitos de cristal em nanoescala, representando um novo tipo de ouro ‘invisível'”.

A equipe de pesquisadores explorou métodos de extração de ouro e possíveis formas de se obter o metal com menos impactos ao meio ambiente.

“Geralmente, o ouro é extraído usando técnicas de oxidação de pressão (semelhantes ao cozimento), mas esse processo consome muita energia. Queríamos buscar uma forma de extração mais ecológica”, explicou Fougerouse.

“Vimos um processo de extração chamado lixiviação seletiva, usando um fluido para dissolver seletivamente o ouro da pirita. Os deslocamentos não apenas prendem o ouro, mas também se comportam como vias de fluido que permitem que o ouro seja “lixiviado” sem afetar toda a pirita. ”

Mineração: uma das piores atividades para o meio ambiente

A mineração é uma atividade nociva ao meio ambiente e para a saúde de quem trabalha com o garimpo. Sem falar que a maioria dos trabalhadores desse ramo é explorada.

Como explica esse estudo sobre os impactos da mineração para o meio ambiente, a atividade requer:

  • volumes extraordinários de água
  • supressão de vegetação (desmatamento de mata ciliar)
  • exposição do solo a processos erosivos
  • mudanças na quantidade e na qualidade da água
  • poluição do ar (por suspensão de particulados na atmosfera)
  • poluição dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos (por resíduos de óleos, graxas e metais pesados altamente tóxicos)
  • perda de ecossistemas
  • assoreamento de rios, entre outros impactos

A extração do ouro é cruel ao ambiente, mas ouro ético será que existe?

Preocupados com o consumidor consciente que não está mais a fim de ostentar riqueza com sangue e destruição ambiental, eis que surge o termo “ouro ético” ou “ouro ecológico”, que seria uma mineração fairtrade com redução de impacto ambiental e respeito aos garimpeiros. Na prática, embora existam formas de amenizar danos e respeitar trabalhadores, estamos falando de uma atividade altamente lucrativa em uma terra onde deus é o dinheiro.

Todo o cuidado é pouco e por isso, a extração de ouro da pirita pode ser uma boa notícia porque ouro, e outros minérios, são usados não apenas para enfeitas orelhas, dedos e pescoços. O ouro tem importantes e diferentes usos e aplicações, como na medicina, na odontologia, na arte, no artesanato na gastronomia, na indústria eletrônica, entre outros ramos.

A mineração como um todo é empregada em todas as áreas da nossa vida, começando pela fabricação de aparelhos eletrônicos, dos quais ninguém mais vive sem, mas também na construção civil e em tanto outros bens industriais.

Esperamos que essa nova descoberta traga profundas alterações em toda a cadeia produtiva do ouro, e que a mineração, em geral, possa ser uma atividade menos impactante ao meio ambiente.

É preciso vontade política além de consumo consciente.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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