Violência e suicídio entre indígenas: desespero e rejeição social


O número de índios assassinados no Brasil voltou a crescer no ano passado. Também o número de jovens índios que se suicidaram é bem maior do que o ocorrente em outros grupos étnicos.

São estes os dados do relatório “Violência Contra os Povos Indígenas – dados de 2014“, divulgado na ultima sexta feira, 19, onde se vê um novo aumento dos casos de violência sofridos pelos indígenas brasileiros. Segundo este, 70 indígenas foram vítimas de homicídios no Brasil.

O CIMI, que é vinculado à CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – recolhe dados de suas próprias equipes espalhadas pelo país, assim como das notícias na imprensa e afirma que os dados oficiais, cedidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde podem estar defasados. O relatório aponta 138 óbitos por agressão e, os números vêm em aumento já que, em 2012 foram 60, em 2013, 53. Mas o CIMI acredita que também esses números possam ser maiores ainda dada a dificuldade de recolha de todas as informações.

Tentativas de assassinato foram 31 casos em vários estados do Brasil. Homicídios culposos foram 20, ameaças de morte, 29. Ainda há dados sobre ameaças várias, lesões corporais dolosas, abusos de poder, racismo e discriminação, violência sexual e violência por omissão do poder público, onde entram os suicídios, desassistência de saúde, mortalidade infantil, etc. No final do relatório há tabelas-resumo de todos os dados compilados, para uma visualização mais clara desta trágica situação.

Os números são tão grandes, no Brasil e em outras partes do mundo, que motivaram a entrega de uma denúncia à ONU durante os trabalhos do Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas. As causas prováveis são a perda do contato com a terra, com a natureza, as violência sofridas quando são obrigados a sair de seu habitat e mudarem-se para reservas indígenas assim como, o racismo e a rejeição social.

O relatório da UNICEF, “Suicídio adolescente entre povos indígenas“, mostra que o suicídio de jovens indígenas lidera as taxas entre os diferentes grupos populacionais latino-americanos. Os maiores índices são registrados entre os jovens de 15 e 24 anos de idade. O estudo, publicado em 2014, analisou o suicídio entre os indígenas da Colômbia, Peru e Brasil, especialmente entre as tribos Embera, Awajún e Guarani, respectivamente.

A TV ONU produziu um documentário abordando o drama dos jovens indígenas brasileiros, que você pode ver abaixo no vídeo.

Mas, o dado mais chocante do relatório, segundo o CIMI, diz respeito à mortalidade infantil. Em 2014 morreram 785 crianças de até 5 anos – número superior a 2013, quando foram registrados 693 casos em todo o país. E é entre a etnia xavante, de Mato Grosso que esta taxa é mais alta atingindo 141,64 a cada grupo de mil pessoas.

“É fácil constatar que a violência contra os índios aumentou e muito. A gente nunca sabe se a maior violência é a morte brutal ou se é o outro tipo de violência que registramos todos os anos, as violências contra o patrimônio histórico, o racismo, a morosidade do Poder Público em demarcar terras indígenas e cumprir o que estabelece a lei”, disse a antropóloga Lúcia Helena Rangel, coordenadora da pesquisa.

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Fonte foto: Google Images




Redação greenMe

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