Por que as pessoas dão pouca atenção à ventilação no combate ao coronavírus?


Dentre os vários protocolos de segurança no combate ao coronavírus que estão sendo descumpridos pela população, como distanciamento social e uso de máscaras, a ventilação também é uma arma poderosa contra o vírus, mas muito negligenciada, inclusive por médicos e profissionais de saúde.

Enquanto bares e restaurantes mantém o funcionamento em áreas ao ar livre, tentando seguir o protocolo mínimo de segurança, embora o risco ainda seja altíssimo, é cada vez mais comum que verificar que consultórios médicos, odontológicos, laboratórios, estética e por aí vai, não desligaram seus ares condicionados, não abriram as janelas, não promovem a ventilação, protocolo de segurança muito eficaz para promover a circulação do ar, impedindo que o vírus, em forma de aerossol, fique suspenso no ambiente contaminando as pessoas.

Ventilador x ar-condicionado

O ar-condicionado usado no carro ou no ambiente familiar, no seu quarto, dentro do seu domicílio é uma situação de pouco risco se não houver nenhum membro contaminado.

Mas já no ambiente coletivo, em ambientes fechados, onde há pouca ou nenhuma circulação de ar, com presença de outras pessoas que podem estar infectadas, o uso de ar-condicionado é altamente perigoso, e não recomendado.

Por isso, em locais onde o coronavírus pode estar em circulação através de pessoas infectadas, é essencial deixar portas e janelas abertas, e o uso do ar não é aconselhável.

De preferência, coloque perto de uma janela um ventilador que sopre o ar de dentro para fora, isso aumenta a circulação e a renovação do ar.

Em caso de calor excessivo, podem ser usados climatizadores ou usar o ar-condicionado com frestas abertas ou ainda o ar-condicionado associado a ventiladores e janelas abertas.

De qualquer forma os aparelhos devem ser limpos regularmente, com trocas de filtros e se possível, aplicação de produtos sanitários que eliminem vírus e bactérias e nunca devem ser usados no modo de recirculação de ar.

Portanto, embora também não seja totalmente seguro, é mais aconselhável usar o ventilador no lugar do ar-condicionado.

Segundo Shaun Fitzgerald, professor de Engenharia da Universidade de Cambridge, abrir as janelas e deixar o ar circular, de fato, faz diferença e é uma arma poderosa contra o coronavírus.

Isso porque, também no caso de ventiladores, dependendo da forma como for usado, pode somente formar uma corrente de ar que irá carregar o vírus direto para o rosto de outras pessoas.

Assim, mais que ventiladores, o importante é haver troca de ar, de forma que ele seja renovado e não permaneça dentro da sala onde muitas pessoas estejam juntas.

Numa reportagem da BBC, Lidia Morawaska, consultora da OMS – Organização Mundial da Saúde sobre qualidade do ar afirmou que

“Não ter ventilação significa a não retirada de partículas infectadas de ambientes internos. O ar pode ser condicionado — o que significa ser esfriado ou aquecido —, mas uma ventilação eficiente precisa ser garantida”.

Grande risco no Brasil

No Brasil, é mais comum os usos de aparelhos de ar-condicionado mais simples, do tipo minisplit, os quais não apenas usam da recirculação do ar, quando o “mesmo” ar de um ambiente é usado várias vezes, e estando contaminado com o coronavírus vai ser facilmente espalhado no ambiente.

Então, além da falta de circulação e renovação do ar, também é bom verificar o tipo de ar-condicionado utilizado no ambiente, bem como se o modo de recirculação de ar está sendo usado, o que aumenta o risco de contaminação.

Na dúvida, melhor pedir para abrirem as janelas e portas.

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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