Medicina Funcional – O que é, prós, contras e o que diz a Ciência?


Eis um tema bastante atual e polêmico que tem dividido pacientes, médicos e especialistas, principalmente da área de nutrição, uma vez que vai um pouco na contra-mão da medicina convencional e, segundo algumas pesquisas afirmam, não há comprovação científica sobre o assunto.

Para entender mais sobre o tema, partimos do pressuposto de que todos nós, seres humanos, gostamos de ser tratados de maneira única e diferenciada. Quando temos um problema de saúde, seja físico ou psicológico, queremos ser vistos, notados e “escaneados” de maneira que se possa descobrir não só o problema, mas sim a causa dele. E é isso que a medicina funcional promete: descobrir a origem do problema de cada paciente, seja ela física, emocional ou nutricional.

O grande problema é que muitos profissionais da área da saúde convencional ou tradicional, discriminam a medicina funcional, acusando de “charlatanismo” essa nova modalidade. Isso porque o número de “profissionais” dessa prática que não possuem diploma na área médica, tem crescido bastante. Por isso é preciso ficar atento às definições e ao currículo médico de cada um.

A medicina funcional é considerada uma medicina alternativa, assim como a medicina chinesa e ayurvédica, que fogem dos padrões tradicionais da medicina. O foco da medicina tradicional é o tratamento da doença já instalada, através de medicamentos, bem como o desenvolvimento desses medicamentos com base em estudos e comprovações científicas “reconhecidas”.

Por ser um assunto recente, principalmente no Brasil, o grande problema é a confusão feita com relação à definição da Medicina Funcional, justamente pelo fato de ser considerada uma “alternativa” ao tratamento convencional. Por isso, buscamos algumas informações, analisamos as opiniões e tentaremos registrar aqui a nossa opinião sobre esse assunto tão polêmico, mas que merece sua devida atenção pelo fato de gerar uma certa esperança para tratamentos que não demonstram solução aparente ou que desencadeiam novos problemas de saúde.

Ficou confuso?! Pois então vamos desmistificar juntos o que é a Medicina Funcional, quais os prós, contras e o que diz a Ciência!

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O que é Medicina Funcional?

A Medicina Funcional foi desenvolvida pelo bioquímico Jeffrey Blant, no início dos anos 90 nos EUA e o conceito proposto por ele é que, ao contrário da medicina convencional, a medicina funcional não avalia apenas sintomas isolados para diagnosticar e tratar os doentes, mas sim investiga as causas desses sintomas.

A medicina funcional leva em consideração o ambiente no qual o doente está inserido, bem como os processos biológicos que estão afetando os sistemas gastrointestinal, imunológico e endócrino. Por isso, um dos objetivos dos médicos funcionais é ouvir os pacientes, investigar os históricos das variáveis genéticas e ambientais, onde até mesmo o estilo de vida deles pode interferir nos problemas de saúde apresentados.

Para os médicos funcionais, cada caso é um caso, onde por exemplo, enquanto um pode ter fadiga por conta de problemas nas glândulas suprarrenais, outro pode ter fadiga devido à alguma doença autoimune ou infecção que não foi identificada. Por conta disso, os médicos funcionais criam planos de tratamentos individuais de acordo com o histórico de cada paciente.

Essas informações são disseminadas nos sites de alguns médicos, como por exemplo a Dra. Marcella Uliana, que dá exemplos de como essas práticas podem ser eficazes e também porque é uma alternativa mais interessante do que a medicina convencional. Em sua própria página, a Dra. Marcella explica o conceito de medicina funcional e também conta o porquê decidiu seguir esse caminho dentro da medicina.

Como médica, ela mesma tinha problemas de saúde dos quais não conseguia se curar e, ao começar a praticar yoga e aprender mais sobre alimentos integrais e terapias naturais, passou a aplicá-las em sua própria vida e, segundo ela, os resultados fizeram com que ela sentisse necessidade de aprender mais sobre o que o seu corpo queria dizer com determinadas doenças que apareciam.

É justamente essa a proposta da medicina funcional: entender o que o nosso corpo está querendo nos dizer quando temos uma doença. É por isso também que alguns especialistas a definem como uma medicina mais humana e menos intervencionista, focada na saúde e não na doença.

Diz-se que a medicina funcional é uma extensão da medicina ortomolecular, porém seu conceito não se restringe apenas tratar com alimentos e vitaminas, pois tem como objetivo focar no funcionamento normal do organismo, tornando-o mais resistente e menos suscetível a desequilíbrios.

Dentre os sistemas do nosso corpo, o foco da medicina funcional é o sistema imunológico, devido à necessidade de intervir contra problemas como o câncer e as doenças autoimunes que derivam do mau funcionamento desse. Porém também existe uma preocupação da medicina funcional com relação aos sistemas digestivos e cardiovascular, pois são os que apresentam maior índice de mortalidade.

O conceito de doença para a medicina funcional é diferente, pois a doença é vista como uma mensagem do nosso corpo dizendo que algo não vai bem em nosso estilo de vida e precisa ser alterado. Ao eliminarmos hábitos e comportamentos nocivos, mesmo que inconsciente, nossa saúde melhora e os sintomas das tais doenças, diminuem ou desaparecem por completo.

Para isso, a medicina funcional utiliza conceitos de outras medicinas complementares, como por exemplo a fitoterapia e a acupuntura, em conjunto também com conhecimentos da medicina convencional como: genética, imunologia, nutrição, toxicologia ambiental, ecologia, clínica médica, psicologia, entre outras.

Por isso, alguns especialistas da área de medicina funcional, costumam denominá-la não só como medicina funcional, mas sim como medicina funcional integrativa ou medicina integrativa e até mesmo como saúde integrativa, pois engloba diversos conceitos e especialidades que ajudarão a identificar as mensagens que o corpo está emitindo, bem como a prescrever o tratamento que melhor se adequa a cada um.

Prós e contras

Como vimos, se tudo o que a medicina funcional propõe funciona mesmo, seremos muito beneficiados com tratamentos personalizados, exclusivos e eficazes, desde que nós consigamos cumprir com a nossa parte que é seguir as prescrições médicas e mudar o nosso estilo de vida. Isso inclui até mesmo uma mudança de trabalho, se for essa a causa do mal estar físico e/ou psicológico.

Além disso, poder tratar dos problemas de saúde com os alimentos corretos para cada indivíduo, me parece ser uma excelente alternativa a ter que ingerir diversos remédios sendo, um para tratar uma doença, outro para amenizar os efeitos colaterais causados pelo primeiro e por aí vai. Isso acabaria com a “alimentação” da indústria farmacêutica e evitaria sermos cobaias para laboratórios e experimentos médicos sem saber e sem resultado.

Mas como nem tudo são flores, até mesmo uma medicina que se diz capaz de avaliar e tratar o indivíduo como um todo pode ser uma ameaça à saúde e isso se dá por dois motivos:

  1. CharlatanismoAssim como em qualquer profissão, existem profissionais incapacitados que tiram proveito da ignorância de algumas pessoas e, além de cobrarem valores exorbitantes nos tratamentos e consultas, colocam a vida dessas pessoas em risco, fazendo “lavagens cerebrais” nelas e aproveitando-se de momentos de fraqueza e desespero.
  2. Ausência de embasamento científicoSegundo a maioria das pesquisas, não existem comprovações científicas de que a medicina funcional é realmente eficiente, uma vez que ela é considerada uma simples modalidade de medicina alternativa e complementar. Existem ainda muitos médicos convencionais que abominam essas práticas e publicam artigos severos detonando os adeptos da medicina funcional e/ou integrativa.

O que diz a Ciência?

O mais curioso é que os mesmos pesquisadores que criticam duramente as práticas de medicinas alternativas e incluem a medicina funcional no meio dessas, reconhecem que em muitas escolas de medicina dos EUA, por exemplo, a disciplina medicina alternativa é incluída em algumas grades curriculares dos cursos de medicina convencional, justamente porque muitos médicos convencionais já estão adotando algumas práticas complementares e alternativas em seus consultórios e clínicas.

Aqui no Brasil por exemplo, muitos médicos, principalmente nutrólogos e nutricionistas, se especializaram em medicina funcional e integrativa pois perceberam a necessidade de uma abordagem mais humana no tratamento não só dos seus pacientes, como em si próprios. Como foi o caso da Dra Marcella citada no início deste artigo e também da Dra. Thaisa Albanesi formada em medicina em Jundiaí e especializada em medicina funcional e metabolismo nos EUA.

Da mesma forma que essas duas médicas, outros médicos de especialidades distintas estão se abrindo para este conceito que na realidade engloba não só as medicinas alternativas, como também os conceitos confiáveis e tradicionais da medicina convencional.

Outro médico bastante conhecido, mas que tornou-se polêmico pelas suas práticas e pelo que defende como médico, contradizendo muito do que aprendeu em sua própria vida acadêmica é o Dr. Lair Ribeiro que, apesar de ser cardiologista e nutrólogo renomado, é bastante criticado por defender práticas de medicinas alternativas como forma de tratamento para os que o procuram.

Conclusão

Pois bem… Há muito o que se estudar, pois se até a própria medicina convencional vive pesquisando e estudando para saber como lidar com as novas doenças que surgem, que dirá as opiniões sobre as modalidades de tratamentos existentes para o nosso “cardápio” médico?!

Cabe a nós analisar o que é melhor para a nossa vida afinal, todos nós sabemos o que é certo e o que errado e o que faz ou não para o nosso corpo, não é verdade?! Nós é que somos negligentes conosco e acumulamos vícios e toxinas a vida inteira para depois querer jogar a culpa na medicina, seja ela convencional ou não.

Se pararmos para pensar, a medicina funcional já acontece em nossas vidas a partir do momento que entendemos e colocamos em prática dois ditados famosos que talvez você já deve ter ouvido em algum lugar:

“Você é o que você come.”

Humberto Queiroz

“Que seu remédio seja o alimento, e que seu alimento seja o seu remédio.”

Hipócrates

Portanto cuide da sua saúde para não precisar de médico, mas se precisar, procure o mais coerente com o que você pensa e acredita. Não fique com uma opinião apenas, mas se possível busque 3 ou mais, pois pelo menos duas delas provavelmente irão coincidir. Abra sua mente para novos conceitos e mudanças, pois elas tendem a fazer com que você se ouça, se sinta e busque o que seu corpo está precisando. Saúde!




Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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