Hirsutismo feminino: causas, sintomas e tratamentos naturais


Talvez você nunca tenha ouvido falar nesse nome, mas com certeza já viu alguém com este problema ou talvez você mesmo sofra com esse distúrbio. O corpo humano possui uma camada fina de pêlos, porém em algumas partes do corpo eles são mais grossos e variam conforme a produção de testosterona, tanto em homens quanto em mulheres. Isso ocorre naturalmente, desde quando estávamos no útero materno, onde os pêlos inicialmente são finos, macios e sem cor (lanugos) e, após o sétimo e oitavo mês de gestação são substituídos por outra camada de pêlos também finos e macios, porém com um pouco mais de cor (velus).

Em algumas áreas do corpo esses pêlos fininhos são trocados por pêlos terminais mais grossos e um pouco maiores que dependem ou não dos hormônios androgênicos, como a testosterona citada anteriormente. Os pêlos dos cílios e das sobrancelhas por exemplo, não dependem dos hormônios androgênicos.

Quando entramos na puberdade, em que ocorre uma revolução dos hormônios, além da transformação do corpo, ocorre o aumento de pêlos terminais em regiões como rosto, mamilos, tórax, nádegas, abaixo do umbigo e interior das coxas. Isso é normal em homens, mas pode ocorrer também em mulheres e quando acontece, dá-se o nome de Hirsutismo.

O que é hirsutismo?

Uma definição mais clara de hirsutismo é o crescimento de pêlos grossos e escuros em grande quantidade nas mulheres, mas que são normais em homens: barba, buço (bigode), mamilos, abaixo do umbigo, nádegas, etc. Quando essa disfunção é muito descontrolada, pode mexer com a autoestima, principalmente das adolescentes e desencadear problemas psicológicos de aceitação, depressão e transtornos emocionais.

Existem casos ainda em que o crescimento de pêlos indevidos ocorre em mulheres que não tem problemas hormonais e que estão com o ciclo menstrual e fertilidade regulados. É o chamado hirsutismo idiopático que significa que o aparecimento de pêlos anormais ocorre por algum fator genético, hereditário, ou então em mulheres que vivem em países banhados pelo mar Mediterrâneo e nas de descendências portuguesa e árabe, por exemplo.

Causas

Uma das principais causas do hirsutismo é a Síndrome dos Ovários Policísticos que são pequenos cistos nos ovários (bolsas com materiais líquidos ou semissólidos) que em grande quantidade e dependendo do tamanho caracterizam ou não a síndrome.

Além disso, o hirsutismo também pode ser causado por:

  • Síndrome de Cushing – níveis elevados de cortisol produzidos pelas glândulas adrenais ou supra-renais, uso de hormônios sintéticos, ou enfermidades nas glândulas e na hipófise;
  • Hiperplasia Adrenal Congênita – produção insuficiente dos hormônios cortisol e aldosterona pelas glândulas adrenais (supra-renais), fabricando hormônios androgênicos em excesso;
  • Tumores produtores de hormônios androgênicos nos ovários e nas glândulas suprarrenais;
  • Medicamentos para tratamentos de endometriose, doenças da tireoide, depressão, calvície, artrite reumatóide e esteróides anabolizantes;
  • Obesidade e sobrepeso;
  • Menopausa.

Em alguns casos, além do crescimento dos pêlos indevidos nas mulheres em decorrência do aumento de testosterona, pode ocorrer o crescimento de massa muscular, alopécia (queda de cabelo no topo da cabeça), acne, infertilidade, voz grossa, crescimento do clítoris, diminuição dos seios e distúrbios menstruais.

O diagnóstico para confirmar o problema é feito através de uma análise do histórico da paciente, inclusive familiar e de exames de sangue para verificar índices glicêmicos, perfil androgênico, disfunções na tireoide e nas glândulas adrenais.

Nos caso de cistos nos ovários ou tumores nas glândulas, são solicitados exames de imagem como ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética.

Tratamentos

hirsutismo feminino 2

Após o diagnóstico, o tratamento pode variar de acordo com a causa do hirsutismo. Se a causa for hormonal, o tratamento é feito com medicamentos, senão, apenas a remoção dos pêlos pela raiz pode ajudar a minimizar o problema.

Outra recomendação importante é a perda de peso, pois o tecido adiposo também é responsável por sintetizar os hormônios e aumenta a resistência à insulina.

Quando há a necessidade de se tratar com medicamentos, a mulher é orientada de que o processo começa a fazer efeito em no mínimo 6 meses, por isso se ela pretende engravidar, será melhor adiar o tratamento para o período pós gravidez.

Dentre os medicamentos utilizados no tratamento, os mais utilizados são:

  • Contraceptivos orais – Os anticoncepcionais são utilizados normalmente como a primeira opção para diminuir os hormônios androgênicos;
  • Antiandrogênicos – A espironolactona (principal antiandrogênico) inibe a captação dos hormônios androgênicos por seus receptores e deve ser utilizada com os contraceptivos orais. Estes não são recomendados para quem tem insuficiência renal aguda, no período de amamentação ou durante a gravidez;
  • Glucocorticóides – Indicados nos tratamentos do hirsutismo causado por distúrbios nas glândulas suprarrenais;
  • Metformina – Indicada nos casos de mulheres com ovários policísticos, protagonista do plano alimentar e exercícios personalizados que reduzem a resistência à insulina associada ao aumento na produção de hormônios pelos ovários;
  • Cloridrato de eflornitina – Este é um creme de uso secundário que inibem o crescimento de novos pêlos no rosto.
  • Nos casos de hirsutismo idiopático, o tratamento é feito com procedimentos estéticos ou medicamentos manipulados. Dentre os procedimentos estéticos, podemos citar:
  • Barbear – Embora pareça estranho para mulheres adotarem essa prática, este é um procedimento eficaz e seguro, porém deve ser realizado com uma frequência diária;
  • Depilação ou clareamento – No caso da depilação pode ser com cera ou creme depilatório. O clareamento é feito com uma mistura de água oxigenada, pó descolorante e mais algum tipo de creme ou óleo para não irritar a pele. Tanto a depilação quanto o clareamento devem ser feitos após o teste em uma pequena parte da pele para checar se não haverá reação;
  • Eletrólise – Trata-se de um instrumento com uma agulha fina que penetra nos poros com o intuito de destruir a raiz dos pêlos. Este é um procedimento caro e doloroso, porém eficaz para a redução gradativa dos pêlos indesejáveis;
  • Depilação à laser – Por ser efetuado através de luz pulsada que destrói o pêlo devido à sua pigmentação escura, pode ser necessário repetir as sessões até que os pêlos parem de nascer permanentemente. É também outro tratamento caro e necessita de manutenção de seis a doze meses para remoção dos pêlos finos que nascem novamente.

Tratamentos naturais

Uma boa notícia é que o hirsutismo pode ser tratado com produtos naturais! Como este problema não causa danos graves ao organismo, apenas estéticos, fica à critério da mulher se vai tratar ou não e qual o tratamento vai escolher.

Claro que se o aumento de pêlos ocorrer em decorrência de síndromes, disfunções hormonais, tumores, medicamentos, obesidade ou menopausa, o tratamento natural não resolverá o problema e a indicação principal é a de procurar um médico profissional para diagnosticar o tipo e a causa do hirsutismo.

O tratamento natural é mais indicado para os casos de hirsutismo idiopático que está relacionado à raça, etnia ou hereditariedade. Um estudo feito por turcos aponta o chá de hortelã como uma terapia eficaz para diminuir a produção de hormônio masculino nas mulheres e, consequentemente, diminuir os pêlos terminais indevidos.

Outra pesquisa aponta que a utilização de óleos essenciais de melaleuca (tea tree) e lavanda aplicados na pele continuamente, ajuda a reduzir os pêlos, mas ainda precisa de base científica para ser comprovada.

Devido à obesidade ser uma das causas do hirsutismo, um acompanhamento nutricional pode ajudar a controlar o peso e consequentemente a equilibrar a síntese hormonal e diminuir a produção de hormônios androgênicos. Para isso, vejamos algumas dicas:

  • Consumir alimentos antioxidantes como frutas (mirtilo, cereja e tomate) e verduras (abóbora e pimentão);
  • Evitar alimentos refinados (pão branco, massas e açúcar);
  • Comer menos carnes vermelhas (prefira carnes magras, frango ou peixe no caso de não-veganos/não-vegetarianos, soja se não tiver alergia ou intolerância, feijões e proteínas);
  • Utilizar óleos saudáveis (azeite de oliva ou óleo vegetal);
  • Eliminar gorduras trans (presentes nos biscoitos, frituras, alimentos processados e algumas margarinas);
  • Evitar o álcool e o cigarro;
  • Beber de 6 a 8 copos de água por dia;
  • Praticar exercícios físicos por 30 minutos pelo menos 5 vezes na semana.

Essa mesma pesquisa indica ainda algumas ervas que são aliadas ao tratamento de hirsutismo porém, como envolvem a manutenção dos hormônios, recomenda-se que sejam utilizadas desde que o médico seja consultado antes e autorize o tratamento alternativo.

Outra contra-indicação é para mulheres grávidas ou em período de amamentação, bem como mulheres que queiram engravidar ou que tenham histórico de câncer de mama, ovário, útero e com outras complicações hormonais.

Estando liberadas para o tratamento alternativo, vale a pena conhecer um pouco mais das seguintes ervas:

  • Saw Palmetto (Serenoa repens) – Segundo as pesquisas, embora não tenha evidência científica de que realmente funciona, alguns estudos indicam que esta erva tem efeito anti-androgênico que reduz o nível de hormônio masculino. A contra-indicação é com relação ao fato de causar sangramentos, sendo recomendado que mulheres que façam uso de medicamentos anticoagulantes consultem o médico para saber se podem ou não tomar o chá desta planta.
  • Agno-casto (Vintex agnus castus) – Também é indicada por ter efeitos anti-androgênicos, mas suas contra-indicações são para mulheres que fazem uso de anticoncepcionais ou para pessoas que tomam remédios antipsicóticos como por exemplo, remédios para tratar Parkinson.
  • Acteia (Actaea racemosa) – Embora tenha efeitos anti-androgênicos, devem ser evitadas por pessoas com doenças hepáticas (no fígado) e com problemas de coagulação devido ao risco de aumentarem os coágulos no sangue.
  • Chá de hortelã (Mentha spicata) – Confirmando o estudo feito pelos turcos, o chá de hortelã é um grande aliado no controle dos hormônios androgênicos. Recomenda-se a ingestão de 1 a 2 xícaras por dia. Além de diminuir os níveis de testosterona nas mulheres, ajuda a tratar os casos de ovários policísticos.
  • Alfazema, lavanda e melaleuca (tea tree) – Aqui se confirma a outra pesquisa que indicou a utilização dos óleos essenciais no tratamento de hirsutismo leve.

Todas essas ervas indicadas acima podem ser encontradas em forma de extratos secos (cápsulas, pó e chás), glicólicos (extratos de glicerina) ou tinturas (extratos de álcool). Sendo utilizadas mais frequentemente em forma de chá da erva natural em uma proporção de uma colher de chá para uma xícara de água quente. Flores e folhas devem ser fervidas de 5 a 10 minutos e as raízes de 10 a 20 minutos.

Essas ervas foram pesquisadas originalmente pelo Centro Médico da Universidade de Maryland (UMMC), mas eles também afirmam que não há evidências científicas que comprovam a eficácia delas.

Por fim, um outro tratamento alternativo para o tratamento do hirsutismo é a Acupuntura indicada por afirmar que mulheres que fizeram esse tratamento tiveram a diminuição tanto da quantidade quanto do tamanho dos pêlos. Mesmo assim não há comprovação científica sobre a eficácia deste método para este fim.

Conclusão

Estas foram algumas informações com base nas diversas pesquisas citadas, porém é necessário verificar a veracidade delas e a melhor fonte para isso é o seu médico de confiança.

Mulheres que sofrem com excesso de pêlos masculinos, podem recorrer ao tratamento que melhor se adequa a elas. Só não vale ficar sofrendo ou se escondendo por causa da aparência devido à falta de informação.

Se algo nos incomoda, podemos estudar, pesquisar e tomar uma atitude que realmente nos fará bem!




Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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