Em Cuiabá, adolescentes desfilam na passarela para serem adotados


Existem muitas crianças e jovens precisando de adoção, isto é fato! Neste contexto, a Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), juntamente com a Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e outras entidades do estado promoveram a “Adoção na Passarela“, um desfile com adolescentes.

O evento teve o objetivo de divulgar 18 jovens adolescentes que estão para a adoção e que para isso desfilaram em uma passarela em um shopping de Cuiabá (MT), na noite de terça-feira, 21, com a participação na platéia de cerca de 200 pessoas, muitas delas presentes no evento como potenciais adotantes.

Lojas de roupas e calçados contribuíram com a organização do evento doando o vestuário para os adolescentes desfilarem.

A presidente da Comissão de Infância e Juventude (CIJ) CIJ, Tatiane de Barros Ramalho, divulgou que este evento seria uma das atividades feitas em ocasião da Semana da Adoção, que contaria também com palestras, seminários e ações recreativas.

“Trata-se de uma noite para os pretendentes a adotar poderem conhecer as crianças e os adolescentes. A população em geral poderá ter mais informações sobre adoção e os menores em si terão um dia diferenciado, em que irão se produzir, fazer cabelo, maquiagem e usar roupa para o desfile, disse Tatiana à BBC News Brasil.”

Polêmica, Críticas e Revolta nas Redes Sociais

Este evento foi fervorosamente criticado nas mídias sociais.

“As crianças na passarela, para pretendentes ver o quão bonitas, simpáticas e desenvoltas são, parece-me uma antiga feira de escravo, onde os senhores viam os dentes e o corpo dos africanos para negociar o lance. Não acho legal, aliás, acho péssimo”, criticou o advogado mato-grossense Eduardo Mahon.

A ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) em sua página Facebook lamentou sobre esse evento, dizendo:

A defesa dos Organizadores do Desfile

As entidades que promoveram o evento se defenderam alegando que nenhum adolescente foi obrigado a participar do evento e, ainda em nota, fizeram o seguinte esclarecimento:

Todos eles expressaram alegria com a possibilidade de participar de um momento como esse. A ação deu à eles a oportunidade de, em um mundo que os trata como se invisíveis fossem, integrar uma convivência social.”

Sociedade marqueteira e consumista

Realmente, um acontecimento bem polêmico que reproduz e reflete como nossa sociedade se comporta pois, tendo como base as redes sociais e outros meios de comunicação, vemos que para se alcançar projeção e visibilidade as pessoas, entidades e empresas recorrem a exposição massiva e, isso tem influenciado também outras áreas, sejam filantrópicas, filosóficas, educacionais ou espiritualistas.

O marketing e o modus-operandi do mercado consumidor está regendo cada vez mais a nossa existência, projetando acontecimentos como esse desfile, que ainda que seja bem intencionado, é reflexo do condicionamento mercantilista que rege nossa sociedade.

O que vocês acham?

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Fonte foto




Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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