Obama se emociona em discurso sobre o decreto de nova lei de armas


A constância dos massacres provocados pelo uso de armas de fogo nos Estados Unidos levou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a assinar um decreto que regulamenta a revisão de antecedentes criminais para a venda de armas no país. Com o decreto, o governo espera diminuir os ataques por armas de fogo, que provocam, anualmente, 30 mil mortes, segundo as estatísticas oficiais.

Obama explicou, nessa segunda-feira (4), que o decreto tem quatro objetivos principais, sendo um deles um maior controle de antecedentes criminais para que se possa impedir a venda de armas a criminosos ou a pessoas com passagem pela polícia.

Outro objetivo é estabelecer que os estados federados aumentem o financiamento para o tratamento de doenças mentais e o registro delas no sistema de revisão de antecedentes criminais.

Além disso, com o decreto será ampliado o financiamento para tecnologia de segurança de armas, as chamadas smartguns (armas inteligentes).

Durante o anúncio do decreto, Obama pediu à população dos Estados Unidos que vote em candidatos comprometidos com a segurança armada e se emocionou ao lembrar de um ataque a uma escola de Connecticut, em 2012, que provocou a morte de 20 crianças.

Em seu discurso na Casa Branca, o presidente esteve cercado de familiares de vítimas de massacres provocados por armas de fogo e defendeu que o direito a portar uma arma deve ser equilibrado com o respeito à vida.

O decreto precisa, ainda, passar pelo Congresso estadunidense para alcançar uma revisão mais completa. Mesmo após o atentado em Connecticut, Obama não conseguiu aprovar no Congresso leis mais duras sobre a venda de armas nos EUA, devido à relação entre congressistas e o poderoso grupo lobista de armas National Rifle Association (NRA).

Cultura das armas

O anúncio de Obama foi recebido como um passo avante, ainda que modesto. Não bastam leis para mudar uma cultura de “amor às armas”.

A Constituição norte-americana há 226 anos garante a liberdade no uso de armas. Nos Estados Unidos, a liberdade está acima de tudo e isso seria muito lindo, só que como se vê…tem qualquer coisa que deu errado nesta concepção pois, a liberdade de um indivíduo deve ir até onde chega a liberdade de um outro indivíduo.

A responsabilidade individual é a solução que as leis não conseguem alcançar. Atrás da cultura das armas existe o instinto de fazer justiça com as próprias mãos. Além disso, acredita-se que a cultura das armas nos Estados Unidos não venha apenas dos filmes de bang-bang e da violência geral vinda de suas telas, como pensamos. Como assinala o la Repubblica, acredita-se que a raiz histórica do gosto norte-americano pelas armas venha da guerra da independência quando a América teve que contar com seus cidadãos comuns para combater o exército imperial britânico.

O evento histórico remoto, por suposto, não justifica o status atual onde o número de venda de armas aumentou de 754.000 em 2008 quando Obama fora eleito pela primeira vez, a 1,6 milhões em 2015. A batalha cultural é muito mais forte do que se pode imaginar, mas é preciso lutar ainda que o próprio Obama admita não ter a ilusão de poder resolver o problema durante o seu mandato.

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Fonte foto: clarin




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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