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Em 22 de julho de 2025, o mundo se despediu de uma das figuras mais icônicas da música contemporânea. Ozzy Osbourne, aos 76 anos, faleceu em casa, cercado pela família, após uma longa batalha contra o Parkinson. Poucos dias antes, em 5 de julho, ele subiu ao palco pela última vez em um emocionante show beneficente com os integrantes originais do Black Sabbath, em Birmingham, sua cidade natal. O evento, intitulado Back to the Beginning, teve toda a renda revertida para a fundação Cure Parkinson’s e hospitais infantis, marcando sua despedida dos palcos com um gesto de generosidade que refletia o amadurecimento e a sensibilidade de um artista que evoluiu muito ao longo da vida.
Embora tenha construído sua fama como o “Príncipe das Trevas”, Ozzy deixou um legado que vai além da música. Seu envolvimento com causas ligadas ao meio ambiente, à defesa dos animais e à empatia humana revela um lado mais profundo e ético de sua trajetória — valores que dialogam diretamente com os princípios que movem o greenMe.
Lançada em 2001 no álbum Down to Earth, a música Dreamer revela uma faceta pouco explorada de Ozzy Osbourne. Com versos que expressam o desejo por um mundo melhor para seus filhos e para as futuras gerações, a canção tornou-se um hino de reflexão ambiental. Em tom melancólico e esperançoso, ele canta sobre a destruição do planeta e clama por mudanças. A mensagem é clara: é preciso proteger a Terra antes que seja tarde. Essa visão, sensível e comprometida, conecta o artista a um ideal de mundo mais justo e sustentável, profundamente alinhado com os ideais ecológicos.
Em 2020, Ozzy se uniu à organização PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) em uma impactante campanha contra o declawing — a remoção das garras dos gatos, prática comum em alguns países e considerada cruel. Na campanha, Ozzy aparece com as pontas dos dedos ensanguentadas, uma imagem forte que ilustra o sofrimento ao qual os animais são submetidos. A ação teve grande repercussão e ajudou a ampliar o debate sobre esse tipo de mutilação.
Ozzy Osbourne propaganda Peta “na7o corte as unhas dos gatos”
Esse posicionamento contrastava com antigos episódios polêmicos de sua carreira — como o infame incidente em que mordeu a cabeça de um morcego em pleno palco, pensando ser um adereço. Com o tempo, Ozzy demonstrou arrependimento e se alinhou de forma consistente a causas de proteção e bem-estar animal, revelando um processo genuíno de transformação pessoal e ética.
Ozzy Osbourne era, acima de tudo, uma figura que transcendia fronteiras. Respeitado por fãs de todas as vertentes ideológicas, classes sociais e gerações, ele conquistou esse lugar singular por meio da autenticidade. Nascido em um bairro operário de Birmingham, superou uma infância difícil, vícios em álcool e drogas, internações, recaídas e, nos últimos anos, o agravamento do Parkinson — tudo isso sem perder a conexão com seu público. Em 2024, foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame como artista solo, consolidando um reconhecimento que já havia conquistado com o Black Sabbath em 2006.
Sua última apresentação foi a síntese desse legado: fragilizado, mas ainda vibrante, Ozzy cantou sentado em um trono adaptado, encerrando a carreira com dignidade, emoção e gratidão. Ao fim do show, disse ao público: “Vocês não têm ideia do que sinto. Obrigado do fundo do meu coração.”
Para os que atuam na defesa do meio ambiente, dos direitos dos animais e da justiça social, Ozzy Osbourne deixa uma herança rara no universo do rock. Sua capacidade de se reinventar, de reconhecer erros e de se posicionar com coragem diante de causas sensíveis transforma sua imagem em mais do que a de um ícone da música — ele se tornou também um símbolo de consciência.
Embora tenha sido eternizado como o “Príncipe das Trevas”, Ozzy demonstrou, por meio de ações concretas, que também carregava uma luz comprometida com a compaixão, a natureza e os seres vivos. Sua morte representa uma grande perda artística e cultural, mas seu impacto permanece como inspiração para todos que acreditam em um mundo mais ético, equilibrado e humano.
Rest in Power, Ozzy Osbourne <3
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Categorias: Arte e Cultura
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