Matinta Pereira: Conheça essa Lenda Amazônica no Dia das Bruxas


Aproveitando o clima do dia das bruxas, quem lembra da história da lenda folclórica da Matinta Pereira?

Uma velha bruxa que se transforma em pássaro, o “Rasga Mortalha”, e assombra as casas à noite fazendo um barulho alto e estridente.

De maneira geral, a Matinta Pereira (ou Matinta Perera) é descrita como uma velha bruxa que vira um pássaro de mau agouro durante a noite. A história possui muitas variações, mas provavelmente se originou de uma lenda indígena.

Em alguns casos, a Matinta não se transforma em pássaro, em outros, a lenda diz que uma velha que se transforma em coruja, representando a alma de algum antepassado.

A história da Matinta Pereira

A Matinta costuma aparecer durante a noite ou madrugada perturbando o sono das pessoas.

Geralmente, é uma velha bruxa que sai pelas ruas da vizinhança e, ao se transformar em um pássaro, pousa nos telhados e muros das casas e soltam um longo assobio muito alto e estridente, pois fazem questão de ser notadas.

Neste momento, se algum morador acordar com seu chamado, deve oferecer algo para Matinta, como tabaco ou bebida, mas também pode oferecer comidas, presentes ou algo desejado por ela. Feita a promessa, o pássaro continua voando para outras casas para fazer a mesma coisa.

No dia seguinte, transformada em velha bruxa, ela volta de casa em casa, em busca do que lhe foi prometido na noite anterior. Caso não seja feita a vontade da Matinta, ela amaldiçoa todos os moradores da casa com doenças, pragas ou até mesmo com mortes.

Dizem que a Matinta carrega uma maldição que pode ser passada para outras pessoas. Quando a velha bruxa já está para morrer, ela sai por aí perguntando “VOCÊ QUER?”. Se a resposta for “sim”, a pessoa carregará essa maldição, passando a ser Matinta.

Origem da lenda popular da Matinta Pereira

A lenda da Matinta Pereira é muito conhecida na região norte amazônica do Brasil, provavelmente surgiu de alguma lenda indígena.

De um ponto de vista antropológico, alguns consideram que a lenda da Matinta seja uma variante da lenda do Saci-pererê, sendo descrita como uma velha de uma perna só que sai assombrando pessoas.

Lendas que são passadas de geração em geração

Algumas pessoas chamam essas aparições de “visagem”. Quem é da região Norte do Brasil certamente conhece alguma história de visagens como a da Matinta Pereira e tantas outras do folclore brasileiro, lendas da imaginação cabocla e que são passadas de geração em geração. Além de assustar, as visagens refletem uma identidade cultural ancestral e milenar dos povos que habitaram a Amazônia.

Câmara Cascudo (1898-1986), antropólogo brasileiro e um dos maiores estudiosos do folclore do Brasil, explica sobre a metamorfose pela qual as lendas do país passam. Para o antropólogo, essa transformação é fruto da oralidade e das características locais:

“… no sul é Saci tapereré, no centro Caipora e no Norte Maty-taperê. O civilizado, que muitas vezes não entende a pronúncia do sertanejo, que é o mais perseguido por ele nas suas viagens, tem-lhe alterado o nome; já o fez Saci-pererê, Saperê, Sererê, Siriri, Matim-taperê, e até já lhe deu o nome português de Matinta Pereira, que mais tarde terá o sobrenome de da Silva ou da Mata“.

Tapera naevia, o canto da Maty Taperê

O canto estridente da Maty Taperê é associado ao do pássaro Tapera naevia, chamado popularmente de Saci ou Matinta Pereira.

O Saci – Tapera naevia -, também chamado Sem-Fim, tem o significado de mãe das almas (segundo relatos, chupa a alma dos defuntos). A superstição popular faz dessa ave uma espécie de pássaro agourante.

O pássaro faz parte da casta de pequena coruja que deve o nome ao grito que faz ouvir repetidamente durante a noite.

Contam que é a alma de um pajé que, não satisfeito em fazer mal neste mundo, se transmutou para coruja e, à noite, agoura os que lhe caem em desagrado.

O nome de Saci é espalhado do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O mito, porém, já não é o mesmo.

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Fonte foto: Wikipedia




Lara Meneguelli


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