10 milhões de Araucárias para recompor mata nativa e salvar a espécie da extinção


Um  programa da Universidade Federal do Paraná – UFPR, que vem sendo desenvolvido há mais de 10 anos e se chama “O Resgate da Árvore Símbolo do Paraná”, utiliza a técnica do enxerto de mudas de araucária em troncos ou toras de árvores que, de forma inédita, começaram a florescer em apenas dois anos, com capacidade de produzir frutos, os pinhões.

Os pesquisadores já haviam conseguido um grande feito com a técnica de enxerto das mudas em troncos, quando elas começaram a produzir numa média de 5 a 8 anos, mas agora, em apenas dois anos, foi realmente surpreendente.

Segundo o professor Flávio Zanette, que há 34 anos pesquisa sobre a Araucária e atua na pós-graduação em Produção Vegetal, ele justificou a precocidade sem precedentes da planta ao uso de enxerto correto (em troncos ao invés de galhos) e uma matriz produtiva de alta qualidade genética.

É a boa utilização da técnica com a natureza.

Em 2017, foi a primeira vez que o Grupo de Estudos para Valorização da Araucária da Universidade Federal do Paraná (Geva) comercializou mudas enxertadas de araucária. Isso quer dizer que as árvores, depois de adultas, serão com certeza produtoras de pinhão.

Atualmente a comercialização já é uma realidade e existem vários produtores rurais locais fazendo uso das mudas, inclusive em grande escala.

É um grande passo no processo de preservação da araucária. O programa espera plantar até 10 milhões de mudas no Paraná nos próximos anos, para ir recompondo a vegetação nativa.

Espécie em extinção

A araucária, ou pinheiro-do-paraná, ou pinheiro-araucária, pinheiro-brasileiro, entre outras denominações, segundo a Embrapa, é uma espécie que teve sua origem há 200 milhões de anos e pertence à Araucaria angustifolia (Bertol.), sendo que a família Araucariaceae ocorrem somente no hemisfério Sul, e apenas duas delas ocorrem na América do Sul: a Araucaria angustifolia e a Araucaria araucana. 

A araucária ocorre de forma natural principalmente na região Sul do Brasil, de forma esparsa na região Sudeste, Argentina e Paraguai, pontualmente.

Originalmente, a araucária cobria cerca de 200 mil km² na região Sul, mas hoje, sua área remanescente é estupidamente menor, menos de 1% da sua área original de Floresta Ombrófila Mista, sob sério risco de extinção.

Por causa disso, várias restrições têm sido impostas à exploração desse bioma, especialmente de sua principal espécie, a Araucaria angustifolia.

Assim, a produção de mudas é de grande importância e o plantio dessas espécies pelos produtores permite sua comercialização, para diversas finalidades, sem comprometer o patrimônio genético restante, já tão absurdamente ameaçado.

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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