Quando pássaros e homens saem em busca de mel


Existe uma família de passarinhos, os Honeyguide, ou Indicatoridae que criaram uma simbiose positiva com os coletores de mel de algumas tribos africanas.

O Honeyguide é um pássaro pequeno, do tamanho de um estorninho, que gosta de comer as larvas das abelhas e a cera das colmeias mas, sozinho ele não consegue fazer isso. Então, durante os milênios de convivência, este passarinho aprendeu a indicar ao humano coletor onde estão as colmeias que lhes interessam.

Os seus parceiros humanos também aprenderam – emitem um grito especial que o passarinho reconhece e assim, de grito em pio, vão caminhando pela floresta até que o honeyguide encontra a colmeia no tronco de uma árvore seca. Se não fosse essa ajuda, 70% das colmeias estariam inacessíveis tanto para os pássaros como para os seres humanos pois, se encontram em lugares altos e fora do alcance da vista.

Quando descobrem uma colmeia, avisam os coletores que, munidos de tochas de fumo, afugentam as abelhas da colmeia. Esta prática, do fumo, é comum no trato com abelhas para evitar as inúmeras ferroadas que, de outra forma, seriam objeto os coletores.

Depois de recolherem o mel de que precisam para sua alimentação, os coletores depositam uma quantidade de cera da colmeia, cheia de larvas, em um prato de folhas verdes, para que o Indicator se alimente.

Segundo um estudo publicado na Science AAAS desta semana, essa relação de simbiose mutualística é ainda mais profunda do que antes se pensava já que se descobriu que o passarinho responde ao chamado dos seus parceiros humanos. E tem de ser um chamado, grito, específico.

O presente estudo foi feito na Reserva Nacional do Niassa, no Norte de Moçambique com coletores de mel da etnia Ajaua (ouça aqui um áudio do chamado do mel).

caçador de mel fumaca

Um caçador de mel afugenta as abelhas da árvore com a ajuda de fumaça fuma fora abelhas de uma árvore.

CN Spottiswoode, KS Begg, CM Begg (Ciência , 2016)

Este estudo, do biólogo Claire Spottiswoode, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirma que “é a primeira vez em que se recolhem provas claras da forma de comunicação entre os honeyguides e os coletores”. Foram realizados testes com diferentes gritos de chamado mas, o Honeyguide só atendeu ao grito específico que a tribo de coletores usa para pedir que lhes indique onde está a colmeia.

coletores pássaros comunicação

Coletores e pássaros, em comunicação

Este estudo se complementa com outro, do antropólogo Brian Wood, da Universidade de Yale, que estudou os coletores de mel da Tanzânia. Este grupo convoca o honeyguide com um assobio melodioso, diferente, para entendido pelos honeyguide da sua região.

O que não se entende é como essa família de pássaros aprende a reconhecer as chamadas dos humanos pois, eles colocam seus ovos em ninhos alheios, como os cucos. Isso quer dizer que este não é um comportamento aprendido com os pais honeyguides mas, a realidade é que sim, esses pássaros atendem aos chamados específicos que os grupos humanos coletores de mel usam em sua região.

Fonte: Elizabeth Pennisi em Science AAAS

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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