Homem x Tubarão. E a FAO continua sua luta na preservação do peixe


Há muito que os tubarões levam a fama de predadores assassinos dos mares, impiedosos que atacam os outros animais e também os seres humanos, mas será mesmo verdade? Mesmo com a fama de assassinos, os dados revelam exatamente o contrário: nos últimos 84 anos somente 09 ataques foram registrados no Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, temos cerca de 70 a 90 ataques de tubarão por ano no mundo todo.

Estatísticas da FAO estimam que 100 a 150 milhões de tubarões são mortos anualmente em todos os oceanos. Uma única fábrica na Costa Rica mata 235 mil tubarões por mês para transformá-los em cápsula de cartilagem. Quem são os verdadeiros assassinos dos mares? O fato é que a cada ano várias espécies de tubarões são capturadas indiscriminadamente, sem que sequer haja um controle de suas populações e da captura das espécies, e o alerta é de que muitas já estão sendo dizimadas pela pesca indiscriminada e sem controle.

Recentemente a captura de um grande número de indivíduos em Búzios levou os pesquisadores a levantar um alerta. O Biólogo Marcelo Szpilman do Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e do Instituto Ecológico Aqualung, comenta que 90% dos pescadores relataram queda no rendimento de suas pescarias e 65% relataram diminuição no tamanho médio do pescado capturado. Segundo o Biólogo, os pescadores locais sabem que esse decréscimo é resultado da sobrepesca e pesca predatória, uma vez que já se sabe que as espécies não são sensíveis à poluição. Na última pesca inclusive, foram capturados cerca de 350 animais, muitos eram fêmeas que abortaram seus filhotes na praia, animais que já atingiram a maturidade sexual, que leva de 10 a 15 anos. Em Cabo Frio na região dos Lagos, no período de abril a junho, vários cardumes de tubarões visitam a região, acompanhando cardumes de tainhas e xereletes, e se tornam presas fáceis para as redes de pescadores. O Dr Eduardo Pimenta, que estuda grandes peixes oceânicos a mais de uma década, comenta que nos últimos anos cerca de 100 animais são capturados a cada temporada na região.

A questão da proteção e conservação das populações de tubarões que vivem em nosso litoral em virtude da queda no número de indivíduos se tornou um assunto importante, uma vez que a variação nas populações de tubarões pode causar um considerável desequilíbrio ecológico. Um exemplo a ser seguido é o do Mero (da família da Garoupa), que teve sua pesca proibida desde 2002, assim como dos Marlins que tiveram sua comercialização proibida. Mas os pesquisadores defendem que haja um controle dessas populações na sobrepesca, época de defeso, tamanho médio de captura, controle de populações capturadas e despesca em portos.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) nesta quarta-feira, 28, que está preparando uma série de guias para ajudar a identificar os tubarões de águas profundas e praticar uma pesca mais sustentável. O foco principal destes guias são as populações de águas profundas que sofrem com a pesca de arrasto, em profundidades de 200 a 2000 metros. O guia será criado com a intenção de auxiliar os pescadores a identificarem essas espécies que desempenham um papel importante naqueles ecossistemas, e quantificar de maneira mais precisa as capturas de peixes cartilaginosos. As águas profundas são o maior habitat do planeta, pois perfazem 53% da superfície do mar. Os novos guias de águas profundas da FAO ajudarão os pescadores a fornecerem informações mais detalhadas, e, como resultado, os países estarão em melhor posição para implementar políticas de controle e conservação de populações.

A FAO desenvolve desde 1999 uma política de gestão e conservação de tubarões, e conseguiu com que alguns países adotassem um Plano de Ação Internacional para a Conservação e Ordenação dos Tubarões, que estabelece que os países que pescam tubarões devem elaborar programas nacionais para a conservação e gestão dos mesmos.

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Qual será o futuro das populações de tubarões? Sua sorte está na mão de um dos maiores predadores impiedosos do planeta: a espécie humana.

Fonte foto: freeimages.com




Redação greenMe

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