Em 2019, a primeira conferência climática mundial, realizada em Genebra no ano de 1979, completou 40 anos. Cientistas do mundo inteiro lançaram uma declaração para marcar a data, mas não há motivo para celebração. O texto, publicado na revista Bio Science, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, foi endossado por 11 mil pesquisadores de 153 países.
“Declaramos clara e inequivocamente que o planeta Terra está enfrentando uma emergência climática […] Para garantir um futuro sustentável, precisamos mudar a forma como vivemos. [Isso] implica grandes transformações na maneira como nossa sociedade global funciona e interage com os ecossistemas naturais”, diz o texto.
Os cientistas explicam que, considerando o quadro atual, medidas que visem apenas à redução das emissões de carbono já não são suficientes.
“Um conjunto mais amplo de indicadores deve ser monitorado, incluindo o crescimento da população humana, consumo de carne, perda de cobertura de árvores, consumo de energia, subsídios a combustíveis fósseis e perdas econômicas anuais devido a eventos climáticos extremos”, afirmou ao The Guardian o coautor da declaração, Thomas Newsome, da Universidade de Sydney.
Os especialistas também alertam para a falência da lógica do crescimento econômico como meta e destacam a insustentabilidade do padrão de vida e consumo dos países mais ricos.
Entre o que chamaram de “sinais profundamente preocupantes das atividades humanas”, constam o aumento das viagens aéreas e o crescimento do PIB mundial.
“A crise climática está intimamente ligada ao consumo excessivo do estilo de vida rico“, dizem eles.
No entanto, os cientistas acreditam que ainda é possível reverter o quadro, desde que a população mundial reinvente seus hábitos e os líderes trabalhem por políticas públicas que promovam mudanças que vão desde as matrizes energéticas à luta por maior igualdade e justiça social.
Segundo a declaração, um esforço coletivo deveria buscar, por exemplo, diminuir a taxa de natalidade global e investir nas matrizes solar e eólica (desestimulando, ao mesmo tempo, os investimentos em combustíveis fósseis).
Sobre a importância da preservação da cobertura verde, o documento cita o presidente brasileiro, observando que as taxas de destruição da Floresta Amazônica vinham decrescendo ao longo dos anos, mas voltou a crescer com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder.
Apesar do tom grave, em sintonia com o cenário, eles dizem que ainda há esperança:
“A boa notícia é que essa mudança transformadora, com justiça social e econômica para todos, promete um bem-estar humano muito maior do que os negócios podem promover”, afirmaram.
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