Paulo Nascimento: líder comunitário assassinado por defender o meio ambiente


Já sabemos que pessoas questionadoras e lutadoras “incomodam” os donos do poder. Aqui no Brasil, jornalistas, sindicalistas, líderes comunitários, manifestantes tornam-se alvo de latifundiários, empresários e políticos que querem manter o status quo da desigualdade social e da impunidade no país.

Na cidade de Barcanena, a 50 km da capital do Pará, foi registrado um caso de homicídio que fez como vítima o líder comunitário Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 47 anos, em sua própria casa, na madrugada dessa segunda-feira.

Segundo o delegado-geral do Pará, Rilmar Firmino, não há ainda informações sobre o assassino e a causa do crime.

Entretanto, a motivação do assassinato parece estar relacionada às ameaças que o líder comunitário vinha recebendo, o que já o havia feito pedir proteção policial, segundo informado por Ismael Moraes, advogado da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), da qual Nascimento era diretor. Um dos pedidos foi negado em fevereiro de 2017 pela secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará. A associação vai pedir à Procuradoria-Geral da República que o crime seja investigado pela Polícia Federal.

De acordo com matéria de O Globo, Paulo Nascimento vinha questionando sobre as licenças ambientais concedidas pelo estado do Pará e pelo município de Barcarena à mineradora norueguesa Hydro Alunorte, uma multinacional produtora de alumínio. A empresa, desde o mês passado, está sendo investigada por contaminar rios e áreas verdes em Barcarena.

Apesar de todas as evidências sobre a motivação do assassinato estar relacionada à atuação do líder comunitário na região, o secretário de Segurança Pública do Pará, delegado Luiz Fernandes Rocha, descartou que o assassinato esteja relacionado ao vazamento das barragens de rejeito da Hydro Alunorte em Barcarena. Segundo ele, foi designado um delegado especial para investigar o crime.

Outros integrantes da associação já vinham pedindo proteção ao governo desde o ano passado. Outro diretor, Bosco Oliveira Martins Júnior, protocolou um pedido de proteção junto à secretaria de Segurança Pública do Pará, mas não recebeu nenhuma proteção. Ele e sua família foram embora de Barcarena e estão escondidos na casa de parentes.

De acordo com os documentos encaminhados pela associação à secretaria, ameaças vinham sendo feitas por Whatsapp por um capitão da Polícia Militar, conhecido como Gama, e um outro militar, chamado José.

As suspeitas ficam maiores pelo fato de o delegado Rilmar Firmino negar que a Secretaria de Segurança Pública tenha rejeitado o pedido de proteção para os diretores da Associação. Ele apresentou os ofícios encaminhados ao Ministério Púbico Militar, alegando que a competência pela proteção a pessoas ameaçadas cabe à secretaria Justiça e Direitos Humanos do Pará.

Nesse jogo de empurra-empurra mais uma vida foi perdida e mais um caso ainda está sem solução.

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Fonte foto: PSTU




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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