Polêmica Kelly Slater: tubarões e surfistas – o que fazer com as Ilhas Reunião?


Todo mundo leu a indignada declaração de Kelly Slater, campeão mundial de surfe, que defendeu o “sério abate” de tubarões nas Ilhas Reunião (leia aqui a mensagem se você ainda não tiver lido). A proposta causou polêmica, claro, e inúmeras outras declarações indignadas, contra Kelly, povoaram o éter. Mas, o que é que você sabe, de fato, sobre o assunto?

Segundo Kelly, desde 2011, 20 surfistas foram vitimados na região e muitos de maneira fatal.

Desta vez foi o body boarder Alexandre Naussac a vítima mas, desde 2011, quando começaram ataques mais seguidos, ninguém mais está seguro. Elio, um menino de 13 anos também morreu na boca de um tubarão de lá.

Pensando friamente me parece que Kelly está reclamando de periculosidade na profissão, de falta de apoio das autoridades, de risco de vida (é real tudo isso). E também, que as Ilhas Reunião têm tal excesso de tubarões-touro (ou seriam tubarões-cabeça-chata?) por algum desequilíbrio ambiental criado pelo ser humano.

A taxa de ataques em Reunião é muito alta para o pouco espaço que têm e, extremamente díspar com o 0 de ataques que se verificam nas Ilhas Maurício, ao lado.

Em algumas das praias mais populosas o poder local colocou redes de proteção contra os tubarões porém, ao que parece, não foram, ainda, colocadas redes nas praias das ondas boas, ou não, pelo menos, nas das ondas melhores onde ocorrem, inclusive, campeonatos internacionais.

Aliás, já existe nas Ilhas Reunião um programa governamental para abate controlado desse tipo de tubarão (100 indivíduos adultos ao ano seriam abatidos neste programa), dos mais agressivos desta parte do globo e, ao que me parece, o apelo de Kelly vem no sentido de que um plano melhor seja pensado, e posto em prática pois, até agora, tudo o que foi feito não deu segurança aos que entram nos mares por lá.

Os motivos apontados por Kelly Slater

Para Kelly, o que ocorre nos mares das Ilhas Reunião é um desequilíbrio populacional entre as espécies marinhas e, segundo o que parece, os tubarões-touro proliferam em locais onde o mar é mais lamacento, em profundidades maiores (do que as que existem nas Ilhas Maurício, por exemplo). E é possível que ele tenha razão.

Porém, em entrevista à Stab Magazine, Kelly também levantou a questão de que uma das causas pode ser o excesso de pesca na região, retirando alimento disponível em profundidade e levando os tubarões a se aproximarem da costa em busca do que comer. E aqui, neste ponto, o campeão mundial de surfe também terá razão.

Mas, no final das contas, não só Kelly, o mais conhecido, reclama. Pelas notícias se vê que a comunidade de Ilhas Reunião está apreensiva e reclamando também afinal.

Em busca de soluções

A discussão será extensa pois se trata do abate de controle populacional a animais silvestres que, no final das contas, chocam com as populações humanas por ocuparem os mesmos espaços ou regiões limítrofes dos ecossistemas.

Os conflitos “territoriais” entre animais (e nós, humanos, pertencemos a este reino) são, geralmente, sangrentos. O que devemos pensar é nas causas destes conflitos, o que os gerou e buscar a melhor solução (paliativa pois o confronto de fronteiras já existe, efetivamente).

No caso dos tubarões de Ilhas Reunião o conflito passa por criar redutos seguros onde banhistas e surfistas possam estar nas ondas e, talvez, por um estudo sério que indique as causas reais do aumento populacional do tubarão-touro e do declínio de outras espécies.

O tubarão e a extinção da espécie

Tubarões são pouco simpáticos à maioria das pessoas – são grandes, com muitos dentes, muita força e carnívoros – mas, mesmo assim temos de pensar nos riscos que a sua extinção trará para o planeta.

Tubarões são grandes lixeiros dos oceanos então, mesmo que você não entenda de biologia com certeza vai se dar conta de que esses animais têm uma importância significativa no equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Como disse acima, tenho a dúvida sobre qual espécie de tubarões abundam nas Ilhas Reunião: se os touro ou os cabeça-chata. São parecidos, fisicamente, ambos navegam em águas rasas, entram nos rios onde procriam (pois não se afetam da baixa salinidade). Enfim, a questão é que uns, os da espécie touro (Cacharias taurus), já estão em vulnerabilidade e até em risco de extinção, em alguns locais e os outros, cabeça-chata (Cacharhinus leucas), não têm esses problemas ainda, porém, é o mais agressivo, bastante perigoso para os ser humano e abundante também na nossa costa brasileira, de sul a norte.

Agora, pense comigo, o que fazer com os tubarões e todos aqueles que surfam nas Ilhas Reunião? Sim, porque criticar é fácil, o difícil é bolar um projeto coerente, certo?

Como equilibrar um meio ambiente que nós, humanos, já degradamos a um ponto quase irreversível? Pois, é disso que se trata!

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Redação greenMe

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