Jane Goodall tem esperança e diz que pessoas como Trump e Bolsonaro não a farão se calar


Há anos, a primatóloga e ativista britânica Jane Goodall é um exemplo para o mundo por sua luta ambiental.

Com a crise provocada pelo novo coronavírus, a voz de Goodall tem reverberado mundo afora devido à sua disposição de discutir sobre aquilo que conhece tão bem: a vida animal. À frente do Instituto Jane Goodhall, ela segue dando palestras e participando de conferências via Skype e Zoom, após quase meio século dedicado ao trabalho.

Em uma entrevista para o El Pais, a especialista em primatas contou que desde criança tinha o sonho de ir para a África, até que conseguiu realizá-lo em uma viagem ao Quênia, quando teve contato com o animal “que mais parece conosco”.

Ela conta que no início de sua carreira foi desacreditada porque via os chimpanzés como seres com personalidade e emoções. Naquele momento da década de 1960, os demais cientistas não levavam em conta essa premissa.

Na década de 1980, após terminar o seu doutorado, de investigadora passou a ser, também, ativista ambiental. Tudo aconteceu após participar de uma conferência em Chicago (EUA) na qual com outros pesquisadores chegaram à conclusão de que as populações de chimpanzés da África estavam sendo afetadas pelo desaparecimento de florestas. Outro fator que a levou ao ativismo foi que esses animais eram confinados em jaulas de 1,5 m para serem estudados, sendo-lhes tirado algo essencial: a sociabilidade.

Em 1991, Goodall criou um programa destinado à juventude chamado Roots & Shoots, que, atualmente, funciona em 86 países. O objetivo do projeto é fomentar nos jovens o ativismo em prol do cultivo orgânico, do plantio de árvores, da separação de lixo e, claro, o desejo de protestar em defesa do meio ambiente.

Crise climática a olhos vistos

Sobre aqueles que negam as mudanças climáticas, Goodall diz que em todas as suas viagens pelo mundo, ao longo de todos esses anos, viu com os seus próprios olhos as paisagens sendo alteradas: gelo derretendo nos polos planetários, aumento do nível do mar, inundações, furacões, refugiados ambientais.

Os padrões climáticos mudaram em todo o mundo e o coronavírus é uma prova disso. A covid-19 surgiu da destruição das florestas onde vivem os animais silvestres, que foram obrigados a colocar-se em contato com os seres humanos. Vírus e bactérias que jamais estariam em contato com a nossa espécie passaram a ser ameaçadores para nós.

O respeito ao meio ambiente é um ato de respeito a todos os seres vivos. Os animais cujo destino são os mercados de animais vivos estão sendo severamente desrespeitados e isso está tendo suas consequências agora. Devemos, pois, não apenas mudar a forma como nos alimentamos, mas também como tratamos os animais, que têm seus modos próprios de inteligência.

Esperança

Embora a ativista britânica não acredite que o mundo vá mudar de repente, ela espera que mais pessoas se tornem críticas e exijam mudanças de governos e empresas. Ela tem trabalhado para isso dando palestras diariamente para conscientizar mais pessoas sobre os seus impactos para o futuro.

Ainda que figuras como Donald Trump e Jair Bolsonaro sejam uma pedra no caminho daqueles que lutam por um mundo mais justo, Goodall diz que eles não irão impedi-la de seguir lutando. Ainda que a luta, às vezes, pareça muito difícil, resta-nos levantar e seguir em frente:

“É preciso se preocupar com as gerações futuras. Eu não vou deixar que tipos como Trump e Bolsonaro me  façam calar. Morrerei lutando”.

Goodall acaba de apresentar o documentário “A grande esperança” e está escrevendo “O livro da esperança”. Para ela o conceito de esperança é fundamental, pois nos conecta com as gerações futuras justamente porque tomamos consciência da pegada que deixamos no planeta durante a nossa existência. Há muito ainda que fazer pela igualdade, pela paz e pela justiça – e todos os movimentos sociais recentes, como o Black Lives Matter, são uma prova viva disso.

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A esperança parece mesmo acompanhar a ativista de 86 anos, que diz ter se recriado em meio à pandemia em uma “Jane virtual” para poder chegar a mais gente. Mas tudo o que a Jane de carne e osso quer é poder voltar a se reunir com os amigos e poder dar um abraço neles.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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