Quem tem amigo assim não precisa de inimigo. Reconheça os amigos/inimigos


Você já ouviu falar em “relações ambivalentes”? A expressão diz respeito àquele tipo de relação que desperta em nós sentimentos contraditórios, como amor e ódio. Todo mundo tem, ou teve, um amigo que muitas vezes parece inimigo. Mas como reconhecer um frenemy?, palavra que designa a fusão do “friend” (amigo) com o “enemy” (inimigo).

Uma pesquisa realizada por uma equipe de psicólogos da Bringham Young University, nos Estados Unidos, revelou que o efeito de uma relação ambivalente causa mais danos para a saúde do que ter um inimigo, segundo noticiou a BBC. Em inglês existe uma palavra que designa essa tal ambivalência: “frenemy”, que é a fusão das palavras “friend” (amigo) e “enemy” (inimigo).

A psicóloga Julianne Holt-Lunstat, integrante da equipe, afirma que cerca da metade das pessoas que conhecemos seria um “frenemy”. “É raro encontrar alguém que não possui pelo menos uma dessas relações”, diz ela.

Os benefícios da amizade

Há várias pesquisas que demonstram que a amizade é benéfica para a saúde. Holt-Lunstat fez cerca de 150 estudos que comprovam que a amizade pode reduzir o risco de morte pela metade. Ou seja, ser uma pessoa solitária é perigoso para a saúde. Isso porque os amigos ajudam a reduzir os níveis de estresse e evitam até distúrbios do sono.

Só que a amizade é uma relação que se estabelece em diferentes graus. A explicação é que nós construímos amizades de acordo com diferentes interesses que mantemos com outras pessoas.

O antropólogo Robin Dunbar, da Oxford University, explica que: “Em suas relações com os outros você está sempre lidando com vários interesses que concorrem entre si. O problema é neutralizar os estresses para permitir que o seu grupo social se mantenha coerente ao longo do tempo. Então é preciso agradar seus aliados, o que pode incluir alguns ‘frenemies’. Você os tolera para conseguir administrar melhor os seus interesses”.

Entretanto, há controvérsias. Os estudos feitos nos EUA consideram que administrar relações com pessoas que “amamos e odiamos” pode fazer muito mal.

Os pesquisadores mediram a pressão sanguínea de voluntários em contato com amigos. A pressão sanguínea ficou mais baixa com os amigos amados e subiu quando em contato com colegas de trabalho ou chefes irritantes.

O inesperado da pesquisa foi descobrir que a pressão sanguínea subiu mais quando os voluntários estavam em contato com seus “frenemies”. Pesquisas posteriores confirmaram esse resultado.

“Mesmo quando a pessoa em questão está no quarto ao lado, a pressão aumenta, com maiores níveis de ansiedade. Só por causa da sensação de logo ter que lidar com a pessoa”, diz Holt-Lunstad. Chegou-se ao ponto de, em alguns casos, apresentar o nome de um “frenemy” em uma tela produzir o aumento dos batimentos cardíacos.

Explicações sobre os resultados

Segundo os cientistas, a falta de constância nas relações gera estresse, castigando o corpo com sensações ruins. A incerteza provocada por um “frenemy” gera bastante estresse.

Bert Uchino, psicólogo que trabalhou na pesquisa, diz que os “frenemies” são pessoas com as quais nos importamos e, por isso, impactam a nossa vida. Um comentário desagradável de um inimigo pode ser facilmente ignorado, ao passo que o mesmo não ocorre com alguém que estimamos. “Temos tendência a ficar ruminando conversas dolorosas que tivemos com nossos ‘frenemies’ por mais tempo”, explica Uchino.

Embora as pesquisas tenham avaliado esses impactos a curto prazo, os cientistas já estão investigando os efeitos da amizade no DNA, a fim de entender se ela pode trazer consequências mais graves à saúde.

É difícil romper relações com os “frenemies” por serem amigos, mesmo que controversos. Por isso, Uchino dá dicas de como lidar com eles. Uma estratégia é deixar evidentes os conflitos na relação, para tentar reduzir as incertezas e ambiguidades. Outra é tentar entender os papéis que os amigos desempenham na nossa vida.

Aquelas pessoas com as quais temos verdadeira afinidade e amamos certamente nos fazem bem. Mas é claro que sempre há diferenças entre as pessoas, que podem gerar algum conflito. Temos que saber lidar com essas diferenças. Entretanto, se uma pessoa faz mais mal do que bem é melhor rever essa relação e analisar se realmente essa pessoa precisa estar no seu círculo social.

Interessante!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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