Contra picada mortal de aranha-marrom: a pomada feita por brasileiros


Há pessoas que têm verdadeiro pânico de aranha. Essa fobia já gerou até filme. Também pudera! Esses animais podem ter um veneno mortal.

Uma dessas aranhas venenosas é a do gênero Loxosceles. Embora pequenina (mede de 0,6 a 2 cm), é conhecida por sua picada necrosante.

No Brasil, elas são conhecidas como aranhas-marrom, devido à coloração acastanhada do seu corpo.

Dificilmente a aranha-marrom ataca pessoas. Quando picam alguém é como ato de defesa. No momento da picada, é comum não ocorrer dor na área. Entretanto, cerca de 12 horas depois, a região fica inchada e avermelhada, podendo coçar ou não. Pode ocorrer, também, febre e escurecimento da urina da pessoa atacada.

Se a picada não for tratada, o veneno pode causar necrose do tecido, falência renal e até a morte, em alguns casos.

A boa notícia é que pesquisadores brasileiros desenvolveram uma pomada com efeitos para inibir o efeito letal do veneno.

Número de pessoas picadas pela aranha-marrom

Anualmente, cerca de 7 mil pessoas são picadas pela aranha-marrom no Brasil, segundo dados disponíveis do Ministério da Saúde.

Para diminuir os problemas causados a tantas vítimas, pesquisadores do Instituto Butantan (IB) desenvolveram uma pomada com efeitos curativos já comprovados em testes realizados em cultura celular e animais.

Uma das pesquisadoras responsáveis pelo trabalho no IB, Denise Tambourgi, explicou à BBC que a pomada foi desenvolvida à base de tetraciclina, uma substância já usada como antibiótico.

A picada da Loxosceles provoca lesão cutânea – que pode levar meses para ser curada -, além de poder provocar efeitos sistêmicos, como hemólise (alteração, dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos do sangue), agregação plaquetária (que causa coágulos nos vasos sanguíneos, que dificultam ou impedem a circulação), inflamação e falência renal, que podem levar à morte.

O estudo para o desenvolvimento da pomada

A equipe de Denise começou a desenvolver a pomada valendo-se de engenharia genética, pois como a Loxosceles produz pouco veneno, seria muito difícil conseguir a quantidade necessária para as pesquisas.

Por causa dessa dificuldade, os pesquisadores injetaram um gene da espécie na bactéria Escherichia coli, para produzi-la em quantidade suficiente para as pesquisas.

Durante as pesquisas, a equipe descobriu que o veneno da Loxosceles também causa reações secundárias, as quais são provocadas por um tipo de proteína, a esfingomielinase D.

“Costumo dizer que o veneno só dá o ‘start’ e a proteína altera as células. Depois, ocorre uma desregulação do organismo, que leva à produção de proteases – enzimas cuja função é quebrar as ligações químicas de outras proteínas, o que, por sua vez, causa a morte celular e a necrose. São essas proteases, portanto, que devem ser inibidas pela pomada”, explica Denise.

O estudo destrinchou o modo de ação do veneno lançado pela aranha-marrom bem como a forma sistêmica e cutânea da doença. No momento, estão sendo feitos testes clínicos e, caso os resultados esperados se confirmem, a pomada poderá ser comercializada.

Ainda não há prazo para que ela chegue às farmácias, já que precisa ser liberada para uso em humanos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Fonte foto




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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