Estudo demonstra que coronavírus pode ser transmitido no ar, sem contato físico


Um estudo realizado na China aponta que pessoas que se contaminaram pelo novo coronavírus não tiveram qualquer contato físico. Como, então, elas foram infectadas pelo Sars-Cov-2?

A vigilância epidemiológica da China, responsável por investigar a vida de quem é testado positivo para a Covid-19, investigou dez pessoas de três famílias diferentes que almoçaram em um mesmo restaurante no dia em que foram contaminadas. O dado intrigante é que um dos pacientes investigados não teve qualquer contato físico com os demais, que tampouco tocaram em superfícies supostamente contaminadas.

Fazendo uso de técnicas de investigação criminal, as autoridades chinesas descobriram que todos os infectados estavam sentados em mesas localizadas no fundo de uma sala do restaurante, distantes cerca de um metro uma da outra, na direção de um ar-condicionado.

Os investigadores reconstituíram a cena através de imagens da sala usando bonecos simuladores do corpo humano e soltando um gás para representar a respiração de uma pessoa infectada. A conclusão é que o fluxo do ar-condicionado, em um ambiente fechado, teria sido o responsável por infectar as demais pessoas, conforme mostrou uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.

A explicação para o fenômeno

Segundo a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Natalia Pasternak, a explicação para o fenômeno é:

“Nesse corredor de ar, provavelmente, a pessoa contaminada estava emitindo as partículas enquanto falava, em aerossol, e isso estava rodando sobre esse ambiente. Tanto que nenhum garçom se contaminou. E as outras mesas que estavam fora desse corredor onde o ar ficava circulando também não se contaminaram. Então é um estudo bem elegante que mostra um indício muito claro de que pode ter transmissão pelo ar”.

O que ela chama de aerossol são micropartículas suspensas no ar. Para se ter uma ideia, em um mero centímetro cúbico de ar, pode haver de dez a vinte mil aerossóis. O estudo conclui, então, que é possível, sim, haver transmissão do novo coronavírus pelo ar. O pesquisador Paulo Artaxo, da USP, ilustra o risco:

“Então se uma pessoa contaminada passou numa sala que está fechada e contaminou o ambiente com o vírus, você chegando três horas depois, você corre, sim, o risco de pegar”.

Estudos similares também foram realizados no Japão usando raio laser e câmeras sensíveis capazes de monitorar as micropartículas no ar. Quando alguém espirra, é possível ver as gotículas maiores caindo no chão, mas as micropartículas, por serem muito leves, ficam pairando no ar.

Situação análoga ocorre entre duas pessoas conversando sem máscaras: as micro gotículas ficam suspensas no ar, imóveis.

A única maneira de evitar que as micropartículas permaneçam no ar é ventilando o ambiente, ou seja, é fundamental deixar as janelas abertas para que uma corrente de ar disperse as micropartículas que carregam a Covid-19.

Evite ambientes com ar-condicionado. Em casa, deixe sempre as janelas abertas, mesmo agora que a temperatura caiu um pouco. Agasalhe-se e deixe o ar circular.

Se puder, evite lugares fechados como elevadores e ônibus, bem como lugares lotados, e mantenha o distanciamento social (1 metro de distância entre pessoas). Use máscara em lugares fechados e mantenha os hábitos de limpeza, principalmente a lavagem das mãos.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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