Algas marinhas podem matar biodiversidade


Isso acontece quando há a proliferação exagerada de algas que, ao encontrarem mais alimento, se reproduzem com ferocidade, e acabam poluindo. E onde há poluição a vida pode morrer. Mas, vamos dar uma olhada neste assunto.

As algas marinhas não são as más da fita. O mau da fita é, como sempre, o ser humano que não mede as consequências de suas ações. A proliferação de algas ocorre por um fenômeno conhecido como “eutrofização” que é quando, por um desequilíbrio ambiental provocado ocorre um aumento substancial de nutrientes, especialmente fósforo (P) e nitrogênio (N), em um corpo de água qualquer. Pode ser no mar ou em uma lagoa, num rio ou num reservatório. As algas são habitantes vivos de todos os sistemas onde há água e são importantes pois, através da sua atividade fotossintética (produção de clorofila pela absorção de luz solar) as algas de mares, lagos e rios, onde são mais abundantes, contribuem muito para a manutenção da atmosfera terrestre. Sem elas, em pouco tempo, estaríamos à seca, ou melhor, sem oxigênio.

Mas, acontece que o uso abusivo de fertilizantes para as terras agrícolas (sim, é abusivo pois não todo o fertilizante que se joga na terra as plantas conseguem, ou querem, absorver) causa o acúmulo de P e N nas águas superficiais e profundas.

As águas superficiais, saturadas de nutrientes, correm todas para o mar, é sabido e, as do freático, um dia também correrão, é o ciclo da água. Estes dois nutrientes, ou macronutrientes, são os principais da fertilização dita moderna (NPK), os que entram em maior quantidade na preparação das terras para a agricultura intensiva. Sem eles, os solos empobrecidos pelo uso abusivo, sem descanso, não produzirão massa verde, nem raízes suficientes, nem frutos em quantidade para abastecer os mercados mundiais. E, mesmo assim a fome grassa em muitos países, e populações inteiras estão abaixo do nível humanamente possível para se sobreviver. Mas este é outro tema, o da má distribuição da renda e o do desperdício dos alimentos

Mares contaminados

Hoje achei duas notícias referentes à proliferação exagerada de algas. Uma no Chile, país que, com alguma frequência, sofre com as conhecidas marés vermelhas. Outra na Flórida.

As marés vermelhas ocorrem pela proliferação de algas vermelhas do tipo Alexandrium catenella, que são neurotóxicas para os seres vivos e contaminam os crustáceos, base alimentar do arquipélago de Chiloé. Consequentemente, um povo de pescadores, numa região em que só poderiam mesmo pescar porque há mar e mar, e ponto, fica à penúria como nos conta essa matéria da UNISINOS.

No século XXI o Chile já sofreu por 3 vezes a ocorrência de marés vermelhas, e, 2002, 2006 e 2009. Esta, de agora, é a quarta ocorrência. Mas, não só os mariscos ficam contaminados, também os peixes que passam por lá e que comem mariscos e algas. O risco é local porém, como peixe nada, como todos sabemos, pode se espalhar. Sim, algas em situação normal fazem parte do que se chama fitoplâncton, comida de peixe.

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Maré vermelha, altamente tóxica (foto)

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Mortandade de peixes, moluscos e toda a vida marinha – um cemitério em Chiloé (foto)

A outra notícia vem dos EUA, no litoral da Flórida. Segundo a BBC foi decretado “estado de emergência” pela proliferação de algas verdes conhecidas como “algas guacamole” que se proliferaram absurdamente invadindo as águas litorâneas e apodrecendo em consequência do desequilíbrio (cresceram demais, comeram tudo, e morreram). Este caso ocorreu por conta da água represada no lago Okeechobee, a oeste de West Palm Beach que foi liberada para o mar, à razão de 85 metros cúbicos de água por segundo, até 1º de julho passado, como medida preventiva pois o nível das águas na represa estava muito alto. Bom, represas enchem com as chuvas, já se sabe. Acontece que esta represa também está saturada de fósforo e nitrogênio. Pena que os engenheiros que cuidavam da represa se esqueceram de pensar nas consequências da sua ação. E agora temos um litoral completamente poluído, contaminado, onde não se pode nadar, nem pescar.

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É bom que você saiba que, quando ocorre a eutrofização e algas se proliferam em demasia saturando um ambiente, são gerados produtos tóxicos que impedem, inclusive, que se nade nessas águas. Foi o que aconteceu recentemente em Porto Seguro, Bahia, onde mais de 200 pessoas tiveram intoxicação ao se banharem em uma zona do mar que estava plena de algas e, em Santa Catarina onde, pela mesma questão, foram suspensas a venda de ostras, mexilhões, vieiras e berbigões – estavam contaminados pelas algas, eram tóxicos.

A proliferação exagerada de algas pode matar toda a biota de uma determinada região marinha, seja por contaminação, seja com sufocamento.

Esta é a tragédia que, não podemos nos esquecer, começa no uso abusivo de fertilizantes químicos na agricultura intensiva.

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Fontes fotos: BBC

Foto capa: Defensores da Natureza




Redação greenMe

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