Estatísticas são frias. Raramente dão conta de mostrar o cenário real por trás dos números. Nesse sentido, quanto mais ampla for a pesquisa, mais fiel à realidade ela será.
A pobreza, por exemplo, é muito mais que uma questão monetária, envolve acesso a direitos fundamentais. Foi pensando na importância dessa abrangência que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) (UNICEF) fez um levantamento, divulgado essa semana, sobre crianças e adolescentes que vivem em situação de precariedade.
Além da renda per capita, o estudo incluiu também o cumprimento aos direitos básicos constitucionais, como moradia, saneamento e educação.
Os dados são assustadores: 6 em cada 10 crianças vivem em condições precárias. Isso representa 32,7 milhões de pessoas de até 17 anos, no Brasil, uma fatia incômoda de 61%.
Baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), o relatório da UNICEF mostra que:
- 18 milhões de crianças e adolescentes no Brasil vivem em famílias que não têm renda suficiente para comprar uma cesta básica.
- Quanto aos direitos fundamentais, o mais negado é o saneamento. A falta dele afeta 13,3% milhões, atingindo os brasileiros, principalmente, das regiões Norte e Nordeste.
- Os negros também são os mais desfavorecidos nesse quesito, representando 70% desse total.
Além do saneamento, outras categorias analisadas foram moradia, educação, água, trabalho infantil e informação.
Os números mostram que:
- 26,7 milhões de criança têm um ou mais desses direitos negados.
- A precariedade no acesso à educação é o segundo pior indicador, representando 8,8% milhões.
- Um quarto dos brasileiros de 4 a 17 anos tem direitos violados nesse quesito, sendo que, novamente, os negros são mais afetados: 545 mil meninos e meninas negras contra 207 mil brancos (entre 8 e 17 anos).
- O terceiro quesito mais negado é o acesso à água, que afeta 7.6 milhões de crianças.
- O trabalho infantil é realidade de 6.2% delas, sendo que a carga de trabalho é maior entre as meninas. Moradores de áreas rurais têm mais direitos negados do que quem vive nos centros urbanos, da mesma forma que no Norte e Nordeste as privações são mais intensas do que no Sul e Sudeste.
Esses dados apontam para um cenário alarmante, mas podem ajudar na adoção de políticas públicas que tirem essas crianças de estatísticas tão tristes.
Principalmente em época de eleições, é bom ter em mente este cenário para escolher um candidato que tenha olhos para o futuro. Educação, saneamento básico, acesso aos bens naturais inalienáveis como água, ar e solo de qualidade, moradia, trabalho e informação são itens básicos sem os quais não se pode haver progresso. Nem ordem!
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