Brasil e suas fontes (erradas) de energia


Análise realizada pelo World Resources Institue (WRI), organização internacional de pesquisa sobre sustentabilidade, divulgada anteontem, 21, revelou que o Brasil deve aumentar a participação de fontes poluentes em sua matriz energética nos próximos anos. O relatório leva o nome de Oportunidades e Desafios para Aumentar Sinergias entre as Políticas Climáticas e Energéticas no Brasil.

A notícia, evidentemente, é ruim para país e seu meio ambiente, principalmente com tantas opções desbravadas pela tecnologias e muito mais sustentáveis do que as que o Brasil pretende investir.

Veja frase contida na análise do documento: “Em contraste com muitas das maiores economias emergentes, a matriz energética do Brasil está se tornando mais intensiva em carbono, não menos, por causa do aumento da dependência de combustíveis fósseis”, diz o texto. Ao todo, está estimada a alocação de US$ 500 bilhões no período.

O relatório fala do bom trabalho referente a redução do desmatamento (redução de 74% nos últimos anos), entretanto ressalta o crescimento das emissões do setor de energia em 24%.

Para reverter o problema o relatório faz uma série de sugestões. Entre elas:

Melhoria na eficiência de combustível nos transportes públicos. Este é o setor com mais emissões de CO2 do Brasil. O relatório aponta que uma redução ambiciosa no setor pode ser alcançada com o uso de biocombustíveis, algo que o Brasil já pensou com a indústria do Etanol, mas que ainda não foi para frente.

– Criação de incentivos e sistemas para avaliar e aprimorar a eficiência nas indústrias através do uso de métricas de carbono. Aqui é necessário avaliar os produtos e seu ciclo de vida para diferenciar aqueles com baixo e alto uso de carbono.

Priorizar fontes modernas e renováveis de energia. Principalmente eólica, solar e especialmente lidar com os problemas criados pela alta demanda de energia hidroelétrica, um verdadeiro vício do Brasil. Eliminar também quaisquer incentivos a combustíveis fósseis (algo difícil com a necessidade de vender o Pré-Sal).

Aumentar sinergias entre as políticas climáticas e energéticas e os processos de planejamento com as políticas nacionais e internacionais. A sugestão aqui é a integração das políticas climáticas com os setores responsáveis por geração de energia, criando políticas sustentáveis para lidar com os problemas do clima e também manter o país funcionando.

Aqui aproveito para fazer um parêntese sobre a questão da matriz energética, os últimos anos e o comodismo brasileiro.

A história do Brasil em termos energéticos e sua matriz hídrica todos conhecem, porém, é importante ressaltar que, no final dos anos 90 houve a crise energética que ficou conhecida como “Apagão”, devido à escassez de água enfrentada no período. O governo seguinte, em face do problema, investiu em linhas de transmissão e nas hoje famigeradas usinas termelétricas, que funcionam a base de carbono e são mais caras e muito poluentes.

No entanto, a medida foi acertada e hoje a escassez de água é pior, a conta de luz está cara, mas a energia foi garantida, inclusive durante a Copa do Mundo, depois do temor neste setor. O grande problema do Brasil é o comodismo de sempre. Por décadas “sentamos” na energia hidroelétrica e deu no que deu, a água não é mais tão abundante como em outros tempos, e agora fazemos as mesmas coisas, quando há uma imensa gama de opções de energias renováveis.

Existem investimentos razoáveis em energia eólica atualmente, porém, muito abaixo do que o país pode. Energia solar então é uma piada de mau gosto por aqui. Inclusive, as próprias usinas termelétricas, cerca de duas mil ao todo, também podem funcionar com etanol, até existe uma em Minas Gerais, porém é a única.

Talvez quando os céus do Brasil estiverem como os da China, tomaremos uma atitude em busca de energia não poluente.

Em todo caso, o Brasil está tentando costurar um acordo global para a 21ª Conferência do Clima (COP 21), que será realizada em dezembro próximo, em Paris. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o principal objetivo é garantir um compromisso entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, reduzindo o aquecimento global e limitando o aumento da temperatura em 2ºC até 2100.

Leia também: CONHEÇA OS SETORES QUE MAIS EMITEM GASES DE EFEITO ESTUFA NO BRASIL

Fonte foto: wri.org




Redação greenMe

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