Quais são as atividades industriais mais ligadas ao desmatamento?


A conscientização da preservação do meio ambiente envolve todo mundo, já que estamos todos no mesmo barco. Governos, empresas e indivíduos não podem mais fingir que não têm nada a ver com a questão ambiental.

Algumas ações podem e devem ser tomadas por nós e exigidas dos nossos governantes. O Destak Jornal levantou seis das principais atividades que causam o desmatamento no mundo, contribuindo para as mudanças climáticas; a contaminação das águas e do ar; o desequilíbrio de ecossistemas, causando a extinção de espécies; o aumento de pragas que atacam as lavouras.

1. Pecuária

Dados de 2011 do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostravam que 62% dos 720 quilômetros de áreas desmatadas na floresta amazônica deram lugar a pastagens. A criação de gado em larga escala, em áreas que deveriam ser protegidas ambientalmente, só vem aumentando desde então no Brasil, sendo uma das práticas que mais provocam o desmatamento no mundo. Então, se você come carne todos os dias, está contribuindo de alguma forma para o crescimento de áreas de pastagem.

2. Agricultura

A agricultura em escala comercial, tal como é praticada hoje em dia, acelera o problema de desmatamento, sobretudo, a monocultura de grãos como soja e milho, que torna o solo improdutivo a longo do tempo, já que não respeita os ciclos naturais da terra. O agronegócio brasileiro tem sido o grande responsável pelo aumento desse tipo de cultivo nos últimos anos, interferindo não apenas no desgaste dos recursos naturais, como também no trabalho no campo.

3. Extração de madeira

As indústrias moveleira, de decoração e da construção civil demandam uma grande quantidade de madeira, proveniente da extração legal mas também ilegal. O corte de árvores é um dos principais fatores de destruição da floresta amazônica, que provoca o aumento do efeito estufa, das mudanças climáticas e da seca de rios e a consequente morte das espécies que dependem deles.

4. Hidrelétricas

Apesar de ser considerada uma fonte de energia limpa, as hidrelétricas causam enorme impacto socioambiental nas regiões onde são construídas. Para construir uma hidrelétrica é preciso desmatar uma área gigantesca. Infelizmente, essa é a principal fonte de energia elétrica do país, que pouco investe em energia eólica e solar, embora tenha muito potencial esse tipo de matriz energética no Brasil.

5. Mineração

A exploração de minério remove grandes áreas florestais para a atividade de extração, constrói estradas e vias para o transporte dos minérios, sem falar nos riscos a que as populações do entorno e o meio ambiente são expostos.

As commodities do desmatamento

Um estudo promovido pelo pesquisador Martin Persson, da Universidade Chalmers (Suécia), afirma que um terço do dióxido de carbono (CO2) que é liberado pelo desmatamento é proveniente das exportações de commodities, como carne bovina, óleo de palma e soja, informa O Povo.

O pesquisador sueco, junto com uma equipe internacional, calculou o quanto as commodities contribuem para o desmatamento: de 29% a 39% do CO2 liberado pelo desmatamento deve-se ao comércio internacional de commodities. Ou seja, o agronegócio impulsiona a derrubada de florestas para as grandes plantações e pastagens de bens que ainda por cima são consumidos pelo mercado externo.

Isso significa, segundo o estudo, que todos os consumidores do mundo estão em estreita relação com o desmatamento.

“Os responsáveis não são somente os consumidores dos países onde ocorre o desmatamento – isso também é causado por consumidores em outros lugares”, considera Ruth Delzeit, chefe de meio ambiente e recursos naturais do instituto de estudos econômicos IfW, em Kiel.

A ONU coloca a conta de CO2 para os países que o produzem pagar, mas, segundo Jonas Busch, economista-chefe do Earth Innovation Institute, é preciso dividi-la, também, entre aqueles que importam produtos do Brasil, da Indonésia e Colômbia, por exemplo, se pensamos na corresponsabilização em termos de consumismo mundial. Na Ásia e na América Latina, enormes quantidades do CO2 liberado pela queima e corte de árvores foram exportadas para a Europa, América do Norte e Oriente Médio.

Madeira, carne, soja e óleo

As principais commodities de onde se originam as emissões provocadas pelo desmatamento são: madeira, carne bovina, soja e óleo de palma. Persson faz a seguinte ressalva:

“Na UE, queremos reduzir nosso próprio impacto nas mudanças climáticas – e essa é uma parte importante do impacto causado por nós”.

O cálculo feito pela equipe de pesquisadores demonstram a corresponsabilidade europeia sobre o desmatamento. Estima-se que um sexto do CO2 liberado por uma dieta europeia estaria ligado ao desmatamento em regiões tropicais, via importação de produtos dessas localidades.

O desmatamento na Amazônia

Um estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revela que o desmatamento na Amazônia Legal caiu 57% em fevereiro de 2019 em relação ao mesmo mês no ano anterior, de acordo com uma notícia d’ O Globo.

Embora tenha havido essa queda, ela precisa ser analisada com prudência, já que 2018 foi o ano em que a área foi mais desmatada, desde que o monitoramento começou a ser feito, em 2008. Naquele ano, 214 km² foram desmatados, enquanto, em 2019, a destruição atingiu 93 km² de floresta. As regiões mais devastadas são Roraima, Rondônia e um área na divisa entre Amazonas, Pará e Mato Grosso.

Foram em áreas privadas que ocorreu a maioria do desmatamento (69%), seguidas por assentamentos (24%), unidades de conservação (4%) e terras indígenas (3%).

O pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr. alerta que a Amazônia, desde 2012, vem sofrendo um aumento de áreas devastadas, mas que ainda não há estudos conclusivos sobre o impacto real do desmatamento desde então. Entretanto, se pensarmos nas ações permissivas do atual governo federal que sinalizam para o aumento do desmatamento em áreas de preservação ambiental, bem como a não demarcação de terras indígenas e até mesmo a revisão daquelas que já foram feitas, essa tendência de aumento pode se agravar ainda mais.

Por isso, é fundamental repensarmos a questão ambiental em termos de corresponsabilidade em nível individual, social e global.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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