Piquiá de Baixo: a história de luta (e vitória) de uma comunidade contra a poluição da siderurgia


Há mais de uma década a vida dos moradores de um bairro industrial, Piquiá de Baixo, no município de Açailândia no Maranhão, esteve em risco por causa dos altos níveis de poluição causados pelas ​​empresas poluidoras do pólo siderúrgico da cidade. Após anos de luta, os habitantes conseguiram fazer valer os seus direitos.

Há pelo menos 10 anos, as famílias daquele bairro sonhavam em se mudar para um lugar onde o ar fosse respirável e não poluído pelas usinas de aço e ferro.

Alguns anos atrás, um grupo de 21 famílias decidiu processar as empresas siderúrgicas responsáveis ​​pela grave situação causada pela poluição do bairro.

Durante anos, os moradores deste bairro se viram forçados a viver em suas casas invadidas pelo pó de ferro e respirando os gases nocivos emitidos pelas siderúrgicas. Uma situação realmente insuportável do ponto de vista da saúde e do meio ambiente, e a qual as empresas ignoraram continuando na sua corrida para o crescimento da produção e do lucro contínuo. A região é um importante pólo agroindustrial, onde a exportação de ferro gusa se tornou sua principal fonte de renda do município.

A tragédia para o povo desse bairro maranhense começou em 1987, quando a indústria do ferro e do aço fez a sua entrada no território, com cinco siderúrgicas e outras instalações industriais nas imediações das casas (uma distribuidora da BR Petrobras e o 2º Maior entreposto da Vale).

Com o crescimento da indústria de um lado, e com o início do empobrecimento dos recursos hídricos do outro, a poluição se espalhou em níveis graves. Neste curto período de tempo, os habitantes tiveram aumentadas as mortes por doenças respiratórias e tumores pulmonares e em outros órgãos.

Dada a situação insustentável, a luta do povo acabou por tomar forma. E finalmente chegou a comemoração que aconteceu no último dia 9 de janeiro com a notícia da aprovação do projeto de reassentamento do bairro.

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Teve pipoca, teve brinquedo, como conta o site do Piquiá de Baixo: “os anos de luta contra a poluição emitida pelas siderúrgicas e para reassentar a comunidade, deram uma pausa nesse dia que, ao som da banda Luz Candeeiro, fez todos os moradores dançarem forró pé de serra, esquecerem um pouco a amargura que sofrem e arrastarem os pés pela quadra”.

Agora, os moradores elegeram as comissões de acompanhamento para a construção do novo bairro e darão continuidade ao processo de reassentamento. Uma história de luta e de vitória para nos servir de exemplo. O povo tem poder, tem direito e é o motor na construção de uma vida digna, sustentável, responsável com o meio ambiente e respeitável com suas culturas e origens.

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Fonte e fotos: PiquiadeBaixo




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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