Conheça ‘o homem mais solitário do mundo’ em vídeo raro divulgado pela Funai


Um vídeo raro tem circulado pela internet. Nele, um homem indígena, que vive isolado na Amazônia, aparece cortando com um machado uma árvore.

Há cerca de 20 anos, o homem vive sozinho na Terra Indígena Tanaru, desde que a sua tribo foi dizimada. Sendo o único sobrevivente de um ataque de fazendeiros e grileiros locais (que nunca foram responsabilizados pelo crime), em 1995, ficou conhecido como “o homem mais solitário do mundo”, segundo matéria da BBC.

O vídeo foi divulgado pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que sabe da existência do indígena desde a década de 1990, quando foram encontradas casas destruídas do mesmo tipo das fabricadas pelo homem.

A Funai afirma que o indígena não quer ser importunado e, por isso, o órgão evita fazer contato com ele e grupos isolados. De acordo com Fiona Watson, diretora da Survival International, uma organização sem fins lucrativos dedicada aos direitos de povos nativos que já esteve no local habitado por ele, o trauma da violência experimentado pelo indígena fez com que ele veja o mundo como um lugar perigoso.

O homem, que tem cerca de 50 anos, habita em um buraco na terra, que vem sendo monitorado pela Funai desde 1996, a fim de garantir que ele está vivo e sob proteção. A Terra Indígena Tanaru fica ao norte do estado de Rondônia e tem, aproximadamente, 8 mil hectares. Ao seu redor, estão fazendas e terras desmatadas, em um ambiente extremamente violento.

Para Watson, a Funai precisa divulgar vídeos como esse para provar que o indígena está vivo. “Também há uma motivação política na divulgação do vídeo. O Congresso brasileiro é dominado por representantes do agronegócio. Já a Funai teve o seu orçamento reduzido. Há um grande ataque aos direitos indígenas no Brasil nesse momento”, diz a ativista.

O chefe da equipe da FUNAI que monitora o território do índio isolado, Altair Algayer, afirma que: “Esse homem, que a gente desconhece, mesmo perdendo tudo, como o seu povo e uma série de práticas culturais, provou que, mesmo assim, sozinho no meio do mato, é possível sobreviver e resistir a se aliar com a sociedade majoritária. Eu acredito que ele esteja muito melhor do que se, lá atrás, tivesse feito contato.”

Quem é o indígena que vive isolado?

Sabe-se muito pouco sobre o indígena, mesmo tendo havido muitas pesquisas científicas sobre ele, além da publicação do livro O último da tribo: a busca épica para salvar um homem solitário na Amazônia, do jornalista americano Monte Reel.

Não se sabe o seu nome e nem o da sua tribo. Também é desconhecida a língua que fala. O apelido “índio do buraco” deve-se ao fato de o homem cavar valar profundas na floresta, que parecem armadilhas de caça ou locais de abrigo ou esconderijo.

Os rastros deixados pelo indígena indicam que ele cultiva milho, mandioca, papava e banana.

A importância do vídeo

Além da motivação política do vídeo, o único registro que havia do indígena era uma foto borrada, tirada por um fotógrafo acompanhante da Funai, que foi exibida no documentário Corumbiara, de 1998.

A região onde a tribo do indígena vivia começou a ser alvo de cobiça logo após a construção de uma estrada. Até hoje, presume-se que o indígena seja ameaçado por agricultores e madeireiros locais, visto que, em 2009, um acampamento temporário da Funai na região foi saqueado por um grupo armado. Além dessa ameaça, um contato pode ser perigoso para o indígena, pois ele pode ser vítima de doenças como gripe e sarampo.

Como diz Watson, nós não temos que saber nada sobre ele, que está vivendo a sua vida como pode. Entretanto ele simboliza algo que estamos deixando se perder: a riqueza da diversidade humana.

Por isso, o vídeo do indígena é uma prova do resultado do esforço contínuo para proteger os indígenas brasileiros.

Há alguns povos indígenas que vivem isolados na floresta amazônica. Eles são povos vulneráveis por estarem constantemente ameaçados por interesses econômicos, logo é emergencial que as áreas onde vivem sejam preservadas e protegidas.

Se você quiser ajudar as tribos isoladas, entre ação por aqui.

Assista ao vídeo mencionado aqui:




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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