Alimentos ricos em iodo para uma tireóide saudável


Em nossas aulas de Química, aprendemos que o iodo é um elemento químico não metal do grupo dos halogênios, sendo o segundo menos reativo e o menos eletronegativo de todos desse grupo. Ele foi descoberto na frança pelo químico Bernard Courtois, em 1811 a partir das algas marinhas e, por ser um oligoelemento, o iodo é considerado um nutriente muito necessário para o nosso organismo.

Dentre suas principais características podemos dizer que o iodo é um sólido negro e lustroso, com um leve brilho metálico e pouco solúvel em água, porém dissolve-se facilmente com substâncias orgânicas produzindo soluções de coloração violeta, como as que podemos comprar em farmácias convencionais.

O iodo pode ser utilizado de várias formas e, no organismo, ele é um elemento químico essencial, principalmente para as funções tireoidianas. Isso porque a tireóide produz os hormônios tiroxina e tri-iodotironina, que contém iodo. Quando ocorre deficiência ou excesso de iodo no organismo, podemos desenvolver doenças como o hipotireoidismo e hipertireoidismo, respectivamente.

Além disso, alguns tratamentos são feitos à base de iodo para tratar pessoas que tiveram ou têm câncer na tireóide, sendo necessária, em alguns casos, a remoção da mesma através de cirurgia. Para isso existe uma série de recomendações que o paciente precisa cumprir tanto em casa, evitando o contato com as demais pessoas do convívio, devido ao risco de contaminação pelo iodo, quanto com relação à alimentação, e é sobre isso que iremos falar mais especificamente neste artigo.

Existem alimentos que são ricos em iodo e seu consumo é indicado por alguns médicos funcionais, nutrólogos e nutricionistas para suprir a carência de iodo no organismo, ajudar no funcionamento da tireóide e, de quebra, substituir a ingestão de iodo em forma de suplemento.

Quer descobrir como? Então continue lendo este artigo!

Alimentos ricos em iodo

Que bom seria se pudéssemos substituir todos os medicamentos por alimentos, não é mesmo? Embora isso ainda não seja possível para todas as doenças, algumas delas podem ser amenizadas se utilizarmos os alimentos corretos a nosso favor. É o caso do iodo e as doenças que afetam a tireóide, como o hipotireoidismo e o hipertireoidismo.

Segundo o Dr. Juliano Pimentel, o iodo ajuda a tireóide a fabricar os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3). Por isso, se consumirmos a quantidade diária recomendada de alimentos ricos em iodo, ajudaremos a nossa tireóide a trabalhar corretamente e, consequentemente, a regular as funções dos hormônios em nosso organismo.

Os alimentos mais ricos em iodo são os que provém do mar, porém existem outros que também fornecem uma boa quantidade desse nutriente, como por exemplo o leite, os ovos e o sal iodado. Por isso, vamos conhecer quais os alimentos que contém mais iodo com base na ingestão diária de um adulto:

  • Alga marinha / algas secas – 1 folha inteira seca = 19 a 2.984 microgramas de iodo;
  • Cavala – 150 gramas = 255 microgramas de iodo;
  • Bacalhau selvagem – 3 colheres = 99 microgramas de iodo;
  • Peixes – 2 fatias = 35 microgramas de iodo;
  • Salmão – porção de 100 gramas = 71 microgramas de iodo;
  • Camarão – porção de 85 gramas = 35 gramas de iodo;
  • Lagosta – porção de 100 gramas = 100 microgramas de iodo;
  • Atum – 1 lata em óleo = 17 microgramas de iodo;
  • Peito de peru assado – porção de 85 gramas = 34 microgramas de iodo;
  • Ovos – 1 grande = 24 microgramas de iodo;
  • Ameixa – 5 ameixas secas = 13 microgramas de iodo;
  • Ervilhas verdes – 1 xícara cozida = 6 microgramas de iodo;
  • Berbigão – porção de 100 gramas = 160 microgramas de iodo;
  • Mexilhão – porção de 100 gramas = 120 microgramas de iodo;
  • Vagem – 2 xícaras = 3 microgramas de iodo;
  • Banana – 1 unidade média = 3 microgramas de iodo;
  • Morango – 1 xícara = 13 microgramas de iodo;
  • Cranberries – porção de 113 gramas = 400 microgramas de iodo;
  • Arenque – 150 gramas = 48 microgramas de iodo;
  • Cerveja – 560 gramas = 45 microgramas de iodo;
  • Fígado – 150 gramas = 22 microgramas de iodo;
  • Bacon – 150 gramas = 18 microgramas de iodo;
  • Batata – 1 unidade média = 60 microgramas de iodo;
  • Sal marinho iodado – 1 grama = 77 microgramas de iodo;
  • Sal rosa do himalaia – ½ grama = 250 microgramas de iodo;
  • Feijão branco – ½ xícara = 32 microgramas de iodo;
  • Iogurte natural – 1 xícara = 154 microgramas de iodo.

Lembrando que é importante consumir estes alimentos em sua forma orgânica e, no caso dos peixes, prefira os que não sejam de cativeiro, pois infelizmente os alimentos inorgânicos e os peixes de cativeiros são pobres em nutrientes, principalmente em iodo. No caso dos legumes e vegetais, isso se deve pelo fato do solo ser pobre em nutrientes, ocasionado pelo número de vezes que é utilizado.

Alguns nutricionistas ainda recomendam que, caso a ingestão de iodo esteja baixa, deve-se evitar o consumo de broto de bambu, cenoura, couve-flor, milho e mandioca, pois estes diminuem a absorção de iodo pelo organismo.

A justa quantidade de iodo

Como saber quanto de iodo devemos consumir diariamente para suprir nossas necessidades? Primeiramente recomendamos que faça um check up médico para saber como está sua saúde. Em uma consulta clínica você terá todo o diagnóstico do seu corpo através de exames laboratoriais e outros mais que o médico achar conveniente.

As dosagens de hormônios, vitaminas e nutrientes serão analisadas e, caso haja alguma irregularidade nos seus exames, o médico em questão poderá encaminhar o paciente para um nutrólogo ou nutricionista, que poderão prescrever alguns suplementos ou vitaminas, com base no resultado nos seus exames.

Em alguns casos, essa suplementação é feita com a inclusão de alguns alimentos específicos que irão suprir a deficiência de determinada vitamina ou nutriente. No caso do iodo, a quantidade necessária varia conforme a faixa etária e, de acordo com a Food and Nutrition Board no Instituto de Medicina das Academias Nacionais, as quantidades são:

  • Nascimento a 6 meses = 110 microgramas
  • 7 a 12 meses = 130 microgramas
  • 1 a 8 anos = 90 microgramas
  • 9 a 13 anos = 120 microgramas
  • 14 anos acima = 150 microgramas
  • Mulheres grávidas = 220 microgramas
  • Mulheres amamentando = 290 microgramas

Os sinais de carência ou de excesso de iodo

Como informamos anteriormente, tanto a carência quanto o excesso de iodo podem causar problemas no organismo, principalmente na tireóide e, para identificá-los, é importante estar atento aos seguintes sintomas:

  • Problemas na produção de saliva e na digestão de alimentos;
  • Glândulas salivares inchadas e boca seca;
  • Problemas de pele, incluindo pele seca;
  • Dificuldade de concentração e em guardar informações;
  • Dores musculares e fraqueza;
  • Aumento do risco de doenças da tireóide;
  • Maior risco de fibrose e fibromialgia;
  • Risco de desenvolvimento em bebês e crianças.

A falta de iodo no organismo pode levar ao bócio, que é o inchaço no pescoço devido ao aumento da tireóide que incha na tentativa de captar mais iodo do organismo. Além disso, a carência de iodo pode causar problemas cognitivos na criança, caso a gestante não faça a suplementação correta de iodo. Outra doença causada pela carência de iodo na gravidez é o cretinismo, que é o comprometimento no desenvolvimento físico e intelectual da criança causada pela diminuição da atividade tireoidiana.

Assim como a carência de iodo pode causar uma série de problemas no organismo, o excesso de iodo também. Além de causar sintomas como: diarréia, dor abdominal, náusea, vômito, taquicardia, lábios e ponta dos dedos azulados, o excesso de iodo no organismo pode levar à produção de anticorpos contra a própria tireóide.

Segundo o endocrinologista Geraldo Medeiros Neto, chefe da Unidade da Tireóide do Hospital das Clínicas (HC), quando a tireóide está com excesso de iodo, o corpo fabrica anticorpos (células brancas do sangue) que atacam a tireóide e acabam por destruí-la de forma parcial ou completa, caracterizando assim uma Tireoidite de Hashimoto. Os sintomas aparecem lentamente e são caracterizados por fadiga crônica, intolerância ao frio, ganho de peso, aumento do colesterol, queda de cabelo, unhas quebradiças e pele muito seca, dentre outros.

Devido às alterações na alimentação, principalmente na quantidade de iodo do sal de cozinha, o número de casos de Tireoidite de Hashimoto aumentou consideravelmente após alguns anos. Nos anos de 1955 e 1975 foram feitas tentativas de iodação do sal que falharam devido à compra do iodo que ficou por conta do salineiro. De 1982 a 1992, o salineiro ganhou o iodo por mérito do núcleo de trabalho no Ministério da Saúde, porém esse processo foi declarado ilegal e ficou paralisado.

Em 1995 foi aprovada uma lei que obrigava todo o sal do Brasil a ser iodado e o Ministério da Saúde forneceria o iodo. A iodação começou a ser feita na proporção de 40 mg a 60 mg de iodo por kg de sal, mas as usinas reclamaram que esses limites eram muito próximos. Por conta disso, os limites foram alterados para 40 mg a 100 mg de iodo por kg de sal, mas isso fez com que a dose de iodo ficasse em excesso.

Em 2001, foram realizados testes com a urina de estudantes e ficou comprovado que havia excesso de iodo na composição. Por isso, em 2003 a quantidade de iodo no sal foi reduzida para 20 mg a 60 mg de iodo por kg de sal. Ainda em 2005, após novas pesquisas, foram constatados níveis elevados de iodo em pessoas da região do ABC.

Segundo o Dr. Medeiros, esses níveis elevados de iodo no sal contribuem para o aumento da porcentagem de casos de Tireoidite de Hashimoto que em 1994 era de 9% e em 2006 dobrou de valor, chegando aos 18%. Esses casos demoram cerca de quatro a cinco anos para aparecer e se desenvolvem em pessoas geneticamente predispostas. As mulheres apresentam oito vezes mais problemas na tireóide do que os homens, devido à perda de iodo no período menstrual, na urina e na gravidez.

A importância do iodo na gravidez

É na gravidez que o organismo da mulher é mais exigido, pois ele precisa alimentar e nutrir tanto a ela, quanto ao bebê. Assim como os outros nutrientes, vitaminas e minerais, o iodo é essencial na gravidez, pois será responsável pelo crescimento do feto e desenvolvimento cognitivo.

A falta de iodo na gravidez está associada a abortos espontâneos, partos prematuros, retardo mental de crianças, problemas no crescimento, audição e fala, bem como no surgimento do cretinismo, já falado anteriormente. Além disso, bebês com cretinismo podem ser surdos e mudos, bem como apresentar efeitos congênitos e hipotireoidismo.

GRAVIDEZ: TODOS OS ALIMENTOS A SEREM EVITADOS

Para evitar todos esses problemas, é necessário sempre fazer o acompanhamento pré-natal, onde serão realizados os exames convencionais e, caso haja necessidade, será orientada a suplementação para suprir as necessidades da gestante e do bebê.

Normalmente, lactentes, crianças e adultos com deficiência de iodo são tratados com suplementos de iodo ingeridos via oral. Além do iodo, é necessário também suplementar com o hormônio da tireóide para repor a quantidade de hormônio que a tireóide não produziu suficientemente.

Como está a sua dosagem de iodo?

Vimos o quão importante não só o iodo, mas todos os nutrientes são para o bom funcionamento do nosso corpo e, mesmo assim, muitas pessoas conseguem ignorar estas informações ou simplesmente não tomam conhecimento delas. Por isso reforçamos a importância de um bom acompanhamento médico, pois se algo não vai bem, o melhor é investigar a causa.

Aprendemos que tanto a carência quanto o excesso de iodo desregulam nossas funções corporais, principalmente as atividades tireoidianas. Por isso é importante estar atento tanto no consumo de sal, frutos do mar e outros alimentos ricos em iodo, quanto na falta da ingestão destes. Em alguns casos, mesmo ingerindo alimentos que contêm iodo, pode não ser suficiente e é aí que entra a suplementação indicada pelo nutrólogo ou nutricionista.

Isso ocorre principalmente na gravidez em que a gestante passa por um desgaste maior com relação à quantidade de nutrientes e vitaminas necessárias para a formação do bebê. A lactente também deve continuar suplementando, pois a necessidade maior de iodo para a criança vai desde o seu nascimento até os 3 anos de idade. Se ocorre a deficiência, a criança irá apresentar problemas cognitivos, o desenvolvimento será prejudicado e doenças graves como o cretinismo poderão aparecer.

Diante de todas essas informações, reforçamos o lembrete do diagnóstico precoce obtido através de uma simples consulta de rotina, que poderá se desenrolar para uma bateria de exames de sangue e clínicos, caso o médico desconfie que algo não vai bem com a sua saúde, em especial com a sua tireóide. Esta pode ser uma glândula “inofensiva” e até mesmo desconhecida pela maioria das pessoas, mas possui um papel fundamental no funcionamento do organismo e o iodo é seu principal combustível. Fique atento!




Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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