Pílula do dia seguinte não é água: veja os riscos e tenha cuidado


A pílula é considerada um símbolo de liberdade sexual para as mulheres, pois, a partir do seu invento, elas puderam “ser donas do seu próprio corpo”, isto é, as mulheres puderam sentir prazer sem se preocuparem com uma gravidez. O prazer carnal sempre foi um tabu na vida feminina, seja por pressão social, seja por pressão religiosa. Ser mãe era algo dado como natural para a mulher, e não uma escolha.

Com a pílula do dia seguinte, mais um instrumento ficou disponível à mulher para evitar uma gravidez não planejada. Entretanto, esse recurso não deve ser usado como método preventivo, mas apenas como uma solução emergencial.

Muitas mulheres fazem uso frequente da pílula do dia seguinte por desconhecerem os seus efeitos colaterais. Ela deve ser usada com muito cuidado pois é uma verdadeira bomba hormonal.

{index}

O que é pílula do dia seguinte? Qual é a sua eficácia?

A pílula do dia seguinte é uma pílula contracetiva de emergência. É composta por medicamentos que podem prevenir a gravidez indesejada quando tomada das primeiras horas até 3 dias (72 horas) após a relação sexual desprotegida.

Mas não há nenhuma garantia de que a pílula funcione ainda que se saiba que a sua eficácia é maior quanto mais cedo ela for tomada.

O índice de eficácia varia entre 52% a 94%, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Como funciona a pílula do dia seguinte?

Existem dois tipos de pílula no mercado: uma cartela com apenas um comprimido de 1,5mg de levonorgestrel e outra com dois comprimidos de 0,75mg dessa substância. Naquela que tem duas doses, a primeira pílula deve ser tomada logo após o coito e a segunda, após 12 horas.

O levonorgestrel, que é um tipo de progesterona, ajuda a inibir ou retardar a ovulação, dificultando a passagem do espermatozóide e bloqueando a implantação do óvulo. Ou seja, o medicamento atua em duas frentes, quando não consegue impedir a ovulação e ocorre a fecundação, ele tenta impedir a nidação do zigoto através de alterações causadas à espessura do endométrio.

Entretanto, independentemente da dosagem, a pílula é uma “bomba hormonal”, já que é um método de emergência, e não preventivo, como explica a ginecologista Felisbela Holanda, da Unifesp.

A pílula do dia seguinte é abortiva?

A origem da vida ainda é um mistério não totalmente resolvido pela ciência.

A discussão sobre pílula do dia seguinte e aborto se dá porque o medicamento, como vimos, atua em duas frentes: na fecundação e na nidação. A pílula não seria abortiva se impedisse a fecundação, ou seja “a origem da vida”. Mas há quem diga que a pílula é abortiva ao impedir que o óvulo fecundado se fixe no útero. Tudo depende de saber “quando a vida se inicia”.

No Brasil há o consenso de que a pílula do dia seguinte não seja abortiva, portanto ela é legalizada e comercializada em nosso país que proíbe o aborto.

Existe o risco de engravidar tomando a pílula do dia seguinte?

Não há garantia de que pílula do dia seguinte funcione. Apesar de haver um alto índice de eficácia, o risco de ela não funcionar é de 5% se for tomada nas primeiras 24 horas após o ato sexual.

Isso é importante ressaltar pois a pílula não atua como método de prevenção e caso já tenha havido a formação do feto, a pílula do dia seguinte pode acarretar sérias consequências, como hemorragia e aborto, que são fatores de altíssimo risco para a vida da mulher.

O uso frequente diminui sua eficácia? Quanto?

De acordo com o ginecologista Marco Aurelio Pinho de Oliveira, os riscos de engravidar aumentam mais 5% a cada vez que se toma a pílula em um curto intervalo de tempo. O efeito porém não é cumulativo e sua eficácia volta a ser alta (máximo 95% de chance de não engravidar) alguns meses depois.

Efeitos colaterais da pílula

Dentre os demais efeitos da pílula, ela pode causar dores de cabeça e no corpo, náuseas, diarreia e vômito, além de alterar o fluxo hormonal da mulher, provocando sangramento, dores ou atrasos na menstruação. Mas isso não é nada se se pensar que os hormônios são tudo para a nossa saúde, eles regulam desde o nosso humor ao nosso metabolismo e a pílula, por ser uma bomba de hormônios, pode até engordar.

O uso de tabaco e álcool com a pílula é muito perigoso, pois tais substâncias potencializam os níveis de estrogênio no organismo, um vasoconstritor que incrementa o risco de haver derrame (Acidente Vascular Cerebral) e trombose.

Além disso, o uso frequente e irresponsável da pílula do dia seguinte pode até causar infertilidade.

Efeitos colaterais da pílula associada ao anticoncepcional normal

Se a pílula do dia seguinte já é uma bomba de hormônios (uma contém a quantidade hormonal de 10 pílulas) imagina se tomada juntamente com a pílula anticoncepcional normal de cartela. Apesar de não haver estudos sobre isso, os seus efeitos colaterais podem ser maiores e mais intensos, diz o ginecologista Claudio Bonduki.

DSTs

A gravidez pode não ser o pior dos problemas se se pensar que a pílula do dia seguinte não impede a transmissão de doenças realmente graves como a Aids, que embora a ciência tenha dado passos largos no tratamento, continua sendo uma doença sem cura; a sífilis, em epidemia no Brasil e cujo tratamento é cada vez mais difícil por causa da resistência ao antibiótico; a herpes genital, uma doença ligada ao câncer uterino e à tantas outras DSTs chatas e difíceis de curar.

Pílula do dia seguinte e infertilidade

Pílula do dia seguinte, como bem diz o título deste post, não é água. Seu uso frequente pode causar infertilidade, danificar trompas, causar gravidez ectopia (gravidez nas trompas), prejudicar o funcionamento do aparelho reprodutor feminino e dificultar uma futura e desejada gravidez.

Claro que cada caso é um caso e depende da quantidade tomada, mas é importante ressaltar os malefícios de um uso frequente e irresponsável.

Pílula do dia seguinte e feto

E se a pílula falhar? Ela irá prejudicar o feto? Provavelmente não mas alguns especialistas recomendam tomar a pílula do dia seguinte juntamente com ácido fólico para prevenir má-formação fetal e principalmente para prevenir a anencefalia (ausência de cérebro). O ácido fólico é recomendado sempre, em toda gravidez, inclusive antes dela, para as mulheres que pretendem engravidar.

Contraindicações

É sempre importante para a saúde fazer visitas regulares ao médico. No caso da pílula do dia seguinte, dada a emergência do método contraceptivo, é quase impossível consultar antes um ginecologista, mas há casos em que a pílula pode ser contra-indicada por exemplo em mulheres hipertensas, obesas, com sérios problemas vasculares, hormonais ou de sangue.

Prudência é a melhor prevenção

Se você não deseja engravidar, converse com o seu ginecologista sobre o melhor método contraceptivo para você. A pílula do dia seguinte é um recurso para ser usado em último caso. Ela tem vários efeitos colaterais, além de não impedir completamente as chances de você engravidar.

Talvez te interesse ler também:

PRIMEIROS SINTOMAS DE GRAVIDEZ:SERÁ QUE VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA?

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA SITUAÇÃO DELICADA REQUER APOIO VERDADEIRO




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...