Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres


No dia 25 de novembro comemora-se, anualmente, o Dia Internacional para a não-Violência Contra as Mulheres. Desde 1999, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece a data com o objetivo de alertar as pessoas de todo o mundo sobre os casos de violência e maus tratos contra as mulheres.

As mulheres são vítimas de violência física, psicológica e o assédio sexual. De acordo com estatísticas, uma em cada três mulheres sofre de violência doméstica. A violência contra a mulher não afeta somente as mulheres, mas é uma questão social e de saúde pública.

Este ano, a data é bastante simbólica no Brasil, já que foi votada, no dia 8 deste mês, a PEC 181/2011, que insere na Constituição a proibição do aborto em qualquer caso, inclusive os já previstos na legislação brasileira, como os casos de estupro ou de risco de morte para a mãe, conforme matéria da Carta Capital.

A aprovação da PEC configura um claro caso de violência contra as mulheres brasileiras, porque representa um grande retrocesso social em termos éticos e jurídicos, pois tal proposta fere os direitos humanos, as liberdades individuais e o direito de todo ser humano poder zelar por sua própria integridade física.

Proibir o aborto em casos de estupro é um ato grave porque perpetua uma barbárie, ao impingir à mulher carregar uma dor e, também, ao não garantir à criança que virá ao mundo o direito a ter uma família livremente constituída.

Também na publicidade vemos vários casos de violência contra a mulher, seja pela sexualização de seus corpos, objetificando-os e incitando a violência contra eles, como se fossem propriedade masculina, seja em propagandas que corroem a autoestima feminina, tentando convencer a mulher de que ela deve manter-se sempre jovem, bonita, desejável e magra. A publicidade direcionada à mulher a coloca em uma posição de atingir um ideal de beleza inalcançável, causando-lhe uma série de distúrbios físicos e psicológicos.

Quantas mulheres se submetem a dietas malucas, cirurgias plásticas, consumo desenfreado por não aceitarem a sua singularidade na diversidade? A publicidade, que age livremente com pouca regulamentação, tem um poder simbólico sobre os corpos das mulheres e na circulação de estereótipos sobre o feminino e, consequentemente, sobre o masculino, em nossas sociedades.

O alerta feito pelo documentário italiano “O corpo das mulheres” mostra como a televisão vem criando uma imagem da mulher desvinculada da realidade. Os programas populares na TV italiana, e também aqui no Brasil, representam a mulher de forma grotesca, vulgar e humilhante. A mulher real está desaparecendo desses espaços – que são públicos -, fazendo com que elas percam as suas identidades através de uma manipulação estereotipada de suas imagens.

Não podemos ler essas imagens de forma neutra, porque elas não são. Devemos nos perguntas por que tais imagens sobre o feminino, sobre a mulher, são construídas pela mídia, qual é a finalidade social dessas construções imagéticas? Por que as mulheres que aparecem na TV são todas jovem, com botox, maquiadas, têm corpos esculturais, formas curvilíneas? Por que apagar a marca do tempo de suas vidas, escondendo as suas histórias pessoais e quem elas são? Por que tornar invisíveis as mulheres reais? Quem ganha com esse tipo de representação sobre a mulher? Qual ideologia se perpetua com tais representações?

O machismo é uma ideologia que mata. Uma sociedade que respeita e cuida de suas mulheres cuida da vida. Combater a violência contra a mulher começa pelo respeito a sua singularidade, ao que ela pensa, ao que ela deseja. O respeito à mulher é uma prática cotidiana que deve ser realizada nas relações pessoais e profissionais. As mulheres ainda hoje ganham menos do que os homens, mesmo tendo uma carga de trabalho maior do que a deles.

São ações nos âmbitos pessoal e social, dando voz e condições de representatividade às próprias mulheres, que mostram e colocam em prática o respeito à mulher e à importância de sua participação na vida social.

Confira, a seguir, o documentário “O corpo das mulheres”:




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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