Estudo revela que substâncias de protetores solares chegam na neve do Ártico

Cientistas italianos lideraram uma equipe internacional de pesquisa que descobriu que os elementos químicos presentes em protetores solares usados na Ásia e Europa estão presentes na neve dos glaciares árticos. Esse achado preocupa, pois, devido ao derretimento do gelo, esses elementos podem causar sérios danos aos frágeis ecossistemas locais.

Os compostos químicos desses produtos de cuidado pessoal foram encontrados depositados na neve dos glaciares árticos, sinalizando a ampla contaminação humana que, aparentemente, não tem fronteiras. As substâncias dos protetores solares foram identificadas como tão prejudiciais ao ambiente que o Havaí e Palau já agiram para banir os que contêm certos componentes químicos.

• Os arquipélagos que declararam guerra aos protetores solares, pela paz da vida marinha

Esses elementos têm sido associados à morte dos recifes de coral e outros efeitos negativos nos organismos aquáticos. A detecção dessas substancias nos glaciares árticos traz preocupações quanto à sua provável entrada nos ambientes naturais, podendo causar desequilíbrios ecológicos graves. Esse processo está vinculado ao aquecimento global, alimentado pelas emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades humanas. A pesquisa, liderada pela Universidade Ca’ Foscari de Veneza, identificou as substâncias em cinco glaciares na península de Brøggerhalvøya, nas Ilhas Svalbard, um arquipélago a cerca de 1.300 quilômetros do Polo Norte.

As substâncias encontradas são comuns em protetores solares e outros produtos de cuidados corporais, como filtros UV e fragrâncias. Esses elementos, antes presentes apenas em áreas mais próximas dos centros urbanos, agora estão presentes até mesmo nas áreas mais remotas do Ártico. Isso ocorre devido ao transporte atmosférico de longo alcance, onde as massas de ar contaminadas, originadas de regiões distantes, atingem facilmente a região ártica.

A descoberta levanta sérias preocupações sobre os efeitos adversos que esses elementos químicos podem ter nos delicados ecossistemas do Ártico, representando uma ameaça séria ao meio ambiente.

Os detalhes completos da pesquisa, intitulada Chemicals of Emerging Arctic Concern in north-western Spitsbergen snow: Distribution and sources, foram publicados na revista científica Science of The Total Environment.

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