Coronavírus: no Reino Unido epidemia deve durar um ano


A epidemia de coronavírus deve durar mais 12 meses no Reino Unido, diz um documento secreto da Public Health England (PHE), com orientações para altos funcionários do NHS, o Sistema Nacional de Saúde do país.

Desfazendo as esperanças de que as temperaturas mais quentes trarão dias melhores, as estimativas do PHE falam em 7,9 milhões de pessoas hospitalizadas no país até a primavera de 2021 do hemisfério norte – outono no Brasil, portanto. Esse número corresponde a 15% da população britânica.

As informações são do The Guardian, que teve acesso ao documento e publicou uma matéria ontem, domingo (15), destacando a diferença de tom entre as comunicações públicas e as mensagens privadas trocadas entre os líderes dos órgãos de saúde do Reino Unido.

A notícia já circula entre os veículos de comunicação da Itália, o país que concentra, até o momento, o maior número de caso de coronavírus registrados na Europa.

Segundo o jornal britânico, o comunicado interno sugeriu que os chefes de saúde se preparassem, pois a estimativa é a de que 80% dos britânicos sejam infectados até o próximo ano.

O principal consultor médico do governo do Reino Unido, professor Chris Whitty, declarou recentemente que essa previsão se referia ao pior cenário possível, dando a entender que o número real acabaria sendo menor.

A matéria do The Guardian compara a declaração do médico com as palavras utilizadas no documento vazado, que, segundo a interpretação do jornal inglês, “deixa claro que quatro em cada cinco pessoas ‘devem’ contrair o vírus“.

A diferença de tom entre as declarações oficiais anteriores e o alerta contido no documento interno sugeririam uma clareza maior dos órgãos do governo em relação à dimensão da crise, que pode não apenas sobrecarregar a rede de saúde, mas também afetar outros serviços essenciais como a polícia, os corpo de bombeiros e o sistema de transportes, devido ao grande número de funcionários doentes.

O documento estima, ainda, que cerca de 500 mil pessoas ficarão doentes entre os 5 milhões considerados vitais, porque se dedicam a “serviços essenciais e infraestrutura crítica”. E o pior: isso pode acontecer a qualquer momento durante um pico da epidemia.

Segundo o The Guardian, entre esses 5 milhões estão 1 milhão de funcionários do Serviço Nacional de Saúde e 1,5 milhão da assistência social.

Para o professor de medicina da Universidade de East Anglia, Paul Hunter, estimar a duração de um ano da epidemia é plausível, embora a informação tenda a não ser bem digerida pela população.

“Para o público ouvir que pode durar 12 meses, as pessoas ficarão realmente chateadas e preocupadas”, disse ao Guardian o especialista em epidemiologia. “Um ano é totalmente plausível. Mas esse número não é bem apreciado ou compreendido”.

Enquanto isso, no Brasil….

Enquanto isso, a ficha parece não ter caído no Brasil, onde a pessoa que ocupa o cargo máximo do país de deu ao luxo de abandonar a quarentena para cumprimentar manifestantes de extrema-direita que se reuniram em frente ao Palácio da Alvorada neste domingo, em Brasília.

Um dos argumentos utilizados pelos que tentam minimizar a gravidade da pandemia é a baixa taxa de mortalidade entre os infectados. No entanto, nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para a sobrecarga representada pelo pico de internações, nem há país que resista com a paralisação de setores fundamentais.

É essa a preocupação explicitada pelo serviço de saúde britânico. Esse é o motivo do caos na Lombardia, a região mais rica da Itália. É por isso que, no Brasil, não deveríamos estar perdendo um tempo precioso.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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