Fantasia com 4.000 penas de faisão e preço de um carro popular: ostentação de dor e sofrimento


O Carnaval é uma festa de muita diversão, animação e cores, mas nem tudo é a alegria que parece. Por trás das fantasias carnavalescas das grandes escolas de sambas, existem confinamento, exploração e dor de milhares de aves de muitas espécies como, pavão, faisão, avestruz e outras.

As penas dessas aves são utilizadas como matéria-prima na decoração das fantasias das escolas de samba e, para tal finalidade, as penas são arrancadas do corpo desses animais de maneira nada agradável, aliás, pelo contrário, com requintes de crueldade.

Para se ter uma ideia como isso é doloroso, é só arrancar um pelo ou fio de cabelo do corpo, isso já dói! Imagina todas as penas do corpo, arrancadas a sangue frio, para virarem fantasias de Carnaval, quando existem alternativas de origem mineral, vegetal ou sintéticas para isso.

Crueldade em forma de fantasia

Neste ano, como em todos os outros, o Carnaval foi marcado por esse tipo de crueldade de forma bem ostensiva. Um exemplo disso ocorreu na última sexta-feira na comemoração aos 124 anos do cinema pela Escola de Samba Império da Casa Verde, homenageando e alegorizando algumas produções da Disney no sambódromo do Anhembi, em São Paulo.

No destaque, a escola de samba exibiu Magda Moraes na fantasia de Malévola, feita com quatro mil penas de faisão. Em entrevista ao site G1, a destaque declarou que a fantasia custou o preço de um carro popular.

O nome da sua personagem condiz com a crueldade imposta à confecção da fantasia. O uso de penas e plumas no Carnaval alimenta a engrenagem da crueldade animal com a criação e exploração de aves em cativeiro, com a finalidade de submetê-las a um doloroso e sofrido processo de extração de suas penas.

Faisões, gansos, pavões, patos, avestruzes e outras aves são vítimas da vaidade e do capricho humano que, por falta de empatia aos animais, por ignorância ou por uma errada noção de luxo, imputa a estes seres inocentes um preço baseado em um sofrimento nada comparável a um, dois ou 10 carros populares.

Como é o processo da retirada das penas

Uma das técnicas consiste em amarrar a pata da ave e arrancar as penas como se fosse um zíper. A ave é segurada pelo pescoço enquanto suas penas são arrancadas uma a uma e, devido à dor, ela reage se debatendo, acabando com isso por se machucar e até tendo fratura, além de todo o sofrimento que já passa nesse processo.

Além disso, ficam fragilizadas por não terem mais a proteção de suas penas, com a pele exposta e sujeita à infecções.

Parem! É demais para o estômago!

O comércio das penas que movimenta muito dinheiro

O Brasil é um dos maiores importadores de penas e plumas por causa do Carnaval.

Os Grupos Especiais das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo utilizam em torno de três toneladas de penas.

A utilização das penas no Carnaval movimenta uma verdadeira indústria e muito dinheiro, pois somente uma pena de faisão pode custar mais de R$ 100,00.

Cada escola de samba do grupo especial faz uso, por ano, de 70 a 150 kg de penas sendo que cada kg custa cerca R$ 2.500,00.

Para cada quilo de penas, é necessário o sofrimento de duas aves.

Ações para por fim a esse sofrimento animal

Em 2016, foi feita uma petição para que os carnavalescos das escolas de samba, parassem com o uso de penas nas fantasias.

Esta petição teve o apoio de 224.008 pessoas, mas, infelizmente, a crueldade continua.

Em 2017, a Escola de Samba Águia de Ouro homenageou os animais e, juntamente com a ativista Luisa Mell, mostrou que é possível fazer desfile de Carnaval sem o uso de penas ou outras matérias-primas de origem animal.

Alegria sem humanidade é frivolidade

Que a verdadeira alegria e a compaixão inspire as escolas de samba a pararem de contribuir para manutenção dessa crueldade para com as aves.

Somente assim, o Carnaval será realmente uma festa criativa e divertida de verdade, com consciência, respeito e sensibilidade!

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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