A nota para quem dá nota (as escolas deveriam mudar o método de avaliação do aluno?)


Quantas vezes ouvimos dizer que pessoas hoje reconhecidamente gênios, eram maus, ou péssimos, alunos na escola? Como os educadores, os métodos de ensino, as diretrizes dos governos podem melhorar o modo de avaliarem os alunos?

Problemas na avaliação

O que é ser inteligente? É ir bem na escola? Que tipo de alunos, cidadãos, trabalhadores queremos educar em nossa sociedade? O Brasil, sabemos, é um país onde infelizmente a educação ainda não recebeu a devida atenção como motor de desenvolvimento de uma sociedade. É sabido que o desempenho dos alunos no Brasil está abaixo da média mas, este seria um problema apenas da educação brasileira ou dos testes aplicados?

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigal em inglês), coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é uma avaliação trianual que traça o perfil educacional de cada país e apresenta indicadores de monitoramento dos sistemas de ensino com o intuito de melhorar as políticas públicas educacionais. As habilidades dos estudantes são avaliadas nas áreas de Ciências, Leitura e Matemática.

O resultado do desempenho dos alunos brasileiros divulgado ano passado não foi animador para a educação nacional. Nossos alunos obtiveram em ciências, 401 pontos (comparados à média do PISA de 493 pontos), em leitura, 407 pontos (comparados à média de 493 pontos) e em matemática, 377 pontos (comparados à média de 490 pontos).

Claro que temos muito que avançar na educação brasileira, mas é preciso se questionar quais são os métodos avaliativos usados. Será que eles, de fato, conseguem mensurar o que é ser inteligente, ou melhor, quais são as habilidades satisfatórias para uma pessoa ser considerada inteligente em um saber? Para que se possa ajudar no estabelecimento de políticas públicas educacionais, responder à estas perguntas é fundamental.

Inteligência ou inteligências?

Segundo Howard Gardner, psicólogo e professor de neurociência na Universidade de Harvard, não se pode falar em “inteligência” no singular, e sim em 8 diferentes tipos de inteligência.

Ele formulou, em 1983, a teoria das inteligências múltiplas para demonstrar que a nossa capacidade cognitiva não é um bloco unitário. Logo, testes que exigem respostas rápidas e curtas em avaliações sobre as habilidades em matemática e linguagem, por exemplo, podem não conseguir mensurar essas inteligências por ser muito redutor. Gardner propõe, no lugar de testes quantitativos, aqueles que tenham uma abordagem qualitativa e aberta.

Que nota dar a quem dá a nota?

Considerando que os métodos tradicionais de avaliação do aluno são muito redutivos, pois não conseguem aplicar a grande teia que compõe a inteligência humana, o que fazer para melhorar o método de ensino e a educação em um país?

O exemplo de Cingapura: menos notas é mais

Cingapura é um país que passou a liderar os rankings internacionais de educação. Mas como? O país oriental tem se concentrado menos em notas e passando a adotar uma reforma que exige de seus alunos a capacidade de lidar com adversidades.

Lim Lai Cheng, diretora da Universidade de Administração de Cingapura, explicou a iniciativa para a BBC. Cingapura quer investir em um modelo de ensino que fomente interação e o alcance de metas individuais. O sistema educacional do país era baseado na meritocracia, o que aprofundou a divisão social. A reforma visa a promover a igualdade social ao mesmo tempo em que os seus cidadãos possam atender à economia global, conectada com o digital.

Na prática, isso significa abolir notas e vagas nas melhores escolas, para acabar com a competitividade, e enfatizar valores e princípios. Para isso, as escolas estão deixando de aplicar exames padrões para concentrarem-se no desenvolvimento mais plural e integral de crianças e jovens.

Com esse novo método, os alunos são incentivados a incorporar valores como caráter, empatia, integração com outras pessoas, responsabilidade social, enquanto trabalham para atingir as suas metas pessoais.

Com essas medidas, Cingapura pretende que os seus alunos, como futuros cidadãos, sejam capazes de ser éticos e aptos para enfrentar os desafios do trabalho.

Um futuro promissor

Se pararmos para pensar no que o futuro promete…infelizmente veremos que promete faltar trabalho pra todo mundo. E nós ainda estamos pensando que tirar 10 em todas as matérias garantirá o trabalho bem remunerado que proporcionará bem-estar e riqueza. Nada mais errado do que isso!

Então em que tipo de educação investir? Miremos o exemplo de Cingapura que já está avante. Se o modelo deles der certo, está aí um bom exemplo para servir de inspiração e esperança em construir um mundo mais colaborativo, menos competitivo, mais feliz e justo, onde haja espaço para todos.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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