Pressão para ser bonita: estudo revela preocupação já em meninas pequenas


O machismo tem muitas faces e uma delas se apresenta na pressão que as mulheres sofrem para serem bonitas. A ditadura à qual as mulheres são submetidas para apresentar uma aparência desejável, jovem e bela começa quando elas ainda são meninas pequenas.

A SuperAbril fez uma matéria acerca de uma pesquisa realizada pela organização britânica Girlguiding com cerca de 1.600 garotas entre 7 e 21 anos que mostra que 25% das meninas entre 7 e 10 anos dizem que se sentem pressionadas a terem um corpo “perfeito”.

Essa revelação assustadora vem acompanhada de uma outra: 61% das garotas entre 7 e 21 anos não se sentem bem com a própria aparência.

Enquanto as meninas deveriam brincar, elas sentem o peso que acompanha a maioria das mulheres por toda a vida. Um terço das que têm entre 7 e 10 anos afirmam que se sentem induzidas a pensar que o mais importante sobre elas é a aparência e cerca de 38% delas sentem que não são “suficientemente bonitas”.

A representação que a mídia faz das mulheres e o tratamento objetificado que recebem, criam as condições para esse tipo de violência simbólica, bem como de outras, como baixa autoestima e assédio sexual, além de o risco de serem violentadas, abusadas e vítimas de feminicídio.

Mudar conceitos

Até os 10 anos, as meninas já sabem e sentem que as mulheres são julgadas mais pela aparência do que por suas capacidades. E mais da metade das entrevistadas disseram que o mais importantes para as suas vidas é mudar esse julgamento sobre a aparência das mulheres.

A ativista da Girlguiding, Liddy Buswell, que tem 18 anos, disse que os resultados da pesquisa chocam, mas que não surpreendem. Ela defende que: “Nenhuma menina deveria se preocupar com a aparência — ela deveria estar se divertindo e se curtindo. A pesquisa deste ano é uma condenável indicação de que algo precisa ser feito para atacar esse crescente problema”.

Na mesa direção comenta Nadia Mendoza, cofundadora da associação britânica Self Esteem Team. Para ela, os resultados não são uma novidade e a saúde mental e a autoestima dos jovens são afetados pela pressão sobre o quesito “aparência”. Segundo ela, “especialistas estimam que os quatro problemas mentais mais comuns enfrentados pelos adolescentes — ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e autoflagelação — aumentaram em 600% na última década no Reino Unido”. Ela considera, ainda, que esse problema não é enfrentado apenas por meninas, mas pelos jovens, em geral.

Mendoza argumenta que o papel dos pais é fundamental na construção da autoestima dos filhos. Eles devem ficar “atentos à linguagem que usam em casa, por exemplo, se a mamãe não quer comer pão porque ‘me deixa gorda’; a criança pode e realmente absorve essas mensagens sobre a imagem do corpo”.

A Girlguiding, durante este mês, está desafiando as pessoas a pensarem sobre a forma como elogiam as meninas e pedindo para não enfatizarem a aparência delas.

Elogios construtivos

Todo mundo gosta de receber elogios, mas devemos ressaltar através deles os que valorizam quem é a pessoa. Dizer aos filhos que eles são “lindos”, “arrumados”, “limpinhos” é legal, mas existem outros que são mais construtivos para a personalidade da criança como: “como você é generoso!”, “atencioso!”, “cuidadoso!” e por aí vai.

O relatório da Girlguiding pode ser conferido na íntegra aqui.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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