Abrasco diz ter sido mal interpretada


A Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco – diz ter sido mal interpretada em sua Nota Técnica sobre a relação do uso dos larvicidas com os casos de microcefalia.

A Nota Técnica, a qual nós também divulgamos porque julgamos de grande interesse, levanta questões sobre o que ninguém ainda sabe e sobre o que vem assustando a população e a comunidade científica, inclusive internacional: o que tem causado o surto de microcefalia no Brasil?

Em sua Nota, a Abrasco claramente critica a nossa má gestão em saneamento problematizando “o uso de produtos químicos numa escala que desconsidera as vulnerabilidades biológicas e socioambientais de pessoas e comunidades”. A Abrasco muito sabidamente alerta que “o consumo de tais substâncias pela Saúde Pública só interessa aos seus produtores e comerciantes desses venenos.”

O país e o mundo em alerta

Olimpíadas à porta e todos em alerta, o Brasil pode espalhar o vírus pelo mundo afora (inclusive a Abrasco faz uma ligação entre a Copa do Mundo e os casos de microcefalia em São Lourenço da Mata, PE – ver item 4 da Nota).

Em um vai e vem de informações, que no final das contas podem até assustar, mas ajudam a buscar as respostas que todos procuram, todas as possibilidades podem e devem ser levantadas.

O que se sabe até agora é que o zika vírus foi encontrado no cérebro de alguns bebês nascido mortos e no líquido amniótico de algumas gestantes. Uma investigação científica está em curso para tentar esclarecer as causas do surto de microcefalia no país mas, como se sabe, uma investigação científica séria não se faz da noite para o dia. O número de casos, e as ligações entre eles, tem 1001 faces que precisam ser investigadas. Nem todas as grávidas que tiveram zika vírus tiveram bebês com má-formação. Os fatores que poderiam fazer a diferença vão desde a má alimentação da mãe ao uso da água com larvicida, ou a existência sistemática de agrotóxicos no entorno, por que não?

A Abrasco denuncia a falta de uma política séria em saneamento ambiental. A dengue é já um nosso problema antigo que não conseguimos combater quando chega o zika para atordoar todo mundo com um zunzunzum sem fim. Na Nota da Abrasco só faltou denunciar os mosquitos transgênicos que no final das contas têm um efeito parecido com o pyriproxyfen, ou seja, impedir que o mosquito chegue à fase adulta.

Tais medidas, além de paliativas – pois vimos que fumacês não funcionam, aliás, à parte PODEREM causar má-formação fetal, podem aumentar a resistência do animal fazendo com que precisemos de doses cada vez maiores de químicos para combatê-los – interessam somente ao fabricantes dos venenos, como bem disse a Associação.

De tudo isso fica apenas uma certeza: é preciso evitar a picada do mosquito e isso passa por questões ambientais, de gestão do lixo, do saneamento. A população limpa sua casa, evita água acumulada, daí chove e o mosquito põe seus ovos em um potinho de iogurte jogado no chão. A larva é super resistente, o mosquito é super adaptado à vida na cidade. Estas questões podem ser lidas no post:

E para acabar, tem uma outra questão difícil de saber e muito difícil de tocar: nesse zunzunzum todo, alguma mulher rica teve filho com microcefalia? É! A investigação científica precisa de dados desse tipo também para poder entender afinal, o que vem causando o surto de microcefalia no Brasil.

Talvez te interesse ler também:

A REALIDADE DO ABORTO, COM OU SEM MICROCEFALIA NO HORIZONTE

ZIKA VÍRUS: PREVENIR É FUNDAMENTAL, CONHEÇA 7 AÇÕES PARA PREVENÇÃO




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...