Na semana passada uma das maiores tragédias ambientais do Brasil aconteceu quando a barragem de rejeitos de Mariana, em Minas Gerais, foi rompida e inundou parte da cidade. Infelizmente, a lama seguiu curso até alcançar o estado do Espírito Santo, ocupando toda a calha do Rio Doce, deixando um verdadeiro rastro de destruição para a vida aquática que lá habita.
As imagens são tristes. Os peixes, dourados, surubins, pacus, tucunarés, pintados e outras espécies, são gravemente afetados pelos resíduos de mineração da Samarco (aliás, a avaliação oficial dos minérios e outras substâncias contidas na lama sai para quando mesmo?), e agonizam às margens do rio.
Especialistas estimam que a passagem da lama e dos produtos químicos tenha reduzido drasticamente a quantidade de oxigênio presente nas águas, levando os milhares de peixes à morte por asfixia.
Já é possível enxergar a morte de vários deles em algumas partes do Rio Doce, em uma visão que comoveu as testemunhas. Algumas delas foram para registrar o acontecimento, outras para lamentar a tragédia que prejudica a única fonte de sustento de vários moradores da região, e uma outra parte para tentar agir e salvar alguns peixes.
“Quando chegamos lá, vimos os peixes sufocando na superfície e, quando a gente chegou mais perto, conseguimos ver que não eram só os peixes maiores, eram os caramujos, os camarões tentando subir nas pedras, que estavam muito quentes. Mas eles preferiam subir a ficar naquela água, que eu não faço a mínima ideia do que tem nela”, disse o fotógrafo Leonardo Merçon, do Instituto Últimos Refúgios.
Em meio a tragédia, pescadores da região decidiram convocar um mutirão para resgatar os peixes sobreviventes e transportá-los para águas limpas.
A operação foi batizada de “Arca de Noé”, uma força-tarefa voluntária para salvar os peixes do Rio Doce e outros que ainda serão afetados no percurso imparável do “tsunami de lama” que avança impiedosamente.
O administrador José Francisco Silva de Abreu, presidente da Apard (Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Doce), vive em Governador Valadares (MG), falou sobre o assunto. Abreu relatou muito bem o que aconteceu com os peixes depois que a lama chegou nos rios: “Sim, matou tudo”.
“Eu apoio o mutirão para transferir os peixes. Fomos pegos de surpresa quando a lama chegou aqui, não deu nem para se preparar”, diz. “A gente via a agonia dos peixinhos até a morte. Digo com tranquilidade que hoje não resta um único ser vivo ali dentro.”, conclui Abreu.
A Samarco, mineradora responsável pelo desastre – uma das responsáveis melhor dizendo – afirmou em nota que “adotará as ações necessárias para identificação e mitigação dos impactos e reportará aos órgãos ambientais competentes”.
Recentemente a presidente Dilma Rousseff esteve em Minas Gerais e no Espírito Santo para avaliar a situação com seus próprios olhos, e afirmou que a empresa será multada em 250 milhões de reais pelo desastre.
O valor é duramente criticado pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, responsável por acompanhar as famílias que sofrem com a mineradora desde o ano de 2013 (tragédia anunciada?).
“A multa não chega à metade do valor doado por mineradoras para campanhas eleitorais no ano passado”, alega a secretária Katia Visentainer, com base em dados públicos relacionados às eleições de 2014.
A mineradora também foi imbuída pelos poderes públicos de organizar uma ação extensa para salvar o maior número de peixes que puder.
E depois dizem que a “salvação” do país é entregar tudo para o setor privado. No Brasil, e no mundo, existem pessoas ruins, gananciosas e corruptas em todas as esferas da sociedade. Quando só nós sofremos com isso, revolta, mas, ainda assim, é problema do ser humano que se nega a evoluir. Triste mesmo é quando o restante da vida no planeta paga pelos nossos erros.
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Fonte foto: ultimosrefugios.org
Categorias: Ambiente, Informar-se
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