Mistério na Amazônia: novas evidências sobre os geoglifos


Lembra que o GreenMe também falou sobre os que foram escavados por povos indígenas? Eles deixaram ali centenas de valetas, chamadas de geoglifos, que se transformara em um mistério para os cientistas, que levantaram a hipótese de que se tratava de alguma prática ritualística.

A suspeita dos arqueólogos é de que as estruturas, que ocupam 13.000 quilômetros quadrados, não foram construídas para a criação de cidades. Ou seja, muito antes de os europeus chegarem por aqui, os povos indígenas já manejavam as florestas, reforçando a habilidade no uso da vegetação como forma de subsistência sem degradar a floresta.

Mistério pode ter chegado ao fim

Parece que, finalmente, os cientistas descobriram o mistério dos geoglifos da Amazônia, segundo a Folha de S. Paulo. Os misteriosos desenhos geométricos espalhados pelo território do Acre, alguns chegando a medir cerca de três quarteirões de diâmetro, pareciam indicar a presença de sociedades indígenas complexas e populosas. Entretanto, uma análise nova sugere que os geoglifos tinham vida curta, bem como eram construídos por grupos indígenas pequenos.

Essa conclusão acaba de ser publicada na revista científica americana “PNAS”, revelando que tal enigma se deve às poucas informações sobre a pré-história amazônica. Segundo a arqueóloga Denise Schaan, da Universidade Federal do Pará (UFPA), os geoglifos mostram duas coisas: “a Amazônia foi grandemente manipulada por povos do passado; e isso se deu de formas diferentes nos diferentes lugares, de acordo com condições ecológicas específicas e com a bagagem cultural de cada povo”.

Os geoglifos da região acreana foram identificados recentemente devido ao avanço do desmatamento no Estado, já que antes estavam cobertos pela mata. Não há muitos utensílios, como cerâmica pré-colombiana, perto dos desenhos nem sinal de ocupação humana de longo prazo. Os estudos sugerem que a maior parte deles foi feita entre 2.000 anos e 650 anos atrás. Por enquanto, a hipótese mais aceita pelos cientistas é de que os geoglifos funcionavam como centros de rituais, pois parece que ninguém morava lá.

As pesquisas revelam, também, sinais de grandes queimadas na região. Isso indica que os grupos indígenas mudaram a composição de espécies da floresta a seu favor, para que elas lhes servissem de alimento, como as palmeiras que produzem a pupunha, que se tornaram as principais árvores manejadas pelos nativos da Amazônia.

Antes de os portugueses chegarem ao que viria ser o Brasil, embora haja esses sinais de mudança na vegetação, elas não provocaram um grande impacto, já que as regiões próximas aos geoglifos não costumavam ser desmatadas. As florestas foram alteradas pelos grupos locais, mas o desmatamento não era uma prática permanente ou em larga escala.

Na opinião de Denise, a sociedade que construiu os geoglifos deveriam ser grupos de aproximadamente 200 pessoas que se reunia para construir ou reformar alguns desses locais. Ela calcula que, em algum momento, pode ter havido uma população de 6.000 pessoas dividida em 30 grupos. Algumas delas deviam ser moradoras da região, outras seriam visitantes das festividades e outras, ainda, seriam nômades.

Mais detalhes dessa história precisam, ainda, ser descobertos, pela comunidade científica.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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