Os indígenas são os verdadeiros defensores do clima, contra o desmatamento e o aquecimento global


Um novo estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) demonstra a relação positiva dos indígenas com as florestas, na preservação do clima e do meio ambiente.

Segundo o Ipam, foram levantados dados de precipitação e desmatamento desde 2013 e sua análise demonstra a influência benéfica da ocorrência de aldeias indígenas como barreira para o processo de desmatamento e manutenção do estoque de carbono nas áreas protegidas pelos povos tradicionais da floresta. A pesquisa foi mais intensa nas áreas do Parque Nacional do Xingu.

A análise das imagens de satélite e dos dados pluviométricos permitiram concluir que a preservação de grandes maciços florestais, pelos povos indígenas, é fator determinante para a manutenção das temperaturas mais amenas e de um regime pluviométrico equilibrado, contribuindo, portanto, de uma forma direta para a manutenção do equilíbrio climático nas grandes áreas.

Os dados existentes para o período de 2000 a 2014 apontam uma taxa de desmatamento, em terras indígenas, da ordem dos 2% e, nas áreas de entorno, não protegidas, de mais de 19%. A análise destes dados comparativamente, permite avaliar a importância da preservação de grandes estoques de floresta em correlação com o aumento da frequência de períodos anômalos de seca ocorridos na Amazônia.

Nos 10 anos de análise, de 2000 a 2012, comprovou-se que mais de 50% do território indígena foi afetado, direta ou indiretamente, por períodos de seca que resultaram em sérios impactos à segurança alimentar dos povos indígenas, pelas variações ocorridas na disponibilidade de alimentos. Por outro lado, com as secas ocorrem uma maior incidência de incêndios florestais que perturbam a biota amazonense, adaptada a um clima úmido e de alagamentos frequentes.

Uma conclusão muito significativa dos estudos do Ipam é de que, a proteção, preservação e, consequentemente, a demarcação e defesa das terras indígenas, e das aldeias que nelas habitam, é fator estratégico para toda a população brasileira já que, o desmatamento da Amazônia afeta o clima do país como um todo, alterando o ciclo das águas disponíveis.

Fernanda Bertolotto, do núcleo de pesquisas do Ipam, o objetivo dos estudos realizados: “esperamos que com esses dados, consigamos influenciar que os povos indígenas não fiquem a reboque nas discussões das políticas públicas que estão sendo implementadas, para a redução do desmatamento. Desejamos também, com esses estudos, que demonstrando a importância dos povos indígenas para esses territórios, a gente consiga fortalecer a implementação da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, direcionada para ações de diretrizes para a gestão territorial”.

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Fonte foto: fotospublicas




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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