Chapada dos Veadeiros: ambientalistas e empresários em colisão


Originalmente, planos de manejos são ferramentas jurídicas para controlar e proteger o meio ambiente da exploração predatória do homem, mas não parece o caso do plano de manejo proposto pelo governo de Goiás, comandado por Marconi Perillo, em dezembro de 2014, para exploração da Chapada de Veadeiros, santuário ecológico do estado, que abriga o parque declarado Patrimônio Natural da Humanidade, e que colocou ambientalistas e empresários do setor do agronegócio em rota de colisão.

Há vários pontos polêmicos na proposta. Entre os maiores, estão a permissão para pulverização aérea de agrotóxico, o aval para a implantação de hidrelétricas e regras para delimitação de zonas protegidas. O alvo das novas normas é a Área de Preservação Ambiental (APA) Pouso Alto, com 872 mil hectares, mais de 2% do território estadual.

A APA em questão está distribuída em seis municípios: Colinas do Sul, Nova Roma, Teresina de Goiás, São João da Aliança, Alto Paraíso e Cavalcante. Os três últimos são destinos muito procurados da Chapada por turistas em busca de belas cachoeiras ou de experiências místicas.

Essa região é de enorme importância para o abastecimento da bacia do Rio Tocantins, para a biodiversidade e também, como já foi dito acima, para o turismo brasileiro, tão difundido internamente e lá fora por suas belezas naturais. Os ambientalistas acreditam que a aprovação dessa proposta para o plano de manejo crava mais uma etapa rumo à extinsão do bioma Cerrado.

As conversas entre as partes são tensas e ainda não houve um acordo. No final de fevereiro aconteceu nova reunião entre os interessados, a sétima reunião ao todo, reunindo o conselho consultivo da APA Pouso Alto que tenta chegar a um acordo em relação aos termos da proposta.

Os ambientalistas, porém, não estão satisfeitos com o que está sendo proposto e até pedem a intervenção da presidente Dilma Rousseff, por meio de Abaixo-Assinado online.

Os produtores alegam que as alegações são exageradas e que essas previsões não ocorrerão se o plano de manejo for aprovado da forma que está.

Ainda há os receios com a ampliação da pulverização aérea, , presidente do Sindicato Rural de Alto Paraíso de Goiás, este risco não existe: – Só cerca de 0,5% da área usada para agricultura receberia essa pulverização. É claro que precisamos ter regras; tudo que é mal feito dá problemas no futuro. Mas a possibilidade de uma contaminação, dentro da legislação que já existe, é quase nula – defende Ribeiro, que faz parte do conselho consultivo da APA.

Não é assim que pensa Marcos Saboya, outro conselheiro da APA representante da ONG Rede Integrada Verde. Ele refuta os argumentos de Ribeiro afirmando sobre a tendência de ampliação da técnica de agrotóxicos jogados por via aérea. Essa ótica é defendida também pela chefe do Parque Nacional Chapada dos Veleiros, Carla Guayatamete: – Defendemos que não haja pulverização aérea em nenhuma parte da APA, estancando o que hoje ainda acontece em uma área muito pequena. Sabemos que essa técnica impacta demais os corpos hídricos – Carla, que fala sobre sobre “uma falta de critérios” e “marcações sem sentido.”

A última polêmica do processo envolve as delimitações de área dentro da APA com mais ou menos restrições, denominadas zona 1 e 2, e que, mais uma vez, não agrada a todos.

É mesmo difícil achar um consenso quando há tantos interesses e visões em jogo, mas a defesa do bem comum, de um Patrimônio Natural da Humanidade, deve prevalecer em detrimento de um desenvolvimento econômico bastante duvidoso.

Assine a petição on line.

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Fonte foto: wikipedia.org




Redação greenMe

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