Alguém poderia estar lucrando com a destruição da Grande Barreira de Corais?


A Grande Barreira de Coral australiana é uma imensa faixa de corais composta por recifes de quase de 3.000 quilômetros de comprimento.

Um fenômeno chamado de branqueamento do coral (morte dos pólipos responsáveis pela construção dos recifes de coral), já atinge 95% da região da Grande Barreira de Corais, conforme estudos recentes. O problema se caracteriza pela perda da cor das colônias devido ao estresse ambiental, muito ligado à mudança climática mas não apenas.

O El Niño, desastres ambientais, diminuição da salinidade ou o assoreamento de um recife também podem causar a morte das colônias.

Fala-se da pior crise desde sempre e cuja devastação está vindo à luz apenas recentemente. A água excepcionalmente quente vem matando a metade dos corais nas seções do norte e a tendência deve continuar para os próximos 20 anos.

Alguém poderia estar lucrando com esta destruição? Quem?

Esta pergunta foi feita pelo The Guardian em um artigo assinado por David Ritter. Com base em estudos, o autor afirma que a indústria do carvão seria o único culpado, pois a mudança climática é a maior ameaça à Grande Barreira de Corais e a queima de carvão é o maior motor da mudança climática. O recente branqueamento em massa catastrófica do recife se deu 175 vezes mais provavelmente pela mudança climática causada pelo homem, conforme um estudo feito pela Universidade de Melbourne, citado em seu artigo.

A culpa também seria de toda a indústria dos combustíveis fósseis, além do carvão, as do petróleo e do gás – em todo o mundo!

Seguindo a lista dos que lucram com o desastre, estariam, por consequência, todos os setores que apoia e defende a indústria do carvão: contadores, advogados e consultores que muitas vezes, por “profissionalismo”, negligenciam o problema.

Em seguida, viriam bancos e outras instituições financeiras. Toda vez que um banco empresta dinheiro à uma empresa de mineração de carvão, passa a contribuir para o dano causado à Grande Barreira de Corais. David Ritter aponta um fato horroroso de tão simples: a Grande Barreira de Coral pode estar sendo destruída simplesmente por não se encaixar em um modelo de negócios que possa salvá-la.

E o turista, de que lado estaria? A indústria do turismo está em uma posição particularmente complicada. Diz o autor do artigo que a primeira vez que conheceu uma pessoa ligada à indústria do turismo em Queensland, e pediu-lhe para falar sobre o recife, a pessoa baixou a voz para dizer que sabia que o problema era muito sério, mas não quis falar publicamente sobre o assunto. “Se falarmos, as pessoas vão pensar que não vale a pena visitar o recife”, disse.

Algumas operadoras de turismo se sentem embaraçadas e teriam que rotineiramente recusar a mídia e os políticos para ver o branqueamento do coral. Mas também existem, por outro lado, empresas de turismo dispostas a explanar e exigir ações contra as mudanças climáticas, incluindo o fim da expansão do carvão.

A situação é complicada pois envolve grandes somas e Queensland precisa de um plano para garantir um futuro florescente. Soluções são possíveis, precisaria, como em tudo, vontade política de mudar em um cenário que não prejudique dentro de uma mudança político-social brusca, os trabalhadores da indústria do carvão.

Na iminência de perdermos a magnífica Grande Barreira de Corais para a ganância das corporações dos combustíveis fósseis e seus amigos, é hora mesmo de falarmos sobre o assunto e de exigirmos mudanças. Mudanças são sempre difíceis e requerem força, mas podem garantir um futuro melhor para todos.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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