Zoológicos x santuários. Qual é melhor, ou menos pior, entre eles?


Zoológicos são lugares cada vez mais boicotados por pessoas preocupadas com o cuidado aos animais, porque cresce a consciência de que os animais não nasceram para nos divertir, nem devem ser confinados e maltratados para serem expostos em vitrines. São muitas as denúncias sobre maus tratos e exploração de animais pelo mundo todo.

Santuários x zoológicos

Apesar de todos esses problemas, há muita gente que acredita serem os santuários lugares melhores para os animais, como defende a ativista em direitos dos animais Luisa Mell.

Em sua página no Facebook, a apresentadora contou a história triste de um urso polar que vive em um zoológico na Argentina. Muitas pessoas escreveram para ela dizendo que alguns zoológicos cuidam dos animais. Entretanto, segundo Luisa, lugares que são lares de recuperação para animais não devem ser confundidos com zoológicos, pois eles são santuários.

A diferença seria que os zoológicos têm fins lucrativos. Eles compram animais de caçadores especializados, de circos ou os capturam na natureza para transformá-los em atração para os visitantes, que pagam entradas. Já os santuários são locais que recebem animais vítimas do desmatamento, da caça, dos circos e dos zoológicos para dar-lhes cuidados e, se possível, eles são reintegrados à natureza após a sua recuperação.

Zoológicos com missão conservacionista

Mas será que essa divisão corresponde à realidade? Segundo o médico-veterinário e diretor-presidente da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Gerson Norberto, há exemplos de zoológicos que não são exploradores, como o próprio zoo de Brasília e o Simba Safari de São Paulo.

Em entrevista à Rádio Nacional de Brasília, Gerson conta que a Fundação a qual preside, tem uma missão conservacionista e trabalha com um programa oficial de soltura dos animais. A instituição possui 826 animais que passam por etapas de manejo, tratamento clínico, condicionamento e enriquecimento ambiental. No zoo, há onças, vários tipos de aves, lobo-guará, entre outros animais, que aprendem a lidar melhor com a presença humana e a caçar em novos habitats.

Infelizmente, as ações de soltura, após serem seguidas várias etapas, não são nada simples, conforme ele explicou na entrevista (clique no link em verde para ouvi-la na íntegra). Após todos os procedimentos, apenas 25% dos animais são inseridos nos programas oficiais de soltura.

Os zoos deveriam ser mesmo lugares apenas para a preservação das espécies e para as ações de soltura e nunca de enclausuramento animal para o entretenimento humano.

De onde vêm os animais do zoo?

Muitos dos animais do Zoo de Brasília nasceram na própria Fundação, uma vez que seus pais estavam debilitados por causa da caça e acabaram se reproduzindo por lá, enquanto outros foram direcionados para o programa.

Há quem defenda zoos em vez de santuários

Yara de Melo Barros, que é Presidente da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil e Diretora Técnica do Parque das Aves, defendeu no site oeco que os zoos têm sido demonizados em função dos santuários, lugares que têm passado imunes às críticas.

Segundo ela, muitos santuários mantêm animais em cativeiro e em condições inadequadas, e muitas pessoas não questionam isso, porque eles passaram a representar o “bem” para os animais.

Zoos custeiam conservação

Yara explica que, no mundo todo, os zoológicos são os terceiros maiores financiadores de ações conservacionistas, das quais dependem muitos animais em extinção ou ameaçados de extinção.

Acontece que os trabalhos de conversação das espécies custam muito caro, além de esse custo incluir boas condições de tratamento aos animais. Logo, a arrecadação dos zoológicos é fundamental para cobrir esses custos.

A grande crítica é que os animais não sejam colocados em exibição, para mero divertimento, pois, em muitas zoológicos, por exemplo, os chimpanzés ficam 8 horas em exposição e as demais 16 horas dentro de cubículos fechados. Eles não têm privacidade e vivem a maior parte do tempo enclausurados. Na natureza, esses animais vivem livres em busca de alimentos, durante o dia, e à noite descansam na copa das árvores.

Animais livres em santuários

O Projeto Gap explica que, em zoológicos, os chimpanzés não comem durante o dia, como meio de forçá-los a entrar no cubículo fechado no fim do dia, onde comem e ficam trancafiados. Isso altera o seu ciclo biológico de alimentação e do sono. Os primatas humanos ou não devem comer várias vezes durante o dia, mas os chimpanzés aprisionados comem apenas antes de anoitecer, uma vez por dia.

O Santuário do GAP recebe os chimpanzés em um território de 4 a 5 mil metros quadrados, onde eles têm total liberdade e alimentos à disposição durante as 24 horas do dia. Eles vivem livres e comem a comida “como é”, em estado natural – além de eles comerem quando desejam. Em termos de alimentação, segurança e socialização, os santuários oferecem a melhor vida existente, dentro do possível, já que o ideal, claro, é que os animais vivessem na natureza.

Antes de criticar, é melhor se informar

O que importa, de fato, é que, independentemente de ser um zoológico ou santuário, que o local adote ações de preservação das espécies, proporcione o bem-estar dos animais e não simplesmente os explorem para fins de diversão ou entretenimento do homem. No caso dos zoos, eles deveriam ter como única e exclusiva meta a preservação com vistas à soltura, por mais complicado que isso possa ser.

Não financie (comprando ingresso) zoológicos que não tenham como princípios o da preservação animal, a conscientização ambiental e o respeito à vida.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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