Festival de carne de cachorro na China segue apesar da revolta mundial


Falar sobre alimentação é uma questão delicada, pois sabemos que ela se relaciona com questões culturais.

Na cidade de Yulin, no sul da China, ocorre um festival anual de carne de cachorro, o que gera a oposição de muitos ativistas e a queixa de moradores sobre medidas do governo que fizeram o evento ser mais discreto.

Todos nós que adoramos cachorros nos sensibilizamos com o que acontece no festival, já que milhares de cães são mortos para serem consumidos. A reação dos defensores de animais foi imediata na edição deste ano, realizada este mês. Os ativistas entregaram às autoridades chinesas uma petição com 11 milhões de assinaturas contrárias à crueldade da celebração.

Muitos ativistas compraram animais expostos no mercado central da cidade para evitar que eles fossem, literalmente, para a grelha. “Os cães sãos os melhores amigos do homem, os mais leais. Como podemos comer nossos amigos? Me digam”, revolta-se Yang Yuhua, um ativista de direitos dos animais chinesa. Yang gastou cerca de mil iuanes (150 dólares) para comprar dois cachorros enjaulados no mercado, evitando, assim, a morte deles.

Já os vendedores esperam fazer bons negócios durante o evento deste ano, já que há muitas pessoas que gostam de comer carne de cachorro. Como diz um vendedor de sobrenome Zhou, “é um hábito seu, um hábito meu”. As vendas da carne, embora, realizadas a céu aberto, não são tão explícitas nos restaurantes locais especializados, onde não se encontra a expressão chinesa “carne de cachorro”.

Tanto os moradores quanto os vendedores de Yulin garantem que os cães são mortos de uma forma respeitosa. Entretanto, os ativistas dizem que eles são mortos brutalmente e em público e, em alguns casos, chegam a ser espancados e até cozidos ainda vivos.

No festival, são vistas gaiolas pequenas nas quais os cães são mantidos. Em algumas fotos veem-se animais com coleiras, o que sugere que eles eram animais de estimação que podem ter sido roubados de seus donos.

A venda e o consumo de carne de cachorro são legais na China, onde se estima que cerca 10 milhões de cães são mortos para o consumo humano anualmente. A naturalidade disso é reforçada no tradicional evento em Yulin, onde muitos restaurantes servem pratos de cães e pessoas viajam para a cidade para dele participar.

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Tanto que uma pesquisa realizada com pessoas entre 16 e 50 anos mostrou que 64% delas dizem apoiar o fim do festival. “É constrangedor para nós que o mundo erroneamente acredite que o festival de Yulin, brutalmente cruel, seja parte da cultura chinesa”, disse Qin Xiaona, diretor da Associação de Caridade Capital Animal Welfare, um dos muitos grupos que encomendou a pesquisa.

Embora haja questões culturais, às vezes, difíceis de serem entendidas, causar dor, dano e morte a um animal não pode ser considerado algo natural. É importante que quem come carne saiba como ela chega ao seu prato. Assim qualquer um, conscientemente, pode optar por não mais comê-la. Qualquer pessoa minimamente sensível se opõe a um ato de violência contra animais. A diferença, talvez, é que hoje lidamos com a alimentação de uma forma muito diferente da dos nossos avós.

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Fonte: oglobo




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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