Metais pesados em meio aos corais em Abrolhos por causa da tragédia em Mariana


O que era temido aconteceu: a lama de rejeitos da barragem que rompeu em Mariana, em 2015, afetou o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no sul da Bahia.

Segundo reportagem exibida no G1 Bahia, uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apresentou um relatório com mais de 50 páginas de análises sobre a presença de metais pesados na região, entre eles zinco e cobre. Essa pesquisa apontou que os corais do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, foram contaminados pela lama que causou danos bioquímicos.

O coordenador da pesquisa, Heitor Evangelista, criou uma página no Facebook para monitorar a dispersão das águas do Rio Doce até o mar, pois ele percebeu que os rejeitos poderiam chegar até o Parque de Abrolhos. Ele entrou em contato com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) para programar uma coleta de duas colônias no arquipélago.

Após as análises, Heitor detectou um pico enorme de metais pesados no meio dos corais, dentre eles o cobre e zinco, além do arsênico, os quais são muito tóxicos e aos quais os corais são sensíveis.

Paralelamente, o Projeto Coral Vivo, no sul da Bahia, identificou um branqueamento dos corais, o qual é causado devido ao aumento da temperatura. Segundo a coordenadora do projeto, Flávia Guebert, isso indica que os corais não estão saudáveis, pois trata-se de uma reação de defesa, causada pelo estresse.

Esse branqueamento dos corais é uma resposta a algum evento que ocorre no oceano. Devido a isso, os corais expulsam uma microalga de dentro deles, que os fazem ficar transparentes, expondo seus esqueletos.

Flávia explica que os corais não estão mortos, mas a recuperação deles pode não acontecer se esse evento se prolongar por muito tempo. Esse evento global afeta toda a cadeia, desde o pescado, até o turismo na região, que é atraído pelos corais.

Parque Nacional Marítimo de Abrolhos

O Parque Nacional Marítimo de Abrolhos foi criado em 1983, onde vivem 1.300 espécies, das quais 45 são ameaçadas. Nele está o maior banco de corais e a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, o que fez até com que Charles Darwin visitasse o local em 1832, por causa da riqueza ambiental do lugar.

A conservação do parque permite a procriação de espécies, o que contribui para a manutenção da pesca em regiões vizinhas, servindo como meio de subsistência para mais de 20 mil pessoas, afirma o ICMBio.

Além dos corais, essa contaminação também pode ter efeito na taxa de crescimento, no processo relacionado à bioerosão e na reprodução das espécies. Por isso será necessário um monitoramento constante na área, pois futuramente pode acontecer de outras espécies também apresentarem sintomas em decorrência dessa contaminação.

Com relação aos responsáveis pela tragédia, a Samarco informou em reportagem ao UOL que a responsabilidade do monitoramento da água é da Fundação Renova. Esta, por sua vez, disse que não teve acesso ao relatório do estudo do monitoramento conduzido pela Rede Rio Doce Mar, mas que irá avaliar se ele pode auxiliar no esclarecimento dos problemas apontados.

Enquanto isso, pescadores, índios e demais moradores das regiões afetadas presenciam a morte que se espalha e contamina rios e mares, tirando deles uma das poucas formas de sobrevivência que possuem, a pesca. As imagens após a tragédia, além de serem chocantes nos faz refletir: e se fosse você nessas condições? O que você faria? Pense nisso!

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Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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