Aguapé: a planta brasileira que pode despoluir rios em todo o mundo


Você sabe o que é um aguapé? Pois essa planta, originária da Amazônia, pode ser a solução para a poluição de rios em todo o mundo.

O aguapé (Eichhornia crassipes), também conhecido como “praga verde”, pode despoluir rios e, também, produzir etanol e materiais plásticos.

A planta é considerada uma espécie invasora, tanto que em represas de São Paulo têm havido problemas de navegação e em suas turbinas de geração de energia, conforme explicou ao BBC, Alcides Lopes Leão, pesquisador da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Já Parvez Haris, professor da Escola de Ciências Aliadas da Saúde na Universidade Montfort (Inglaterra), diz que, por ser uma planta que cresce muito rapidamente, ela pode tornar-se um problema maior por causa do aquecimento global. Entretanto, o melhor seria encontrar formas de conviver com ela de forma útil, já que o aguapé é muito eficaz na retenção de toxinas da água.

Há alguns anos, foram feitos experimentos com o aguapé como despoluidor de rios, mas eles acabaram dando errado: a planta proliferou-se desenfreadamente e o resultado foram rios entupidos, impossibilitados de serem usados para a pesca e a navegação.

Entretanto, uma parceria entre pesquisadores britânicos e brasileiros pode reverter essa experiência negativa com o aguapé.

Biorremediação

A revista científica Nature publicou, recentemente, um artigo demonstrando os resultados de um experimento com o aguapé feito em um trecho do rio Nant-y-Fendrod, em Swansea, no País de Gales, no Reino Unido.

Entre 1720 e 1960, a região foi um centro mundial na produção de cobre, cujos dejetos foram para os rios. “Isso teve impacto na ecologia do rio, peixes e vegetação da área foram afetados. Entre as substâncias presentes na água estão zinco, níquel e cádmio. Desde 1961, as autoridades locais tentam remover os dejetos, mas a água continua contaminada”, disse Haris.

Sob a orientação do pesquisador, uma investigação foi desenvolvida usando a biorremediação para despoluir o rio. Trata-se de um processo no qual organismos vivos (micro-organismos ou plantas, geralmente) são usados para recuperar áreas poluídas. O organismo vivo, nesse caso, é o aguapé brasileiro.

No experimento, cerca de 4% do zinco e 5% do cádmio foram removidos da água, assim como ocorreu com outros metais, como: manganês, arsênico e chumbo.

Ciência

Vale ressaltar o trabalho científico conjunto entre Brasil e Reino Unido para o sucesso do experimento. Parte dessa parceria prevê replicar o experimento em larga escala no Brasil.

Por isso, é tão importante o investimento em ciência, para que ele seja usado para melhor a nossa vida e a do planeta!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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