Garimpo ilegal na Amazônia: mais um caso de crime ambiental no Brasil


Uma alarmante de Fabiano Maisonnave para a Folha de S. Paulo coloca em foco um desastre ambiental silencioso: mais de 200 km de lama cruzam a Floresta Amazônica.

Não é só a lama do Rio Doce que coloca em evidência o descaso das autoridades políticas sobre a causa ambiental. O garimpo ilegal, ou melhor, os megagarimpos estão ocorrendo dentro da Terra Indígena (TI) Munduruku e na Floresta Nacional do Crepori, no Pará. Longe dos holofotes e coberturas midiáticas, essa megaexploração que vem contaminando o rio Tropas tem sido realizada de forma silenciosa, mas não para os índios.

Como os índios da região não aguentam mais esperar por uma ação governamental, eles mesmos resolveram expulsar os garimpeiros “brancos” da região. A etnia mundurucu, que já esteve no enfrentamento de Belo Monte, está novamente com armas na mão para impedir mais uma tragédia ambiental no país.

Os relatos às margens do Tropas é de que ele já não dá mais água e alimento, visto que há várias décadas o garimpo é uma atividade na região. O único braço do Estado presente é uma escola, que hoje é usada como alojamento pelos garimpeiros. Além da questão ambiental, a fala de um dos garimpeiros deixa claro que eles usam o ouro para fomentar a prostituição local, que, como sabemos, alicia, inclusive, menores de idade.

A reportagem da Folha tentou entrar em contato com a Funai, mas não obteve resposta. O órgão é visto com desconfiança pelos mundurucus e outros órgãos do Estado. O Ministério Público Federal de Santarém pediu à Justiça Federal que obrigue a Funai e ICMBio a fiscalizarem, no prazo de até 30 dias, o garimpo ilegal na TI Munduruku.

A ICMBio diz que a situação não está descontrolada, mesmo admitindo que 306 hectares foram desmatados pelo garimpo na Floresta Crepori. Tanto esse órgão quanto a Agência Nacional de Água (ANA) afirmam que não há estudos legais sobre o impacto do garimpo na TI.

Até a Força Aérea Brasileira (FAB) foi acionada para averiguar os casos de usos de pistas de voo clandestinas na região, mas, segundo o órgão, a responsabilidade pela fiscalização dessas pistas é da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que, por sua vez, recebeu tais informações como denúncias, mas “lavando as mãos”, haja vista que sua resposta à reportagem da Folha foi que tampouco tem como fechar pistas clandestinas de garimpo.

O Ibama afirma que, para resolver os problemas socioambientais praticados em toda a Amazônia, é preciso que haja responsabilização criminal dos envolvidos, o que dificilmente é feito pela Justiça.

Mais um caso de crime ambiental no Brasil, sem que haja comprometimento em preservar o meio ambiente e criminalizar os culpados.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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