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É muito complicada a questão do Rio São Francisco e, politicagens à parte, o que mais me preocupa é o futuro das águas de lá.
Claro que é bom demais que chegue água doce onde antes só tinha seca mas, é preciso ter claro que essa água tem preço, e nem vai chegar em todo lado que precisa. E o preço não é só em reais na conta do fim do mês, o preço também é na entrada do mar rio adentro.
O que você sabe sobre o projeto de Transposição de águas do Rio São Francisco lá no distante Nordeste Setentrional? Talvez, como eu, você até tenha acompanhado essa luta que já tem décadas. E também as pequenas cisternas que foram abertas pelo sertão afora, as albufeiras que foram construídas para impedir que povo e gado morresse de sede e os ainda poucos, canais que levam a boa e santa água para os locais mais distantes da calha do rio.
Com certeza você também viu – tá em qualquer mapa digital de hoje em dia – que as melhores terras, mais produtivas e prometedoras, estão na beira dos rios e pertencem, vejam só, à empresas grandes.
Quer dizer, o pequeno produtor, como sempre neste sistema, ficou de escanteio – já era de se esperar – lá prô fim do sertão, e torcendo para que as políticas públicas levassem poços, albufeiras, caixas d’água ou que seja, caminhão pipa, para encher seus baldes e saciar a sede dos bodes no campo.
Lendo esse artigo do Roberto Malvezzi, da Pastoral da Terra fica aquele nó no estômago porque, o certo é que a água está correndo, e faltando, e muito. E a seca atual já dura um tempão e, como sempre, não tem prazo para acabar.
Então, veja só:
Essa matéria aqui, da Folha de São Paulo falou da seca que, segundo eles, já dura cinco anos. E daqueles que não ficam no caminho das águas, para os quais é preciso que sejam feitas adutoras – previstas num primeiro momento mas, deixadas de lado pois, o técnico vira político e se perde no projeto.
Não! Absolutamente, não me interessa quem é o pai da criança – o que me interessa é que seja feito direito, que o dinheiro não escoe pelo ralo, que o povo deixe de morrer à míngua de água e atendimentos, que o cerrado seja protegido pois, sem cerrado não haverá água para ninguém. E que, nesse vai-e-vem de ocupação das terras, a caatinga também está sendo extinta, apesar da sua enorme importância para o Brasil.
RIO SÃO FRANCISCO – A EXTINÇÃO DA CAATINGA (ESTUDO)
E, se não for pedir demais, dê uma lida aqui nessa entrevista com Altair Sales Barbosa pois, para ele a transposição que até nem é uma ideia ruim (para irrigar áreas secas) vai concluir com a morte do rio (eu me pergunto se vale a pena perder o São Francisco).
É dureza a gente ter que manter a cabeça fria quando tem tanta gente morrendo de sede sertão adentro e, ao mesmo tempo, o agronegócio, produtor monocultural de algodão, soja e milho transgênico, é o grande bebedor das águas boas das nascentes. E, de repente, 10 anos depois de um projeto ser batalhado a gente se dá conta de que os pequenos canais e albufeiras prá gente pobre ficaram pelo caminho, que as inaugurações são para grandes canais principais que vão levar água cara até o agronegócio. E continua a seca do Nordeste.
MAIOR RESERVATÓRIO DE ÁGUA DO NORDESTE SOFRE COM SECA HISTÓRICA
Categorias: Ambiente, Informar-se
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