Rio Doce: a fauna que perece entre as boias da Samarco


Boias para contenção de óleo, flutuante, nunca vão servir para conter lama. Isso já se sabia!

A ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, bióloga de formação, reconheceu agora que, afinal, muitas espécies da fauna vão mesmo morrer no mar de lama criado pela inépcia da Samarco, apesar dos “esforços” governamentais para se conseguir a mitigação dos impactos.

Recordando: a barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), estourou no dia 05 de novembro. Nenhuma sirene se ouviu, não havia sirene para avisar a população de que esta corria risco de vida. Nenhum plano de emergência para contenção dos rejeitos. Não havia, como não há, plano de contenção depois da boiada estourar. As propostas que surgiram enquanto a lama, lentamente, matava o Rio Doce, foram todas desconsideradas. Lembro especialmente de uma proposta que era, desviar toda a lama que escorria pelo leito do rio para uma cratera existente em Aimorés – sei lá, podia ter sido uma solução de menor impacto do que a escolhida, deixar a lama escorrer para o mar.

Mas agora, não tem jeito – como disse a ministra, a lama ainda nem acabou de cruzar todo o Rio Doce. Já chegou ao mar, sabemos, e até já atingiu o litoral baiano, por força dos ventos que a empurra ao norte.

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E a história das boias da Samarco?

Claro, depois do presidente da Samarco correr para se munir de um habeas corpus preventivo – baita medo que ele tem, não? – o Ministério Público exigiu a adoção de medidas de proteção ao estuário do Rio Doce, e daí veio a ideia, miraculosa, de que boias para contenção de óleos flutuantes serviriam para conter lama também. Só que não!!!

A lama de rejeito de mineração de ferro, como explica o engenheiro Alexandre Valente, é bastante densa (pesa mais de 2kg por litro) e composta por partículas muito finas (granulometria baixo de 0,01 mm), ou seja, não flutua como óleo. Então, essa medida foi mais “para inglês ver” do que para satisfazer alguma necessidade técnica real. Dinheiro jogado na lama. Troco da mineração para abafar os gritos do povo.

E a Samarco, para se defender diz que contratou uma consultoria especializada em gerenciar grandes impactos. Sim, contratou a Golder Associates, empresa canadense expert na gestão de impactos sociais e de opinião pública. Pense você, então, o que é que eles querem? Enrolar a gente, claro!

A lama chegou ao mar, a lama continua no rio, a lama já está secando no solo de Mariana, a lama, que é uma sopa mineral e agora, um caldo de bactérias acrescido dos inúmeros cadáveres que por ela boiam, essa lama tem um elevado teor em alumínio, ferro e manganês. O alumínio em excesso é um fitotóxico em solos ácidos, o manganês em excesso causa inúmeros problemas aos seres vivos nas águas e no solo, o ferro em excesso afeta a fotossíntese e aumenta a proliferação de algas. Assim, esta situação é uma bola de neve, com inúmeras reações encadeadas que não são mitigadas pois, os poderes, estadual e federal, não conversam entre si e, muita gente está interessada em preservar a “imagem” da mineração.

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Fonte fotos: Governo do Espírito Santo




Redação greenMe

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