ONU alerta para o aumento da pobreza no mundo


O uso excessivo de pesticidas e as alterações climáticas ameaçam as terras agrícolas de todo o mundo e todos nós que consumimos alimentos oriundos dessas terras. Por isso mesmo, a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO/ONU) fez um alerta esta semana sobre a urgência de o setor agrícola adaptar-se às alterações climáticas, que podem provocar a miséria de 122 milhões de pessoas.

A FAO divulgou o relatório “O estado da Alimentação e da Agricultura”, que alerta sobre o aumento de pessoas em risco de pobreza até 2050, caso não sejam controladas as alterações climáticas. O diretor-geral da organização, José Graziano da Silva, afirmou que: “A menos que sejam tomadas medidas agora para tornar a agricultura mais sustentável, produtiva e resiliente, os impactos das alterações climáticas vão comprometer gravemente a produção alimentar em países e regiões que já enfrentam uma alta insegurança alimentar”, segundo informa a EBC.

A preocupação destacada pelo estudo deve-se à estimativa de que cerca de milhões de pessoas em todo o mundo passem a integrar a faixa de pobreza em decorrência, sobretudo, dos impactos provocados pelo aquecimento global. Os mais afetados seriam aqueles que já passam extrema necessidade, como as populações das regiões mais pobres da África subsaariana e do Sul e Sudeste Asiático – em geral, pessoas que dependem essencialmente da agricultura para sobreviver.

O diretor-geral da FAO argumenta que a alteração climática e a pobreza precisam ser tratadas conjuntamente “porque aqueles que hoje mais sofrem são os que menos contribuíram para as alterações climáticas”.

O que fazer para evitar que milhões de pessoas sejam ainda mais afetadas pela fome?

O relatório da FAO coloca como solução o que já foi discutido no Acordo de Paris, em 2015: a necessidade de reduzir em 70% as emissões de gases de efeito estufa. Segundo a FAO, essa redução precisa ocorrer até 2050, a fim de que a temperatura global se mantenha abaixo do teto de 2ºC. Só assim será possível contribuir para o setor agrícola e evitar que a fome se alastre mais ainda pelas regiões mais pobres do planeta.

Os setores agrícolas têm um complexo problema a resolver: precisam tanto reduzir as emissões de gases de efeito estufa como aumentar a produção de alimentos, já que se estima que, em 2050, a demanda por alimentos será 60% maior do que em 2006.

Para atuar nesse cenário que parece sem saída, o relatório da FAO afirma que é preciso reformular os sistemas alimentares. A dificuldade nessa tarefa é devido a vários fatores, tais como: a quantidade de partes envolvidas e a diversidade dos sistemas agrícolas relacionada a diferentes ecossistemas. É necessário um trabalho conjunto que modifique a agricultura e que vise a impactar os pequenos proprietários, onde, nos países em desenvolvimento, correspondem a cerca de 475 milhões de famílias que vivem em diferentes contextos socioeconômicos e produzem alimentos de formas muito diversas.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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