Estudo propõe que dieta vegana preservaria florestas e evitaria o desmatamento


Aumentam os estudos que afirmam que as dietas ricas em carne são insustentáveis para o planeta.

Uma pesquisa publicada na revista científica Nature Communications afirma ser cada vez mais difícil alimentar toda a humanidade sem devastar florestas para transformá-las em áreas de plantação.

Os autores do estudo, que são do Instituto de Ecologia Social de Viena (Áustria), dizem que o desmatamento não é a única solução para produzir alimentos suficientes para a população mundial, a depender de seus hábitos alimentares.

Os cientistas desenharam 500 cenários diferentes para uma produção sustentável de alimentos até 2050, mantendo as florestas. Para 100% dos cenários serem viáveis, todos os habitantes do mundo teriam que adotar uma dieta vegana, isto é, sem produtos de origem animal.

Se toda a população do planeta se tornasse vegana, 94% dos cenários de produção sustentável seriam possíveis. Adotando uma dieta combinada, cerca de 60% dos cenários seriam viáveis. Já mantendo a atual dieta ocidental, que tem altos níveis de consumo de carne, apenas 15% dos cenários seriam viáveis.

Segundo Karlheinz Erb, líder da equipe de cientistas, para traçar os cenários foram considerados vários fatores, incluindo tecnologias agrícolas, sistemas pecuários, extensões de plantações e a variedade de dietas humanas.

“De acordo com nossa análise, o comportamento nutricional humano é o componente mais importante. Se a população mundial tivesse uma dieta vegana, todas as combinações de parâmetros seriam factíveis, mesmo aquelas com os níveis mais baixo de rendimento e de expansão das plantações”, explica Erb.

Embora não se possa contar com uma mudança total da dieta de toda a população mundial, a análise mostra o impacto das dietas nas futuras opções de desenvolvimento do planeta. Os resultados da pesquisa mostram que preservar as florestas é muito difícil se os produtos animais continuarem a ser consumidos.

No entanto, a pecuária não é totalmente ruim. O uso dos pastos podem também ser benéficos se a criação de gado ocorrer, segundo Erb, em uma área que não pode ser usada para a agricultura, contribuindo, pois, para a disponibilidade de alimentos. Entretanto, o efeito benéfico se perde se os animais forem predominantemente alimentados com produtos agrícolas.

“O objetivo de fornecer comida suficiente para toda a população global – algo que ainda não foi atingido – significa que o uso da terra terá que ser expandido para áreas como pastagens naturais – que atualmente são usadas para agricultura de subsistência e que abrigam uma considerável fração da biodiversidade global. Por outro lado, também significa um imenso aumento dos fluxos globais de comércio de comida, já que muitas regiões não são capazes de alimentar sua população domesticamente, mesmo em um mundo no qual a produção média seja suficiente”, afirma Erb.

A pesquisa é importante, também, para as Organizações das Nações Unidas (ONU) traçarem seus objetivos alimentares. Erb explica que “os resultados ilustram que os objetivos desenvolvidos para proteger as florestas, centrais para a proteção do clima e para a conservação da biodiversidade, não entram necessariamente em conflito com a segurança alimentar da população mundial”.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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