Pare de odiar as pombas! Especialistas advertem para que deixemos de tratá-las como pragas


Aqui no Brasil, assim como em outros países, existe uma visão muito distorcida sobre as pombas. Por exemplo, existem cidades onde as autoridades públicas lançam campanhas absurdas, visando exterminá-las. A razão atribuída para tal crueldade, é a de que elas causam doenças, e por isso, são consideradas pragas.

Tal justificativa não condiz com a verdade dos fatos. Nesta história, as pombas são as vítimas e não as vilãs.

Neste conteúdo, vamos desmistificar os falsos estigmas e mitos, que foram criados colocando em perigo a vida dessas aves.

Em defesa das pombas, existe uma página no Instagram chamada propriamente “Salvem As Pombas”.

A página diz: são “Aves LIMPAS, AMISTOSAS, INTELIGENTES e que NÃO CAUSAM DOENÇAS!

Quem é que causa doenças?

Há quem diga que pombas são sujas, causadoras de doenças e, por isso, as tratam como pragas.

Quem tem essa visão, provavelmente não leva em conta o lixo espalhado na rua, o chiclete jogado na calçada, o resto de sanduíche deixado no banco da praça, o copo descartável com vestígio de suco largado no chão… todas ações dos seres humanos!

Essas atitudes causam e proliferam a sujeira, infectam o meio ambiente, além de atrair aves e animais que, por terem ficado sem os seus habitats naturais, acabam ingerindo lixo e vestígios de alimentos.

Segundo um post do “Grupo de Assistência a Aves Sinantrópicas” no Facebook, em termos científicos, não existe doença específica de pombo pois, se houvesse, estaria catalogada no CID 10–Código Internacional de Doenças.

Além disso, os microrganismos estão em toda parte e, também, no organismo de outros animais e dos seres humanos.

O contágio por doenças associadas às fezes dos pombos está mais atrelado à falta de cuidado com a saúde e a higiene.

Salvem as Pombas!

Para levar esclarecimentos em defesa destas aves, o projeto Salvem as Pombas foi criado pela ativista pelos direitos dos animal, Fernanda Juliana. O projeto tem parceria com a ONG de proteção aos animais, a Soama – Sociedade Amigos dos Animais.

O objetivo do projeto é despertar nas pessoas a compaixão e o respeito às pombas, que são tão discriminadas em cidades brasileiras.

Essa iniciativa visa fazer as pessoas perceberem que as pombas vêm sendo perseguidas por informações distorcidas.

O extermínio de pombas é cruel e ineficaz

Ações de remoção e extermínio de pombas são ineficazes pelos seguintes motivos:

  • Pessoas saudáveis e com boa imunidade, apresentam elevada resistência às doenças decorrentes dos fungos encontrados em fezes de pombos.
  • Não se deve encarar a presença das pombas nas cidades como risco sanitário, pois não há embasamento científico que justifique a remoção ou eliminação delas. Tanto é que nas grandes capitais europeias onde as pessoas convivem há séculos com pombos, não existem evidências de surtos de criptococose ou outras doenças atribuídas à estas aves.
  • Exterminar pombas não diminui a ocorrência de criptococose e demais doenças relacionadas às fezes destas aves e, além disso, exterminá-las é um ato extremamente cruel que pode ser evitado com outras ações (veja logo mais abaixo).

O que dizem as autoridades científicas

Várias autoridades do mundo médico científico se opõem às distorções que são divulgadas sobre as pombas:

Charlotte Donnelly, especialista norte-americana em controle de aves, disse em um relatório do Conselho Consultivo de Meio Ambiente de Cincinnati:

“A verdade é que a grande maioria das pessoas corre pouco ou nenhum risco à saúde por causa dos pombos, e provavelmente tem maiores chances de se serem atingidas por um raio do que contrair uma doença grave de pombos.“

Mike Everett, porta-voz da “Royal Society for Protection of Birds” afirmou:

“Não há evidências que mostram que eles (pombos) espalham doenças “.

O médico veterinário David Taylor declarou:

“Em 50 anos de trabalho profissional como cirurgião veterinário, não me lembro de um caso de zoonose em um ser humano que fosse relacionado a pombos”.

Mira J Leslie, veterinária estadual de saúde pública do estado do Arizona enfatizou.

“Nós nunca documentamos uma doença transmitida pelas pombas aos humanos no estado do Arizona.”

Medidas profiláticas e preventivas sem crueldade animal

Existem formas éticas e sem crueldade de adotar medidas preventivas para combater a proliferação de doenças pelo contato com as fezes das pombas, e também de outros animais, tais como:

  • Evitar a domiciliação de pombas nas residências
  • Evitar alimentar as pombas
  • Vedar frestas e espaços que conduzam ao telhado, porão, sótão ou outro local para evitar entrada de aves e morcegos
  • Colocar barreiras físicas em locais onde as aves costumam empoleirar-se tais como: beirais, sacadas entre outros
  • Caso haja acúmulo de fezes de pombas, é recomendável umedecê-las antes de retirá-las para evitar a formação de poeira e a contaminação por fungos causadores de doenças. Também é bom durante esta limpeza, o uso máscara facial do tipo cirúrgica e luvas.
  • Evitar contato físico com locais que tenham excesso de acúmulos de fezes de pombos, morcegos e outros pássaros
  • Como já acontece em países europeus, é possível realizar o controle populacional das pombas em centros urbanos, utilizando estratégias associadas a métodos contraceptivos que não causam danos a estas aves
  • Não deixar o lixo exposto
  • Vale acrescentar para quem tem animais de estimação, de não deixar o alimentos de seus pets em locais em que pombas ou ratos possam ter acesso

Responsabilidade Humana

É mais fácil culpar as pombas do que o ser humano assumir a responsabilidade pelo desequilíbrio que vem causando ao meio ambiente, com o desmatamento e o excesso de urbanização. Fatores estes que obrigaram as aves e outros animais a se adaptarem às condições das cidades, e ainda serem alvo da ignorância das pessoas.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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